quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Caftorim , Creta e os minoicos

 Cristiano De Mari

     Caftorim, que a tradição patriarcal histórico-religiosa coloca como o pai gerador dos Cretenses, foi um personagem bíblico do Antigo Testamento. É mencionado como um dos filhos de Mizraim ( Egito), sendo, portanto, neto de Cam e bisneto de Noé. Têm-se identificado Caftorim com a ilha de Creta, no Mediterrâneo e seus habitantes seus descendentes.

     Mas, segundo algumas análises genéticas recentes, os Cretenses teriam descendência caucasiana, ou seja, se houve um primeiro extrato racial do norte africano ou mesmo do Oriente Médio, este foi sendo depois misturado por migrações de populações que chegavam com DNA de origens europeias.

     Isso colabora um pouco segundo outras teorias que consideram os Cretenses como descendentes do patriarca Tubal, filho de Jafet ( que originou os europeus ) e neto de Noé. Desse patriarca, como mencionado várias vezes, teriam-se originado muitos povos ( desde Minoicos, Itálicos, ibéricos e etc...).Inclusive nas suas ondas migratórias navegaram pelo Mar Mediterrâneo atingindo suas costas litorâneas desde a Ásia Menor, Grécia, Itália até o sul da Espanha e Portugal.


      Provavelmente, os Cretenses eram um povo bastante mesclado. A ilha pela sua localização, bem no centro do Mediterrâneo oriental, próxima da Grécia, Egito e Palestina era um ponto de convergências.

      A Civilização Minoica/Cretense teria chegado até Creta navegando a partir da Ásia Menor, segundo alguns pesquisadores. Os que sustentam origens norte africanas , a partir daí então.

       Essa civilização tem também em certo grau,  parentesco com o antigos  micênicos (Aqueus, de Quitim , filho de Javan) os primeiros gregos a habitar em na Grécia continental mas que também deixaram sua presença física e genética nas ilhas do mar Egeu, inclusive em Creta. Lembrando que com o colapso dos Cretenses, os invasores micênicos ocuparam a ilha depois.

      Voltando para o estudo, a análise do DNA revelou as origens dos minoicos, que há cerca de 5.000 anos estabeleceram a primeira civilização avançada da Idade do Bronze na ilha de  Creta. As descobertas sugerem que eles surgiram de uma população ancestral do Neolítico que chegou à região cerca de 4.000 anos antes.



      O arqueólogo britânico Sir Arthur Evans, no início de 1900, nomeou os minoicos (o mesmo que Cretenses)em homenagem a um lendário rei grego, Minos. Com base nas semelhanças entre os artefatos minoicos e os do Egito e da Líbia, Evans propôs que os fundadores da civilização minoica migraram do Norte da África para a área. Desde então, outros arqueólogos sugeriram que os minoicos podem ter vindo de outras regiões, possivelmente da Turquia, dos Balcãs ou do Oriente Médio.

       Agora, uma equipe de pesquisadores nos Estados Unidos e na Grécia usou a análise do DNA mitocondrial de restos de esqueletos minoicos para determinar os prováveis ancestrais desses povos antigos.

     Os resultados publicados em 14 de maio na Nature Communications sugerem que a civilização minoica surgiu da população que já vivia na Idade do Bronze em Creta. As descobertas indicam que estas pessoas eram provavelmente descendentes dos primeiros humanos que chegaram a Creta, há cerca de 9.000 anos, e que têm a maior semelhança genética com as populações europeias modernas.

     George Stamatoyannopoulos, professor de medicina e ciências do genoma da Universidade de Washington, é o autor sênior do artigo. Ele acredita que os dados destacam a importância da análise de DNA como ferramenta para a compreensão da história humana.

     Observou ele:


“Há cerca de 9.000 anos, houve uma extensa migração de humanos neolíticos das regiões da Anatólia que hoje compreendem partes da Turquia e do Médio Oriente. Ao mesmo tempo, os primeiros habitantes do Neolítico chegaram a Creta.”

Ainda: 

“Nossa análise de DNA mitocondrial mostra que as relações genéticas mais fortes dos minoicos são com esses humanos neolíticos, bem como com os europeus antigos e modernos”, explicou. 


     Stamatoyannopoulos e a sua equipe de investigação analisaram amostras de 37 esqueletos encontrados numa caverna no planalto Lassithi, em Creta, e compararam-nas com sequências de DNA mitocondrial de 135 populações humanas modernas e antigas. As amostras minoicas revelaram 21 variações distintas de DNA mitocondrial, das quais seis eram exclusivas dos minoicos e 15 foram compartilhadas com populações modernas e antigas. 

       Análises mais aprofundadas mostraram que os minoicos tinham parentesco apenas distante com as populações egípcia, líbia e outras populações do norte da África. 

Quando plotada geograficamente, a variação compartilhada do DNA mitocondrial minoico foi mais baixa no Norte da África e aumentou progressivamente no Oriente Médio, no Cáucaso, nas ilhas do Mediterrâneo, no sul da Europa e na Europa continental. A maior porcentagem de variação compartilhada do DNA mitocondrial minoicos foi encontrada em populações neolíticas do sul da Europa.


Realizações dos antigos Cretenses 




      A Civilização Minoica surgiu durante a Idade do Bronze Grega em Creta, a maior ilha do mar Egeu, e floresceu aproximadamente entre o século XXX e XV a.C ( 3000 a 1500 a.C.). Foi redescoberta no começo do século XX durante as expedições arqueológicas do britânico Arthur Evans. O historiador Will Durant refere-se à civilização como "o primeiro elo da cadeia europeia".

      A cidade-estado que comportou o centro da civilização cretense foi Cnossos. Nessa cidade, o palácio do rei constituía o ponto central de onde partia toda a organização da cidade. Além de ser uma construção monumental, o palácio cretense era uma complexa obra de engenharia. Sua estrutura contava com aquedutos construídos com terracota que irrigavam água a quilômetros de distância. Seu interior foi especialmente projetado para comportar toda a família real e todos os subalternos que gestavam a administração da cidade. Além disso, as paredes dos recintos interiores do palácio eram cuidadosamente ornamentadas e pintadas com a técnica do afresco.

     Dentre os principais produtos comercializados pelos Cretenses estavam : joias, tecidos, armas, e objetos de bronze.

     Os governantes Cretenses eram conhecidos como Mino, que tem o mesmo significado de Rei.Esse rei, ou o Mino, tinha a função de chefe político, mas também tinha seu poder ligado a um chefe religioso, e para abrigar uma personalidade tão importante como essa, foram construidos vários grandiosos Palácios. Esses palácios tinham como caracteristicas algumas “armadilhas” para que pudessem evitar algumas invasões. Dentre elas estavam os labirintos.

      De acordo com a mitologia grega, esses labirintos foram construídos para abrigar uma temida criatura selvagem denominada como Minotauro, que seria metade homem e metade touro, e que até hoje reside em nosso imaginário.

       Em meio a todo esse desenvolvimento social que podemos perceber, é válido citar também o desenvolvimento da escrita. Foram encontrados vestígios dessa escrita, nominada de Linear A, em várias placas de argila, parecendo muito com a escrita dos egípcios, além de uma segunda escrita a Linear B, assim batizada.

      No aspecto religioso, os cretenses adoravam como principal divindade a “deusa mãe” que era símbolo da fertilidade, e por adorarem uma divindade feminina, a sociedade cretense dava uma grande importância às mulheres.

      Praticavam cultos taurinos e nas festividades religiosas homens faziam acrobacias no lombo dos touros.O touro era considerado animal sagrado.

     Já o declínio de sua sociedade se deu justamente por causas naturais como terremotos, erupções vulcânicas e tsunamis e a partir disso a sociedade cretense ficou enfraquecida e incapaz de se defender de invasões de outros povos.


Fontes :


Bíblia Sagrada

https://www.washington.edu/news/2013/05/14/dna-analysis-unearths-origins-of-minoans-the-first-major-european-civilization/

https://www.science.org/content/article/greeks-really-do-have-near-mythical-origins-ancient-dna-reveals?fbclid=IwAR2P9LM28BV6MA6-3JxvI-nLLW7WudXSntjIQNjiMbwhF4w2ndQiMMtR-4M#:~:text=Modern%20Greeks%20share%20similar%20proportions,from%20later%20migrations%20to%20Greece

Antiguidades Judaicas, Flávio Josefo

https://www.google.com.br/amp/s/www.historiadomundo.com.br/amp/idade-antiga/civilizacao-cretense-micenica.htm