quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

A originalidade em Gênesis mediante alguns paralelismos mitológicos

 Cristiano De Mari 


       A história da criação do universo, do mundo e do ser humano narrada em Gênesis é considerada como a mais fidedigna possível. Possivelmente, ela veio dos relatos orais dos antigos clãs tribais semitas e em dado momento da história, um grupo de semitas chamados de Hebreus decidiu colocar tudo por escrito , por meio de Moisés, que era altamente instruído, visto que fora criado na corte do faraó e dominava tanto a escrita egípcia como também o aramaico.

      No tempo do exílio dos hebreus na Babilônia de 597 a 538 a.C ,  foram compilados (juntados) todos os escritos de Moisés pelos sacerdotes no que veio a transformar-se depois na Torah judaica, que praticamente é o conjunto dos 5 primeiros livros bíblicos chamado de Pentateuco.

     De todas as histórias antigas da criação, a do Gênesis é a única que apresenta um Deus monoteísta criador no início de tudo, antes da própria criação da matéria, do espaço e do tempo. A originalidade está nessa ideia primordial da crença num Deus único e em nenhuma outra história da criação isso ocorre, as outras versões de outros povos falam de "deuses" . E é possível encontrar paralelos semelhantes nas tabuinhas Naacal encontradas na Índia, que se referem à criação do mundo , bem como sua relação com continentes desaparecidos , Atlântida, Mu e Lemúria.

      Na página 15 do livro, O continente perdido de MU de autoria do coronel britânico e pesquisador James Churchward diz o seguinte:

     " E quando tudo já estava feito, foi dado o sétimo mandamento:  Criemos um homem a nossa imagem e semelhança e se dê a ele o poder de reinar sobre esta terra.

       " Dessa forma, Narayana, a inteligência de Sete Cabeças, o Criador de todas as coisas do universo, criou o homem e colocou em seu corpo um espírito vivente e imperecível, e o homem tornou-se uma inteligência, como Narayana.E a criação foi perfeita."

      Na página 25 deste mesmo livro, a tradução da tabuinha número 1584, diz resumidamente:

   " O primeiro homem foi criado "duplo". Depois essa criatura foi adormecida e durante seu sono seus princípios foram divididos, e o primeiro homem se desdobrou em homem e mulher.Através do homem e da mulher, a reprodução perpetuou a raça.O mundo inteiro foi povoado por este casal."

    Algumas semelhanças com a criação do homem e da mulher em Gênesis?

       E não é só nesse texto desse brilhante livro, vejam que muitos outros relatos , inclusive fora da nossa Bíblia Sagrada apontam para situações que nela estão escritas há muito tempo. As provas de um início, da criação do mundo , da raça humana, da fauna e flora por meio de um Ser pensante( Deus) que é puro espírito está em diversos textos sagrados antigos e mitológicos. Sabendo-se extrair tudo é confirmado.

      O coronel James Churchward juntamente com um sacerdote Rishi indiano foram os que conseguiram traduzir estas tabuinhas Naacal com várias grafias simbólicas extraídas de um antigo templo hindu.Estas tabuinhas contém muitas informações valiosas sobre os relatos originais da criação.

      A criação do homem(Adão) e da mulher( Eva) e sua descendência serão os humanos antediluvianos, dos quais só sobraram a família de Noé depois do Dilúvio.

      A criação do homem(Adão) e da mulher (Eva) está no início também e sua descendência serão os humanos antediluvianos, dos quais só sobrou a família de Noé depois do Dilúvio.




     O mito sumério de Adapa, que em outras versões se chama Alulim,

(o primeiro homem), foi escrito a mais ou menos em 2.000 a.C. podendo ser milênios mais antigo o seu próprio relato oral, e é paralelo ao Adão bíblico.

    Adapa era considerado como o primeiro dos "Apkalu" que significa no plural: os sete sábios antediluvianos.

Vejamos os paralelismos:


* Ambos os sujeitos foram submetidos a um teste diante da divindade, e o teste foi baseado em algo que deveriam consumir.

* Ambos falharam no teste e, portanto, perderam a oportunidade de alcançar a imortalidade.

* Como resultado do seu fracasso, certas consequências recaíram sobre a humanidade.

* Ambos os sujeitos qualificam-se como membros da primeira geração da humanidade.

* Os seus nomes podem ser equiparados linguisticamente.


       No entanto, entre as diferenças que os pesquisadores observaram, estavam estas: 


* ** Adapa foi testado com pão e água, enquanto Adão e Eva foram testados com a fruta”. 


*** Embora ambos tenham sido condenados à morte e “esta sentença seja proferida em termos bastante semelhantes”, estes termos têm “significados bastante diferentes nos seus respectivos contextos”.


 *** A escolha de Adapa foi feita em obediência ao deus Ea, mas Adão fez sua própria escolha livre, contrária às instruções corretas. 


*** A ofensa de Adapa, em essência, foi perturbar o curso da natureza, enquanto a ofensa de Adão foi de natureza moral.”


    Concluindo, existem de fato paralelos entre Adão e Adapa e é possível ver estas duas fontes separadas como testemunhas independentes de um evento comum, que foram alterados em alguns pontos devido aos contextos locais diferentes. 


História do Éden



      Durante muito tempo, a história do Éden atraiu muita atenção acadêmica.

A história foi comparada com mitos sumérios como o de  Enki e Ninhursag, uma história paradisíaca suméria. O relato descoberto mais célebre sobre o jardim como um lugar luxuriante e onde residem os deuses é encontrado em uma literatura suméria chamada “Enki e Ninhursag”.


Resumidamente:


"A terra Dilmun( Éden) é pura, a terra Dilmun é limpa;

A terra Dilmun é limpa, a terra Dilmun é mais brilhante…

Em Dilmun, o corvo não solta gritos…

O leão não mata, o lobo não arrebata o cordeiro,

Desconhecido é o cão selvagem devorador de crianças…

Nenhuma velha diz: “Eu sou uma velha”,

Nenhum velho diz: “Eu sou um velho”.

........etc......


     Os sumérios são considerados um povo não-semita altamente talentoso, de origem possivelmente Camita, descendentes de Cam por meio de Nimrod, que se estabeleceram no baixo vale do Tigre-Eufrates por volta do 4º milênio a.C. Pela breve descrição da idílica ilha de Dilmun, ela é aparentemente semelhante ao conceito cristão de paraíso onde a vida nunca termina. A ilha ou terra é descrita como “pura”, “limpa” e “brilhante” e onde não há velhice. De acordo com a literatura suméria, esta ilha/terra foi trazida da terra pelo deus-sol Utu e transformada num verdadeiro jardim dos deuses. Aparentemente, do jardim (Dilmun) no mito sumério, era um lugar criado para deuses.


Alguns estudiosos verificaram o seguinte:


* Dilmun é uma terra “pura”, “limpa” e “brilhante”, uma “terra dos vivos” que não conhece doença nem morte. O que falta, porém, é a água doce, tão essencial à vida animal e vegetal. O grande deus sumério da água, Enki, ordena então a Utu, o deus do sol, que o encha com água doce trazida da terra. Dilmun é assim transformado num jardim divino, verde com campos e prados carregados de frutos .

      Kramer pensa que existem “numerosos paralelos” entre este mito do “paraíso divino” e a história do Éden. Ele sugere que o paraíso bíblico, “um jardim plantado a leste no Éden”, pode ter sido “originalmente” idêntico a Dilmun, “uma terra em algum lugar a leste da Suméria”. Ele também compara a “água doce trazida da terra” em Dilmun com a água doce em forma de vapor para regar a terra em Gênesis 2:6. 

Observou também que:


* O nascimento das deusas sem dor ou trabalho de parto ilumina o pano de fundo da maldição contra Eva de que será sua sina conceber e dar à luz filhos em sofrimento;


*  O fato de Enki ter comido as oito plantas e a maldição proferida contra ele por sua má ação lembram o consumo do fruto da árvore do conhecimento por Adão e Eva e as maldições pronunciadas contra cada um deles por esta ação pecaminosa.


     Kramer sustenta que esta formação literária suméria explicaria por que Eva, “a mãe de todos os viventes”, foi formada a partir da costela de Adão. No mito atual, um dos órgãos doentes de Enki é a costela (chamada de " ti " em sumério); a deusa criada para curar sua costela era chamada na Suméria de Nin-ti  palavra que vinha de “a senhora da costela”. Mas o " ti" sumério também significa “fazer viver”. O nome Nin-ti pode, portanto, significar “a Senhora que dá vida” e também “a Senhora da costela”. Através do jogo de palavras, essas duas designações foram usadas para a mesma deusa. É esse “trocadilho literário”, segundo Kramer, que explica o título de Eva e o fato de ela ter sido formada a partir da costela de Adão.

     As evidências científicas apontam que todos os seres humanos descendem de uma mulher primitiva que teria vivido na África. A Eva bíblica tem também o seu lugar na história.

      Pelas análises do DNA mitocondrial todos os humanos de hoje , independentemente da sua raça, descendem de uma mulher e que teria vivido primariamente na África( pode-se reconsiderar o local) pelos cálculos há mais ou menos 150.000 anos antes de Cristo. O DNA do cromossomo Y masculino também está presente nos mais variados povos da terra com mudanças de padrões genéticos o que confirma a alta variedade de povos existentes.

    Todas as outras histórias, lendas e mitos da criação de outros povos antigos, mesmo que em alguma ou outra versão a gente pode encontrar um resquício de monoteísmo, semelhante ao Gênesis , mesmo assim,  todas elas sem exceção apresentam um Universo que se auto gera para depois surgirem os deuses politeístas e dominarem o escopo religioso antigo.



     Não existiria assim, nenhuma influência dos mitos de criação sumérios ou babilônicos no relato da criação de Gênesis. A Suméria como um reino organizado agregado por várias cidades- estado começa em 3.200 a.C, sendo que Eridu uma cidade de origem sumeriana (descendentes de Nimrod) já em 5.400 a.C existia como vilarejo neolítico (foram encontradas 18 camadas de assentamentos) e a Babilônia como império alguns séculos depois. Portanto a origem do relato do Gênesis se dá ainda na aurora dos povos pós catástrofe em 10000 a.C aproximadamente, tendo sido escrito milênios depois por Moisés.

     Do contrário, sumérios e babilônicos e outros povos é que podem ter sido influenciados por um relato primitivo semelhante ao narrado no Gênesis, uma vez que quanto mais recuarmos no tempo a oralidade dos eventos era mais pura, visto que o tamanho populacional dos povos era menor vivendo mais próximos. Para exemplificar, a lista de reis sumérios encontrada em Eridu também fala de reis antediluvianos de grande longevidade e as histórias sobre a criação do homem através do barro da terra também são muito semelhantes , as histórias do Dilúvio, Utnapishim , Gilgamesh ou Ziuzudra são muito semelhantes o que denota uma proximidade entre os povos.

Só que, diferentemente do Gênesis eles falam de deuses no plural e não de um único Deus.

     Estes povos pegaram o relato monoteísta primordial e alteraram para sua realidade religiosa politeísta, bem como, com as lendas de surgimento de seus deuses muitas vezes foram certamente originadas de líderes de tribos, caçadores, famosos de seus tempos, pessoas comuns que talvez realizaram algo grandioso para a época em vida, tendo posteriormente sua memória endeusada."


Fontes:

https://members.ancient-origins.net/articles/eden-revisited

https://www.google.com.br/amp/s/www.ancientpages.com/2019/03/27/apkallu-seven-antediluvian-sages-created-by-god-enki-were-they-the-watchers/amp/

https://www.worldhistory.org/Garden_of_Eden/

https://biblearchaeology.org/research/flood/3050-genesis-and-ancient-near-eastern-stories-of-creation-and-flood-part-ii

https://www.calameo.com/read/005505615cff35752ef76

José, os Hicsos e a conquista do Egito

 Cristiano De Mari



      Os Hicsos foram um povo semita que governou o Egito, iniciando o Segundo Período Intermediário da história do Antigo Egito. Provavelmente aparentados dos hebreus, uma vez que eram também semitas , descendentes de Sem e de seus filhos Arfaxad (caldeus, hebreus) e Aram (arameus) , pesquisas indicam que eram compostos por grupos semitas variados.

      Muitos consideraram os Hicsos um bando de forasteiros saqueadores que invadiram e depois governaram o Delta do Nilo até que heroicos egípcios os expulsaram. No entanto, os Hicsos tiveram um impacto mais diplomático, contribuindo para o progresso da cultura, idioma, assuntos militares e até a introdução do cavalo e da carruagem de guerra.

      Por volta de 1800 a.C. os Hicsos que na sua origem eram pastores , saíram lentamente da Ásia Ocidental para viverem pacificamente na região do Egito. Os motivos iniciais eram a escassez de alimento na Ásia, devido ao ambiente árido, e a abundância de alimentos, provenientes da terra fértil ao redor do Nilo.



     O que motivou a guerra foi a fraqueza governamental da 13ª dinastia egípcia, no comando do  Faraó Amenemés III 

(1.843 a 1.797 a.C.). Os Hicsos entenderam que poderiam tomar o poder, e assim o fizeram.

       Os Hicsos atacaram o império egípcio, e expulsaram a dinastia para tomarem o poder. Governaram o Egito por cerca de 100 anos. Adotaram muitos de seus costumes durante essa época, inclusive, chamando seu líder de Faraó.



O que isso tem a ver com o Êxodo?


       José do Egito, conforme narra a Bíblia, tendo sido vendido pelos seus irmãos aos ismaelitas , chegou no Egito numa época logo posterior aos Hicsos, e não teve nenhuma resistência da parte do faraó pois era também de origem semita, eram povos irmãos. Conforme todo o desenrolar da história num ponto o faraó o coroa como vizir , uma espécie de cargo de confiança - governador do Egito.


       Maaibre Sheshi I era o faraó da época de José. Sua existência histórica foi arqueologicamente comprovada através do achado de centenas de selos e objetos de metal contendo seu nome em Canaã, Egito, Núbia e até Cartago, onde alguns ainda estavam em uso mil e quinhentos anos após a sua morte.

      Além disso, arqueólogos também atestaram que há evidências de longos períodos de fome no Egito que coincidem com a história bíblica onde José interpreta o sonho de faraó, revelando um período de sete anos de fartura, seguidos por mais sete anos de fome.

      Especialistas também identificam Sheshi com um faraó estrangeiro por ser descendente de imigrantes (chamados de hicsos). Essas pessoas dificilmente conseguiam destaque no Egito, mas, Sheshi, obstinado pelo poder, formou um exército, ganhou a guerra e exilou o então faraó Apepi para conquistar o poder.

     Anos depois, os egípcios voltaram a tomar o poder na terra do Egito, e pouco tempo depois, o Faraó Amósis ( Ahmose)  inaugura a 18ª dinastia egípcia e começa uma perseguição  contra os Hicsos e todo o povo semita.

       Esse é provavelmente o Faraó que a bíblia descreve em Êxodo 1:8-10, Ahmose - Amósis e não Ramsés.

    Já Moisés, foi criado junto com um futuro faraó de origem Hicsa, talvez tenha sido Sakir-Har, ou seu sucessor Khyan. Foram criados juntos na corte do faraó,  Moisés como hebreu foi adotado pela princesa filha do faraó, que o criou e às escondidas sua mãe verdadeira vinha o amamentar. Lembrem-se que Moisés, já adulto foi perseguido após terem descoberto sua origem e ficar do lado dos Hebreus. Ele fica exilado no Sinai até o momento de voltar , e na volta provavelmente encontra Amósis I , que como diz a Bíblia não conhecia a fama de José e não tolerava Moisés.





"Entrementes, se levantou um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José.


Ele disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós.

Eia, usemos de astúcia para com ele, para que não se multiplique, e seja o caso que, vindo a guerra, ele se ajunte com os nossos inimigos e peleje contra nós e saia da terra." Ex. 1:8-10


       Ao tomar o poder, Amósis escravizou os Hebreus e os colocou sobre os trabalhos mais pesados: produzir tijolos.

      Por décadas, os escritos do historiador egípcio ptolomaico Maneton influenciaram as interpretações populares e acadêmicas sobre os Hicsos. Preservado no Contra Apião I de Flávio Josefo, Maneton apresentou os Hicsos como uma horda bárbara, "invasores de uma raça obscura" que conquistou o Egito à força, causando destruição e assassinando ou escravizando egípcios.       

      Esse relato continuou nos textos egípcios do Segundo Período Intermediário e do Novo Reino. À medida que a egiptologia se desenvolvia, anos de debate sobre a extensão da destruição e a etnia do "povo Hicso" transpiraram. Somente nas décadas mais recentes os hicsos foram revelados como um razoável grupo de governantes (conhecemos seis) e não como uma população ou grupo étnico gigante. Durante seu governo, os reis Hicsos estavam constantemente renegociando suas identidades conforme o contexto exigia, enfatizando as tradições egípcias ou suas origens na Ásia Ocidental. Eles adotaram elementos da realeza egípcia, incluindo títulos reais, nomes de tronos, inscrições hieroglíficas, atividade dos escribas e adoração ao panteão egípcio.

       Como palavra, Hyksos é simplesmente a versão grega de um título egípcio, Heka Khasut, que significa “governantes que vieram de terras estrangeiras/países montanhosos”.    

        Escavações em Tell el Dab’a demonstraram que os imigrantes do Sudoeste Asiático (Levante) se tinham deslocado para o Delta do Nilo Oriental durante séculos, esta imigração atingiu o pico em meados da XII dinastia até ao início do Segundo Período Intermediário.

     O exame da arquitetura religiosa, divindades, práticas funerárias, alimentos e artefatos como armas e alfinetes indicaram uma grande população de indivíduos da Ásia Ocidental. Na verdade, muitos destes elementos combinavam as práticas egípcias com as dos imigrantes, sugerindo que Tell el Dab’a era uma comunidade culturalmente mesclada, caracterizada por casamentos mistos e coexistência pacífica. Vários indivíduos da Ásia Ocidental eram até oficiais de reis do Império da Média, supervisionando o comércio no Oriente Próximo e lucrativas expedições de mineração à Península do Sinai. Em vez de uma “invasão”, parece que à medida que a autoridade centralizada dos reis egípcios declinava, as elites de Tell el Dab'a aumentaram o seu poder local até que, através de um golpe ou simplesmente de um processo lento e pacífico, tomaram o título de Heka Khasut e tornaram-se reis por direito próprio.





Fontes :

 https://arce.org/resource/hyksos/#:~:text=As%20a%20word%2C%20Hyksos%20is,during%20the%20Second%20Intermediate%20Period.

Caftorim , Creta e os minoicos

 Cristiano De Mari

     Caftorim, que a tradição patriarcal histórico-religiosa coloca como o pai gerador dos Cretenses, foi um personagem bíblico do Antigo Testamento. É mencionado como um dos filhos de Mizraim ( Egito), sendo, portanto, neto de Cam e bisneto de Noé. Têm-se identificado Caftorim com a ilha de Creta, no Mediterrâneo e seus habitantes seus descendentes.

     Mas, segundo algumas análises genéticas recentes, os Cretenses teriam descendência caucasiana, ou seja, se houve um primeiro extrato racial do norte africano ou mesmo do Oriente Médio, este foi sendo depois misturado por migrações de populações que chegavam com DNA de origens europeias.

     Isso colabora um pouco segundo outras teorias que consideram os Cretenses como descendentes do patriarca Tubal, filho de Jafet ( que originou os europeus ) e neto de Noé. Desse patriarca, como mencionado várias vezes, teriam-se originado muitos povos ( desde Minoicos, Itálicos, ibéricos e etc...).Inclusive nas suas ondas migratórias navegaram pelo Mar Mediterrâneo atingindo suas costas litorâneas desde a Ásia Menor, Grécia, Itália até o sul da Espanha e Portugal.


      Provavelmente, os Cretenses eram um povo bastante mesclado. A ilha pela sua localização, bem no centro do Mediterrâneo oriental, próxima da Grécia, Egito e Palestina era um ponto de convergências.

      A Civilização Minoica/Cretense teria chegado até Creta navegando a partir da Ásia Menor, segundo alguns pesquisadores. Os que sustentam origens norte africanas , a partir daí então.

       Essa civilização tem também em certo grau,  parentesco com o antigos  micênicos (Aqueus, de Quitim , filho de Javan) os primeiros gregos a habitar em na Grécia continental mas que também deixaram sua presença física e genética nas ilhas do mar Egeu, inclusive em Creta. Lembrando que com o colapso dos Cretenses, os invasores micênicos ocuparam a ilha depois.

      Voltando para o estudo, a análise do DNA revelou as origens dos minoicos, que há cerca de 5.000 anos estabeleceram a primeira civilização avançada da Idade do Bronze na ilha de  Creta. As descobertas sugerem que eles surgiram de uma população ancestral do Neolítico que chegou à região cerca de 4.000 anos antes.



      O arqueólogo britânico Sir Arthur Evans, no início de 1900, nomeou os minoicos (o mesmo que Cretenses)em homenagem a um lendário rei grego, Minos. Com base nas semelhanças entre os artefatos minoicos e os do Egito e da Líbia, Evans propôs que os fundadores da civilização minoica migraram do Norte da África para a área. Desde então, outros arqueólogos sugeriram que os minoicos podem ter vindo de outras regiões, possivelmente da Turquia, dos Balcãs ou do Oriente Médio.

       Agora, uma equipe de pesquisadores nos Estados Unidos e na Grécia usou a análise do DNA mitocondrial de restos de esqueletos minoicos para determinar os prováveis ancestrais desses povos antigos.

     Os resultados publicados em 14 de maio na Nature Communications sugerem que a civilização minoica surgiu da população que já vivia na Idade do Bronze em Creta. As descobertas indicam que estas pessoas eram provavelmente descendentes dos primeiros humanos que chegaram a Creta, há cerca de 9.000 anos, e que têm a maior semelhança genética com as populações europeias modernas.

     George Stamatoyannopoulos, professor de medicina e ciências do genoma da Universidade de Washington, é o autor sênior do artigo. Ele acredita que os dados destacam a importância da análise de DNA como ferramenta para a compreensão da história humana.

     Observou ele:


“Há cerca de 9.000 anos, houve uma extensa migração de humanos neolíticos das regiões da Anatólia que hoje compreendem partes da Turquia e do Médio Oriente. Ao mesmo tempo, os primeiros habitantes do Neolítico chegaram a Creta.”

Ainda: 

“Nossa análise de DNA mitocondrial mostra que as relações genéticas mais fortes dos minoicos são com esses humanos neolíticos, bem como com os europeus antigos e modernos”, explicou. 


     Stamatoyannopoulos e a sua equipe de investigação analisaram amostras de 37 esqueletos encontrados numa caverna no planalto Lassithi, em Creta, e compararam-nas com sequências de DNA mitocondrial de 135 populações humanas modernas e antigas. As amostras minoicas revelaram 21 variações distintas de DNA mitocondrial, das quais seis eram exclusivas dos minoicos e 15 foram compartilhadas com populações modernas e antigas. 

       Análises mais aprofundadas mostraram que os minoicos tinham parentesco apenas distante com as populações egípcia, líbia e outras populações do norte da África. 

Quando plotada geograficamente, a variação compartilhada do DNA mitocondrial minoico foi mais baixa no Norte da África e aumentou progressivamente no Oriente Médio, no Cáucaso, nas ilhas do Mediterrâneo, no sul da Europa e na Europa continental. A maior porcentagem de variação compartilhada do DNA mitocondrial minoicos foi encontrada em populações neolíticas do sul da Europa.


Realizações dos antigos Cretenses 




      A Civilização Minoica surgiu durante a Idade do Bronze Grega em Creta, a maior ilha do mar Egeu, e floresceu aproximadamente entre o século XXX e XV a.C ( 3000 a 1500 a.C.). Foi redescoberta no começo do século XX durante as expedições arqueológicas do britânico Arthur Evans. O historiador Will Durant refere-se à civilização como "o primeiro elo da cadeia europeia".

      A cidade-estado que comportou o centro da civilização cretense foi Cnossos. Nessa cidade, o palácio do rei constituía o ponto central de onde partia toda a organização da cidade. Além de ser uma construção monumental, o palácio cretense era uma complexa obra de engenharia. Sua estrutura contava com aquedutos construídos com terracota que irrigavam água a quilômetros de distância. Seu interior foi especialmente projetado para comportar toda a família real e todos os subalternos que gestavam a administração da cidade. Além disso, as paredes dos recintos interiores do palácio eram cuidadosamente ornamentadas e pintadas com a técnica do afresco.

     Dentre os principais produtos comercializados pelos Cretenses estavam : joias, tecidos, armas, e objetos de bronze.

     Os governantes Cretenses eram conhecidos como Mino, que tem o mesmo significado de Rei.Esse rei, ou o Mino, tinha a função de chefe político, mas também tinha seu poder ligado a um chefe religioso, e para abrigar uma personalidade tão importante como essa, foram construidos vários grandiosos Palácios. Esses palácios tinham como caracteristicas algumas “armadilhas” para que pudessem evitar algumas invasões. Dentre elas estavam os labirintos.

      De acordo com a mitologia grega, esses labirintos foram construídos para abrigar uma temida criatura selvagem denominada como Minotauro, que seria metade homem e metade touro, e que até hoje reside em nosso imaginário.

       Em meio a todo esse desenvolvimento social que podemos perceber, é válido citar também o desenvolvimento da escrita. Foram encontrados vestígios dessa escrita, nominada de Linear A, em várias placas de argila, parecendo muito com a escrita dos egípcios, além de uma segunda escrita a Linear B, assim batizada.

      No aspecto religioso, os cretenses adoravam como principal divindade a “deusa mãe” que era símbolo da fertilidade, e por adorarem uma divindade feminina, a sociedade cretense dava uma grande importância às mulheres.

      Praticavam cultos taurinos e nas festividades religiosas homens faziam acrobacias no lombo dos touros.O touro era considerado animal sagrado.

     Já o declínio de sua sociedade se deu justamente por causas naturais como terremotos, erupções vulcânicas e tsunamis e a partir disso a sociedade cretense ficou enfraquecida e incapaz de se defender de invasões de outros povos.


Fontes :


Bíblia Sagrada

https://www.washington.edu/news/2013/05/14/dna-analysis-unearths-origins-of-minoans-the-first-major-european-civilization/

https://www.science.org/content/article/greeks-really-do-have-near-mythical-origins-ancient-dna-reveals?fbclid=IwAR2P9LM28BV6MA6-3JxvI-nLLW7WudXSntjIQNjiMbwhF4w2ndQiMMtR-4M#:~:text=Modern%20Greeks%20share%20similar%20proportions,from%20later%20migrations%20to%20Greece

Antiguidades Judaicas, Flávio Josefo

https://www.google.com.br/amp/s/www.historiadomundo.com.br/amp/idade-antiga/civilizacao-cretense-micenica.htm

Não existe coincidência quando há providência de Deus

 Cristiano De Mari 


     "César Augusto, imperador romano manda fazer um censo no império. A Judéia nesse tempo era de posse romana. Assim todos os homens foram obrigados a voltar até sua cidade de origem e fazer o recenseamento.

José era natural de Belém e precisava voltar, estava com Maria em Nazaré, por isso Jesus nasce em Belém cumprindo-se a profecia. Ou seja , no tempo iminente da vinda do Salvador, eis que um imperador romano resolve fazer um censo , e este censo era para saber mais ou menos a quantidade de pessoas que estavam sob o seu domínio político, o censo serviria para a aplicação devida de impostos.

      Quão magnífico é Deus, as profecias são seus desígnios , não existe sorte ou acaso e ninguém pode as ignorar. Até mesmo entre os pagãos, Deus os deixava conhecê-las mostrando que ele era para todos. Os reis magos que vieram adorar e presentear Jesus menino eram pagãos e astrônomos , e já sabiam de longa data sobre a vinda de um Messias de suma importância para a humanidade, seus estudos astronômicos apontaram para a conjunção do planeta Júpiter com Saturno , tornando-se um ponto super luminoso no céu noturno e esse ponto indicaria e os conduziria até seu destino.Como eles souberam disso? Eles tinham o estudo do movimento dos astros e também as profecias, a combinação efetiva dos eventos marcou a ida deles até a Terra Santa.       

      Provavelmente também conheciam a Profecia de Balaão, proferida 800 anos antes. Balaão foi um profeta a quem Balaque deu instrução para amaldiçoar o povo de Israel. Contudo por revelação divina, Deus lhe aparecia e determinava que o povo de Israel fosse abençoado por ele, profetizando a grandeza daquele povo, o que irritou Balaque. Ele se autodenominava "homem de olhos abertos" por ter visões de Deus e se prostrar diante dele de olhos abertos.


Números,  capítulo 24, profecia de Balaão ( em torno de 800 a.C)


".....daquele que ouve

as palavras de Deus,

que possui o conhecimento

do Altíssimo,

daquele que vê a visão

que vem do Todo-poderoso,

daquele que cai prostrado,

e vê com clareza:


Eu o vejo, mas não agora;

eu o avisto, mas não de perto.

Uma estrela surgirá de Jacó;

um cetro se levantará de Israel.

Ele esmagará as frontes de Moabe

e o crânio de todos

os descendentes de Sete.


Edom será dominado;

Seir, seu inimigo,

também será dominado;

mas Israel se fortalecerá.


De Jacó sairá o governo;

ele destruirá os sobreviventes

das cidades."


Miquéias 5:2-4 ( em torno de 750 a 700 a.C)


2 “E tu, Belém Efrata ( Seus fundadores eram da tribo de Efraim, filho de Jacó - Israel, por isso Efrata) , embora sejas apenas uma pequena aldeia de Judá, ainda assim serás o local de nascimento do governador do meu povo de Israel que vive desde a eternidade!”

3 Portanto, Deus abandonará o seu povo aos inimigos até ao tempo em que a mulher que está de parto tiver dado à luz. Por fim, os que ainda ficaram no exílio ( trata-se do exílio da Babilônia ou também da diáspora judaica) virão juntar-se aos seus irmãos em Israel, a sua própria terra. ( trazendo aqui uma alusão ao lento retorno dos judeus para Israel, visto que foi criado novamente como nação pela ONU em 14 de maio de 1948, muito devido aos horrores sofridos por eles no holocausto da Segunda Guerra Mundial).


4 Ele manter-se-á firme e pastoreará o seu rebanho no poder do Senhor, na majestade do nome do Senhor, seu Deus! O seu povo viverá em segurança, porque a grandeza dele será reconhecida até aos confins da Terra. ( Aqui cabe em um evento futuro, no governo do Milênio de Jesus que acontecerá após o Fim dos Tempos e antes do Juízo Final ). 

( Consultar livro do Apocalipse 20: 1-6.)


    No entanto, vale lembrar também que cada vez que existia uma suspeita da vinda de um Salvador, satanás incitava mentalmente algum monarca, rei ou faraó para matar os inocentes indefesos recém nascidos.Assim aconteceu com Moisés que foi salvo e num cesto foi encontrado pela filha do faraó e educado tendo crescido na corte egípcia.Mas Moisés não era Jesus o Salvador, seria um futuro libertador dos hebreus da terra do Egito.

     Assim aconteceria séculos depois com Herodes ( era idumeu casado com uma judia) que manda matar os inocentes indefesos.Deus em sonho alerta José, que foge com Maria e o menino Jesus para o Egito.

    Desde o tempo da queda dos primeiros pais , o mal sabia que iria perder e seria derrotado por Deus, porém como não tem a onisciência total das coisas futuras nunca saberia ao certo quem seria e quando iria acontecer, por isso sempre tentou conspirar contra Deus na história humana.

“E porei inimizade entre ti (satanás) e a mulher (Eva e posteriormente a nova Eva - Maria, Nossa Senhora) e entre a tua semente (o mal sobre o mundo)  e a sua semente (Jesus) ; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (aqui se refere à luta constante , praticamente diária do bem contra o mal)."

Gênesis 3:15




Cannã, maldição e miscelânea de povos

 Cristiano De Mari

       Canaã, segundo a tradição histórico-patriarcal era filho de Cam, por sua vez , filho de Noé e de acordo com a Bíblia, foi o ancestral dos cananeus. Apesar disso, os israelitas que são semitas,  se apoderaram da terra de Cannã e geograficamente habitaram lá, derrotaram os cananeus e os escravizaram. Os que sobraram foram assimilados , ou seja, acabaram se misturando. Segundo a arqueologia existem comprovações e segundo estudos sobre a genética humana, resquícios de DNA dos antigos cananeus estariam presentes hoje no genoma de alguns israelitas, palestinos e árabes.

      Os cananeus , segundo achados arqueológicos já habitavam a região no 8° milênio antes de Cristo , juntamente com outras populações imigraram do Cáucaso e lá se estabeleceram, criando seus clãs tribais, sua cultura e sua identidade.

       Estudos genéticos em 2020 conduzida por uma equipe internacional de arqueólogos e geneticistas descobriu que a população Cananéia da Idade do Bronze descendia de populações locais anteriores do Neolítico, juntamente com populações relacionadas às montanhas Zagros do Calcolítico e ao Cáucaso da Idade do Bronze. 

       O estudo também mostrou que a população Cananéia contribuiu para a maioria dos grupos Judeus atuais (Ashkenazes, Sefarditas e Mizrahi), Samaritanos e para os grupos de língua árabe levantina (Palestinos, Libaneses, Sírios, Jordanianos, Iraquianos e Drusos). Essas populações são consistentes com o fato de terem 50% ou mais de sua ancestralidade de pessoas relacionadas a grupos que viveram no Levante da Idade do Bronze e nos Zagros Calcolíticos. 


      Segundo a Bíblia, em Gênesis 9: 20-29, relata que Cam debochou de seu pai Noé que, durante uma embriaguez após consumir vinho de suas próprias videiras apareceu nú na tenda, enquanto que seus outros dois filhos o cobriram, andando de costas, para não ver a nudez de seu pai. Ao acordar e se dar conta do ocorrido, Noé amaldiçoou o filho de Cam (Canaã), predizendo que sua descendência serviria às descendências de Sem e Jafet, e que seriam seus escravos.Isso de fato ocorreu.

       Muitos interpretaram errado essa história, colocando-a como motivo para justificar a escravidão africana. Um tremendo erro, pois os africanos descendem em sua maioria de linhagens genéticas de Cush ( centro e sul africanos ) , Put ( do deserto do Saara até o norte africano) e Mizraim ( egípcios e tribos similares ao longo do Nilo) que são os outros filhos de Cam. Portanto Cannã foi o único filho de Cam que habitou fora da África, no corredor do Levante onde hoje está Israel, Líbano, Síria e Palestina. Segundo a tradição , Cannã era também de pele um pouco mais clara que os demais, os canaanitas eram um pouco diferentes fisicamente da maioria dos africanos , então essa teoria da escravidão africana não cabe aqui. Só para completar, Cam não deu origem somente à populações negras , visto que dentre as esposas de seus filhos podiam estar mulheres de etnias diversas, como eu sempre digo, não existe uma raça totalmente pura, os descendentes de Noé no início casavam-se com suas primas e primos visto que a humanidade era menor e , assim por diante, podemos visualizar diferenças fenotípicas para classificar os povos em etnias.

       A escravidão africana que realmente é uma mancha para a humanidade assim como todos os tipos de escravidão ocorridos no decorrer da história, não pode ser considerada como resultado da maldição de um patriarca, não tem nada a ver com essa passagem bíblica, portanto essa relação é errônea.

      A passagem da maldição de Noé ao seu neto Canaã tem sim a ver com os próprios cananitas, que a história e a própria arqueologia mostram que foram depois conquistados e escravizados pelos Israelitas.

     Um dado curioso e que gerou sempre muita especulação é porque que Noé amaldiçoa seu neto ao invés de seu filho, já que foi ele quem errou?


      A ocasião desta maldição está descrita em Gênesis 9:20-27: “Começou Noé a ser lavrador, e plantou uma vinha. Bebendo do vinho embriagou-se e achou-se nu dentro da sua tenda. Cam, pai de Canaã viu a nudez de seu pai e contou a seus dois irmãos que estavam fora. Então Sem e Jafet tomaram uma capa, colocaram-na sobre os seus ombros e andando virados para trás e com seus rostos virados cobriram a nudez de seu pai, e não viram a nudez de seu pai.  Noé, recuperado da embriaguez, soube o que seu filho mais moço lhe fizera. E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos. E acrescentou: Bendito seja Javeh, o Deus de Sem; e seja-lhes Canaã seu escravo. Dilate ( expanda) Deus a Jafet, e habite Jafet nas tendas de Sem; e seja-lhes Canaã por escravo.”

     O relato deste incidente é muito breve e omite muitos pormenores que seriam esclarecedores. Muitos eruditos bíblicos acreditam que Canaã estava envolvido de certo modo com seu pai Cam no episódio, sem ter sido mencionado.

      Algumas autoridades religiosas judaicas tem por explicação que a palavra filho na antiguidade podia se referir também a neto, uma vez que a proximidade parental era direta. Ao invés de mostrar respeito filial e cobrir seu pai, Cam considerou a ocasião como motivo para se rir, e relatou o incidente de modo zombeteiro a seus irmãos.” Depois de notar que a palavra hebraica traduzida “filho”, no versículo 24, pode também significar “neto”, esta fonte declara: “A referência é evidentemente feita a Canaã.” 

     Assim diz a tradição e autoridade antigas: Ferir uma patriarca dentro da sua própria linhagem , clã ou família, no contexto bíblico, é ferir a Deus. Porque Ele é a fonte da autoridade. 

     No restante, outras explicações também foram feitas mas não conferem com o relato , sendo algumas muito absurdas.

       Voltando para a historiografia, Canaã foi pai de Sídon ( Fenícios ) e de Het ( Heteus, Hititas ) sendo também patriarca ancestral dos jebuseus, amoritas, girgaseus, heveus, arqueus, sineus, arvadeus, zemareus e hamateus.

      A cada um deles foi entregue uma região no Levante- explicação no final.

      O Levante era habitado por pessoas que se referiam à terra como

 " KA-NA-NA-UM " já em meados do terceiro milênio a.C.  A palavra acadiana " kinahhu " referia-se à lã de cor púrpura, tingida dos moluscos Murex da costa - que era um produto de exportação importante da região. Quando os antigos gregos mais tarde negociaram com os cananeus, este significado da palavra parece ter predominado, pois eles se referiam aos cananeus como fenícios (Φοίνικες; fenícios ), que pode derivar da palavra grega " fênix " (φοίνιξ; trad: "carmesim" ou "roxo" ) e também descreveu o tecido pelo qual os gregos negociavam. A palavra “ fênix ” foi transcrita pelos romanos para “ poenus ”; os descendentes dos colonos cananeus em Cartago também eram chamados de púnicos.



      Não é exagero dizer que os cananeus foram os primeiros povos vizinhos de Israel, os mais antigos,  estabelecendo um padrão ao longo de sua existência de tensões e interação entre eles. 

      A Bíblia Hebraica considera os cananeus e grupos associados a eles – amorreus, hititas, jebuseus, heveus, perizeus e girgaseus – constituindo o que a tradição chama de “sete nações de Canaã”, como povos distintos que devem ser resistidos ou destruídos de várias maneiras.

      Uma outra impressão negativa dos cananeus perante Israel é que eram povos extremamente pagãos, usavam de magias , sortilégios, e praticavam a matança de crianças recém nascidas inocentes. O seus cultos a Baal, Astarte , Aserá, Anat, Mot, Moloch eram considerados hediondos, configurando em mais um motivo para os israelitas invadirem e tomarem posse daquela terra. Uma maldição que virou profecia e se transformou numa realidade, a falta de respeito perante um patriarca, a ocupação de uma terra que por herança divina não era pra ser sua e os hediondos cultos aos deuses pagãos e sacrifícios humanos, varreram essa população, o que não pereceu , foi assimilado e desapareceu no meio das gerações de outros povos, que o diga também Sodoma e Gomorra e que por causa dos seus pecados nunca mais voltou a existir.


       Deus mostra para todos que a ordem é dele independentemente se você gosta ou não quer, o universo, suas leis e mandamentos são estabelecidos pelo Altíssimo e nenhum ser humano, entidade maligna ou anjo caído poderá quebrar seu plano. Quem não gosta da sua ordem terá que tentar criar seu próprio universo. E isso é praticamente impossível.

      

Levante: termo geográfico que se refere, historicamente a um " corredor de terras". Região que se resume à Síria, à Jordânia, a Israel, à Palestina, ao Líbano e ao Chipre. Outras fontes definem o Levante de uma maneira mais ampla, incluindo porções da Turquia, do Iraque, da Arábia Saudita e do Egito.







Referências:

 https://veja.abril.com.br/ciencia/analise-genetica-revela-qual-foi-o-destino-dos-cananeus/mobile


https://biblia.com.br/dicionario-biblico/c/cananeus/


https://academic.oup.com/book/33589/chapter-abstract/288065012?redirectedFrom=fulltext&login=false