sábado, 3 de setembro de 2022

Os Haplogrupos genéticos e sua importância para a História e a Antropologia

 Cristiano De Mari


                                             

1-Introdução

          Os Haplogrupos são como grandes ramos da árvore genealógica de nossa espécie Homo Sapiens. Cada conjunto agrupa pessoas de perfil genético semelhante e que partilham um ancestral comum.

Um haplogrupo do cromossomo Y por exemplo, consiste em homens que têm um ancestral comum em uma linha puramente paterna. O cromossomo Y é sempre passado de pai para filho.
É possível identificar um ancestral comum masculino por meio desse método.A maior parte dos relatos sobre as origens dos povos vindas de fontes mitológicas, históricas e bíblicas antigas, em quase todas observa-se de forma unânime referências a um pai gerador, de comunidades consideradas patriarcais que tiveram suas origens em um ancestral masculino comum.
Já um haplogrupo de mtDNA ( DNA mitocondrial) consiste de homens e mulheres que têm um ancestral comum em uma linha puramente materna. O mtDNA é sempre passado da mãe para seus filhos.


                              Mapa da distribuição dos Haplogrupos de mtDNA  maternos.


  
 Mapa de distribuição dos Haplogrupos do cromossomo Y.

Estes ramos de haplogrupos mostram como os grupos populacionais se moveram na Terra. Os Haplogrupos também definem uma área geográfica. Os mais antigos são maiores e mais difundidos, e muitos subgrupos mais jovens têm origem deles.
Em colaboração com a pesquisa histórica, mitológica, antropológica, geográfica e até mesmo bíblica é possível tentar identificar e mapear as origens e migrações das antigas populações até nossos dias.

Para determinar um haplogrupo, os SNPs são analisados. SNPs (Single Nucleotide Polymorphism - em português : Polimorfismo de nucleotídeo único) que são variações de pares de bases simples em uma fita de DNA. Aproximadamente 90% de todas as variantes genéticas são baseadas em SNPs. O seu significado científico reside na sua ocorrência frequente e elevada variabilidade. Eles também são muito rápidos e fáceis de determinar por meio de testes SNP disponíveis para os cromossomas mtDNA e Y.

Estes testes feitos em laboratórios podem ser utilizados para confirmar que uma pessoa pertence a determinado haplogrupo. Este tipo de análise permite traçar a ramificação de haplogrupos e subgrupos desde origens africanas , indo para Europa, Ásia , Oceania e Américas.Os SNPs do cromossoma Y têm sempre uma letra e um número como identificação. As letras definem o laboratório que descobriu este SNP, o número da ordem.Métodos como o estudo de algoritmo de With Athey, o haplogrupo principal também pode ser examinado por marcadores DYS ( marcadores moleculares genéticos) comparando os alelos. Embora este método esteja correto em 99% dos casos, a análise SNP é necessária para uma determinação a 100%.




2- Breve histórico dos haplogrupos G, J-2 e R-1b e variantes usando a Expansão do Império Romano como parâmetro exemplo!!!

 

Haplogrupo G


Haplogrupo J


Haplogrupo G2a


Aos haplogrupos G e G-2a costuma-se relacionar às populações neolíticas que penetraram na Europa pelos Bálcãs, vale do Danúbio indo até além dos Alpes.Espalharam-se também pelas costas do Mediterrâneo.Estas populações trabalharam a pedra e os metais. Em torno de até 40% das populações modernas do sul da Europa portanto do Mediterrâneo tem estes marcadores genéticos de cromossomo Y.

Geralmente também são referendados como os marcadores genéticos das populações descendentes de Tubal, filho de Jafet neto de Noé, o qual teria segundo relatos bíblico-históricos povoado áreas mediterrâneas até o sul de Espanha e Portugal , desde as regiões do Cáucaso, na Geórgia e Cólquida, passando pela Ásia Menor, Creta, Grécia e Itália.

Tubal é considerado ancestral dos ibéricos, ilíricos, cretenses, pelasgos e itálicos.
Seus ancestrais no percurso da história teriam deixado como legado construções, trabalhos metalúrgicos, cultos à deusas maternas e animais sagrados como os touros.

O Haplogrupo J é também encontrado em povos Itálicos e ibéricos, mais esclusivamente a variante J2 e subgrupos.

Tanto os Haplogrupos G e J e suas variantes vieram do haplogrupo F originado no Oriente Médio há 60.000 anos.As populações destes haplogrupos migraram substabcialmente para o sul da Europa, navegando pelo Mar Mediterrâneo e também migrando por terra chegando ao centro da Europa nos Alpes , logo depois espalhando-se. Também são encontrados em partes da Ásia e Rússia.

2.1- Cultura Koura-Araxe

 

A civilização minoica surgiu a partir de 2.700 a.C e poderia ter sido fundada por colonos da cultura Koura-Araxe (chamada também de Kura-Araxes).Essa cultura teria trazido junto consigo técnicas de trabalho com o bronze.

A cultura Koura-Araxe é uma cultura arqueológica que se desenvolveu durante a Idade do Bronze , entre aproximadamente 3.400 e 2.000 a.C. , principalmente no sul do Cáucaso , no leste da Anatólia e no noroeste do Irã . Seu nome vem dos dois principais rios do sul do Cáucaso, o Koura e o Araxe . Difere das culturas que o precederam e sucederam, bem como das culturas vizinhas, por produções materiais muito específicas (cerâmica, objetos de metal, arquitetura) e práticas sociais originais (tradições funerárias e religiosas).

A cultura Koura-Araxe pode ser considerada em tese como um dos núcleos primordiais dos clãs tribais descendentes de Tubal, geograficamente falando , também de acordo com as regiões que habitaram essas populações nas suas migrações segundo registros bíblico-históricos.

As etapas de formação do complexo cultural Koura-Araxe, as datas e as circunstâncias do seu desenvolvimento são há muito debatidas. Foi sugerido que a cultura de Sioni , que se desenvolveu no leste da Geórgia por volta de 4000 a.C pode ter representado uma transição entre a cultura de Shomutepe-Shulaveri e a cultura Koura-Araxe.

Alguns pesquisadores propuseram que as manifestações mais antigas da cultura Koura-Araxe datam de pelo menos os últimos séculos do 5º milênio a.C.

Cretenses modernos têm a maior porcentagem de G2a (11%), J1 (8,5%), J2a (32%) e L + T (2,5% juntos) na Grécia (e a maior porcentagem de J1 e J2a em toda a Europa para isso matéria), os três haplogrupos associados à cultura Koura-Araxe. Nas partes da Itália que foram colonizadas por gregos jônicos e dóricos, notadamente nas regiões da Sicília, Calábria e Basilicata, possuem porcentagens substanciais de haplogrupos tipicamente caucasianos, como G2a-L297, J1-Z1828 e J2a-L581, bem como níveis consideráveis ​​de mistura autossômica do Oriente Médio e Caucasiano pelos padrões europeus. De fato, parece que muitos ramos do J2a (por exemplo, M319, Z7671, F3133, Z6046, L581) podem ter se expandido do Sul do Cáucaso a partir do Calcolítico. A presença desses haplogrupos e misturas no sul da Itália quase certamente representam a ascendência Koura-Araxe herdada dos gregos minóicos das ilhas do mar Egeu.

 

Obs: O DNA de dois indivíduos minoicos (ilha de Creta) do sexo masculino foi testado em 2020 e pertenciam a G2a-P303 e J2a1a-L26 > Z6055 > Y7010 > Y13128 > Z36834 (ramo encontrado em Portugal hoje).

 

Os fenícios, judeus, gregos e romanos contribuíram para a presença de J2a na Península Ibérica. A frequência particularmente forte de J2a e outros haplogrupos do Oriente Próximo (J1, E1b1b, T) no sul da Península Ibérica, sugere que os fenícios e os cartagineses desempenharam um papel mais decisivo do que outros povos. Isso faz sentido considerando que eles foram os primeiros a chegar, fundaram o maior número de cidades (incluindo Gadir/Cádiz, a cidade mais antiga da Península Ibérica), e seus assentamentos coincidem quase exatamente com a zona onde J2 é encontrado com maior frequência no sul da Andaluzia.

A alta incidência de J2a na Itália deve-se em grande parte à migração dos etruscos da Anatólia ocidental para o centro e norte da Itália e à colonização grega do sul da Itália. No entanto, tanto os etruscos quanto os gregos teriam carregado muitas outras linhagens de Y-DNA, incluindo G2a, J1, R1b-Z2103, T1a e provavelmente também E-M34. Os níveis de J2a teriam sido mais altos entre os gregos do que os etruscos, e particularmente entre os gregos insulares que colonizaram a Magna Grécia. A imigração do Mediterrâneo oriental para Roma durante o Império Romano, depois da Anatólia, Trácia e Grécia durante o período bizantino (particularmente no nordeste da Itália) aumentou ainda mais a incidência de J2 na península.

 

2.2-Haplogrupo R-1b (céltico-germânico)

 

As populações celtas foram caracterizadas por diferentes subgrupos do haplogrupo R1b introduzido na Europa pelas migrações indo-europeias. Sua origem remonta há 18.500 a.C na Ásia.
Os celtas segundo fontes bíblico-históricas são descendentes de Rifat filho de Gomer, neto de Jafet e bisneto de Noé. Por isso o haplogrupo R1b é grandemente encontrado nos europeus atuais devido a grande quantidade de migrações de povos célticos ( Gauleses, Gálatas, Hérnicos, Cenomanos,  Boios, Helvécios, Eburões, Sênones, e tantos outros, etc....) entre 4000 a 3000 a.C, um grande substrato genético deixado por descendentes de Gomer.

Em genética humana o haplogrupo R1b é o mais frequente haplogrupo do cromossomo Y na Europa Ocidental e em partes da África sub-saariana Central (por exemplo em torno de Chad e Camarões devido à colonização alemã nessas regiões africanas). R1b também está presente em frequências mais baixas em toda a Europa Oriental, Ásia Ocidental, Ásia Central e partes do norte da África, Sul da Ásia e Sibéria. Devido à emigração Europeia também atinge altas frequências nas Américas e na Austrália. Enquanto a Europa ocidental é dominada pela R1b1a2 ramo (R-M269) de R1b, a área de língua Chadic na África é dominada pelo ramo conhecido como R1b1c (R-V88). Estes representam dois "galhos" muito bem sucedidos em uma muito maior "árvore genealógica".


Haplogrupo I1
Haplogrupo I2a2



 






3-A expansão do Império Romano como exemplo parâmetro

 

Mapa do Império Romano e abrangência de J2, comparação.

Haplogrupo G

Conforme observa-se o mapa do Império Romano, nas áreas dentro destes limites e mais ao sul perto do Mediterrâneo encontramos os Haplogrupos greco-latinos J2 e G. Quanto mais à norte nos afastarmos , são recorrentes os Haplogrupos R1b, R1a , I, I2,dentre outros ou seja haplogrupos germânicos, originados em Gomer.

Por isso populações de países Latinos modernos como por exemplo a Itália, França, Espanha e Portugal carregam um grande percentual ainda de R1b.

Na Itália, devido a grande quantidade de povos céltico/gauleses que habitavam o norte da Península antes da chegada dos primeiros povos Itálicos o percentual de R1b é maior e à medida que descermos pelo centro até o sul da Itália essa ocorrência de R1b torna-se fraca e quase nula, devido uma maior ocorrência de G e J2 originados possivelmente das populações que descenderam de Tubal. Também pode-se observar que são encontrados percentuais menores de G e J2 em áreas que hoje estão países germânicos como partes da França (lembrando que os Francos eram germânicos apesar da forte romanização da região) Alemanha, Inglaterra, Holanda, Áustria , devido à migrações latinas para estes locais durante a expansão do Império Romano. Nestes locais a maioria das pessoas eram de origem germânica sendo governadas por um número pequeno de romanos através da colonização, dominação, controle pelas armas do exército, algo absolutamente normal numa potência como Roma, por isso explica as baixas frequências de J e G em terras germânicas.


4-Fontes:

https://www.google.com.br/amp/s/www.igenea.com/pt/haplogrupo

https://nebula.org/blog/pt-br/ancestry-cromossomo-y-mitocondrial-dna/

https://www.eupedia.com/europe/Haplogroup_G2a_Y-DNA.shtml https://thestrip.ru/pt/eyes/issledovanie-amerikanskih-genetikov-gaplogruppy-opisanie-drevnih/ https://www.eupedia.com/europe/Haplogroup_J2_Y-DNA.shtml#J2a_Mediterranean

https://www.eupedia.com/europe/Haplogroup_R1b_Y-DNA.shtml

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Os Itálicos

 Cristiano De Mari


Os itálicos ou italiotas (em grego clássico: Ἰταλιῶται; latinizado: Italiotai,  Italioti) foram grupos populacionais pré-românicos (que existiram antes da dominação romana) e que habitaram a Península Itálica até entre Napoli e a Sicília.  Esses povos dedicavam-se geralmente ao pastoreio e à agricultura e posteriormente também à metalurgia.

 São conhecidas atualmente 4 ondas de migrações de povos Itálicos.As primeiras tribos itálicas teriam aparecido no Vale do Rio Pó durante o III milênio a.C. e depois em ondas sucessivas. Dentre elas estavam os Sabinos, Úmbrios, Oscos, Volscos, Lucanos, Vestinos, Marsios, Marrucinos, Liburnos, Frentanos, Faliscos, Érnicos, Équos, Ausônios, Auruncos , Vênetos, Latinos, Apúlios, Messápios, etc... 

Os Itálicos, assim como os Ilíricos, Ibéricos, Cretenses, Bascos, Tessálios e os antigos Pelasgos segundo a hipótese histórico-bíblica, são descendentes em parte do patriarca Tubal, filho de Jafet e neto de Noé. Estes são portanto, os primeiros agricultores neolíticos que migraram da Anatólia para o sul da Europa , ao longo do Mediterrâneo durante a Revolução Neolítica ocorrida 9.000 anos atrás. Uma das primeiras contribuições genealógicas dos itálicos vieram destes povos que depois foram absorvidos pelas próximas ondas migratórias.Dentre estes primeiros povos estavam os Sículos que habitaram a Sicília , os Sardos da Sardenha, os Lígures na costa noroeste da Itália e os Picenos mais ao centro.

Existe um marcador genético de haplogrupo masculino Y que supõe-se estar relacionado às populações descendentes de Tubal. Este marcador genético é o G e variante G-2a. Ele pode ser encontrado ainda hoje no Cáucaso, em países como Armênia e Geórgia, inclusive tendo uma porcentagem bem alta nessas populações. É encontrado ao longo do Mar Mediterrâneo e manifesta o movimento migratório deste clã por via marítima e pelo sul da Europa. Algumas rotas migratórias de populações G-2a foram também feitas adentrando o continente europeu pelos Bálcãs, centro e depois descendo pela Península Itálica.

O Lácio , ou seja, a pátria latina no centro da Itália é um dos pontos mais fortes do haplogrupo G-2a na Europa hoje. O alto nível de G-2a no Lácio pode ser devido à dupla presença dos subclados indo-europeus L13, L1264 e Z1816 e de linhagens neolíticas depois  absorvidas pelo desenvolvimento da civilização romana.

As invasões dos Lombardos , Daneses, Hérulos e Ostrogodos na Península Itálica após a queda do Império Romano resultaram em algumas miscigenações. No sul da Península, alguma influência de origem árabe.No restante, ao que se refere a outros povos que também invadiram, não deixaram marcas tão significativas na genética dos italianos modernos. Visto que, seus dominadores que eram de outras origens étnicas aplicavam apenas um domínio político , com poucas invasões em massa ,  apenas a elite guerreira e seus líderes. Ao passo que, quando voltamos para trás no tempo até a formação do povo romano, aí sim podemos dizer que os itálicos foram resultado de muitas misturas genéticas , e  não somente do haplogrupo G. 

        Os itálicos, descendem também de antigas populações de pastores das Estepes da cultura Yamnaya,  que se expandiram para a Europa a partir da região onde hoje está a Ucrânia e do sul da Rússia no contexto das migrações indo-europeias há 5.000 anos. Portanto, os pastores que pertencem a cultura Yamnaya,  mudaram a população da Europa Central no período neolítico tardio, entre 3.600 a 3.000 a.C.

       Eles trouxeram outros marcadores genéticos que mais tarde desenvolveram variações e são atribuídos às etnias itálicas como variantes do R1b:  haplogrupos R1b-U152 e o R-S28. Eles podem ter se originado na parte central da Europa, quando existia certa proximidade entre os proto-celtas, proto-itálicos e proto-germânicos. 

O R1-b é típico em populações germânico-celtas, mas como no início as primeiras populações  viviam muito próximas e em clãs tribais menores, porém não tão distantes uns dos outros havendo a possibilidade de casamentos essa recorrência de R-1b passa também para povos itálicos.

Inicialmente e recuando mais ainda no tempo,  todos faziam parte de uma pré população chamada de Proto-Indo-Europeus. Com as migrações e distanciamentos , os haplogrupos foram modificando e se diversificando.

Acredita-se que os falantes do itálico, um ramo indo-europeu, tenham cruzado os Alpes e invadido a península italiana há cerca de 3.200 anos, estabelecendo a cultura Villanova e trazendo consigo principalmente linhagens R1b-U152 e R- S28 e substituindo ou deslocando grande parte das populações primevas . Os habitantes neolíticos da Itália procuraram refúgio nas montanhas dos Apeninos e na Sardenha. Hoje em dia, a maior concentração de haplogrupos G-2a e J1 fora do Oriente Médio  encontra-se nos Apeninos, Calábria, Sicília e Sardenha.         

Provavelmente então, existiu uma conexão genética itálica com a céltica criada na parte central da Europa que depois desceu para a Península italiana. Estes itálicos R1b-U152 e R-S28 eram diferentes das primeiras populações que teriam entrado pelo sul da Península navegando pelo Mediterrâneo e que eram puramente G-2a.

  Ou seja, existiram misturas raciais que foram transmitidas aos futuros itálicos, e essas misturas raciais vieram principalmente dos clãs de Tubal e de Rifat , filho de Gomer , ancestral do ramo céltico.

São conhecidas atualmente 4 ondas de migrações de povos Itálicos.As primeiras tribos itálicas teriam aparecido no Vale do Rio Pó durante o III milênio a.C. e depois em ondas sucessivas.Dentre elas estavam os Sabinos, Úmbrios, Oscos, Volscos, Picenos, Lucanos, Lígures, Vestinos, Marsios, Marrucinos, Liburnos, Frentanos, Faliscos, Érnicos, Équos, Ausônios, Auruncos , Sículos, Vênetos, Latinos, Apúlios, Iápiges, Messápios, etc...




Vindos de além dos Alpes, da planície danubiana e anteriormente da Ásia Menor, fixaram-se ao longo dos rios e dos lagos da Itália do nordeste, ali vivendo em aldeias de palafitas. Passam depois a terra firme, nas regiões a sul do Pó. Os restos das suas aldeias foram chamados “terramare” (dos termos latinos terra e mare; obtendo também o sentido de “terra gorda”, formada com os restos orgânicos desses povoados).

A técnica romana de construção dos acampamentos apresenta características comuns com a “planta” destas aldeias: o fosso, a cerca defensiva, a disposição perpendicular das ruas, segundo os pontos cardeais. Devido à cremação dos seus mortos, os Itálicos são considerados, por alguns, como antepassados distantes dos latinos (e dos Faliscos e Sículos, mas, quanto a estes dois últimos povos, apenas pelas afinidades dos respectivos idiomas com o latim).

Uma outra onda migratória de povos itálicos, etnicamente aparentados aos primeiros pela sua afinidade linguística, irá aparecer na península itálica no final do II milênio (por volta de 1200-1100 a.C.)São considerados pela maioria dos autores contemporâneos os antepassados dos povos que se estabeleceram em regiões montanhosas dos Apeninos (Úmbrios, Picenos do sul, Sabinos, Samnitas e Lucanos), e que depois costumou-se denominá-los por Sabélios (os Sabelos eram uma pequena tribo vizinha dos Sabinos. O termo latino Sabelli servia aos Romanos para designar quer ora os Sabinos, quer os Sabelos ou também Úmbrio-Oscos , quando o mais correto seria chamar-lhes Úmbrio-Samnitas.

É possível que parte dos antigos habitantes das regiões que ocuparam tenha se fundido com esta segunda onda de migrações. Outros terão sido repelidos para regiões menos hospitaleiras, sendo certo que os Lígures (região de Gênova-Ligúria) apenas se mantiveram na zona noroeste dos Apeninos e os Sículos apenas na Sicília.





A Itália esteve densamente povoada pelo menos desde os tempos neolíticos. A difusão das tecnologias metalúrgicas aparentemente ocorreu devido à migração de novas populações, que poderiam ter se organizado patriarcalmente e teriam falado línguas indo-europeias.

 Modernamente 4 ondas de migrações vindas dos Alpes ao norte são conhecidas:

Uma primeira onda migratória, provavelmente indo-europeia, ocorreu por volta do III milênio a.C. Características deste período são as estatuárias do tipo "menir", que frequentemente apresentavam signos solares gravados e signos indo-europeus aparentemente distintivos.

Uma segunda onda entre o final do terceiro milênio e o início do segundo milênio a.C. levou à disseminação de populações associadas à cultura do copo e do bronze na planície Padana, na Etrúria e nas áreas costeiras da Sardenha e da Sicília.

Para meados do II milênio a. C., uma terceira onda correspondente à cultura "terramare" e ao subgrupo de povos itálicos conhecidos como Latino-Faliscos que difundiram o uso do ferro e a incineração dos mortos.

No final do II milênio e na primeira metade do I milênio a. C., há uma quarta onda associada à cultura dos campos de urnas e ao subgrupo de povos itálicos conhecidos como Osco-Úmbrios e Vênetos.

Fontes:

*<https://curiosidadesmisteriosantigos.blogspot.com/2015/06/latinos-saga-de-um-povo.html?m=>
*Enciclopédia Britânica.

*<https://historicodigital.com/italia-antes-de-roma-las-culturas-prerromanas.html>
*<https://www.prin-italia-antica.unifi.it/sitemap.html>
*<https://www.treccani.it/enciclopedia/italici>
* < https://www.google.com.br/amp/s/www.studiarapido.it/popoli-italici/%3famp, L' italia prima di Roma.>
Livro: Gli antichi italici, Giacomo Devoto, Firenze, Vallecchi, 1951.
Livro: Gli indoeuropei e l'origine d'Europa , Francisco Villar, Bologna, il mulino, 1997.
<https://www.google.com.br/amp/s/www.storicang.it/a/i-popoli-italici-litalia-prima-di-roma_15064/amp>