sábado, 20 de abril de 2024

Gomer, origens das etnias germânicas

 Cristiano De Mari 

     Filho de Jafet e neto de Noé, o patriarca bíblico Gomer e principalmente seus filhos Asquenaz e Rifat são os ancestrais de todo o tronco germânico de povos antigos e modernos, desde: Cimérios, Jutos, Anglos, Saxões, Escandinavos, Alamanos, Teutões, Burgúndios, Alamanos, Alanos, Bávaros, Francos, Frísios, Lombardos, Normandos, Ostrogodos , Suevos, Vândalos, Vikings, Visigodos e Celtas , somente para citar os principais. Estes povos deram origem aos atuais países germânicos e nórdicos também conhecidos como: Alemanha, Holanda, Inglaterra, País de Gales, Escócia, Dinamarca, Suécia, Noruega, Islândia, Irlanda, Áustria, Luxemburgo e Bélgica.A França também possui sua parte germânica devido aos Francos que habitaram ali juntamente com os celtas e romanos,  remanescentes depois da queda do Império Romano do Ocidente.

  Uma cepa de Gomer teria também contribuído para a origem de povos turcos e asiáticos a partir de seu outro filho Togormah com misturas raciais de descendentes de Cam que migraram para a Ásia pelo sul e em certo ponto misturaram-se com povos do norte.

     Os descendentes de Togormah desde muito cedo habitaram as estepes Euro asiáticas, desde o Casaquistão até a Sibéria sentido sul-norte e da atual Ucrânia até proximidades com a China atual no sentido leste-oeste.

    Gomer, antigamente estava associado com os antigos gomeritas-cimerianos, pois segundo alguns linguistas, esse termo vem do acadiano GIMIRRI - ou Cimir, Cimira. 

   Estes habitaram do norte do Mar Negro, atuais Ucrânia e parte da Rússia. Isso concorda com as Escrituras que os associa ao “extremo norte” de Israel (Ezequiel 38:6).

     O primeiro registro histórico dos cimérios se dá com os Assírios do ano aproximado de 714 a.C. Eles descrevem como um povo denominado Gimirri ajudou as tropas de Sargão II a derrotar o reino de Urartu (no Ararat). Sua terra de origem é chamada no texto de Gamir.

      O geógrafo grego Ptolomeu, escrevendo nos séculos I-II d.C., cita a cidade ciméria de Gomara. Após as conquistas ocorridas no I milênio a.C., os cimérios também passaram a ser conhecidos como Gimirri no idioma georgiano. O palavra georgiana para "herói", gmiri, vem do termo Gimirri, que se referia aos cimérios que habitaram a região após as primeiras conquistas. 



    Os haplogrupos genéticos dessas populações são o R1a, o R1b , I1 , I2 e o I2a2.


* TOGORMA, filho de Gomer e neto de Jafet

         Heródoto escreveu que Targitaus era o pai de várias tribos , especialmente as do norte da Anatólia (perto do Mar Negro) e do nordeste de Dácia e Mésia. A palavra grega Targitaus pode ser uma transliteração da palavra hebraica Togorma, para alguns povos também conhecidos como Tagdama. Os assírios conheciam a vila habitada perto dos Montes Tauro como Til-Garimme.

      Há os que relacionam Togorma com os armênios. Os próprios armênios tradicionalmente afirmam ser descendentes de “Haik, filho de Thorgom”. Antigos escritores gregos falam dos armênios como um povo famoso por seus cavalos e mulas, o que concorda com Ezequiel 27:12-14. 

      Alguns estudos genéticos dos haplogrupos humanos sugerem que de Togorma descenderiam todos os povos de origem siberiana, que há muito tempo teriam migrado para a Sibéria e depois atravessado o Estreito de Bering. Originou também povos Búlgaros, Húngaros, Magiares, Hunos. Originou também os turcos e mongois , estes últimos, com misturas raciais vindas das populações descendentes de Cam que migraram pelo sul da Ásia. Essas misturas formavam vários povos asiáticos com descendentes também nas Américas no que se refere aos ameríndios segundo estudos genéticos dos haplogrupos humanos.


*ASQUENAZ, filho de Gomer e neto de Jafet

       Aškuzai ou Iškuzai eram nomes utilizados para os citas, que aparecem pela primeira vez nos registros assírios no século VIII a.C. na região do Cáucaso. Em Jeremias 51:27,28, o reino de Asquenaz está ligado a Ararat e Mini. Mini pode estar ligado ao nome Armênia e Ararat (Gênesis 8:4; II Reis 19:37; Isaías 37:38) é a mais alta montanha da Turquia moderna, onde a arca pousou. Ou seja , no princípio antes da confusão das línguas estas tribos viviam muito próximas sendo que após este acontecimento passaram a migrar por várias regiões da Europa e Ásia.

    É de Asquenaz que se originam os antigos Germânicos, Alamanos, Anglos, Saxões, Suevos, Burgúndios, etc... Os povos nórdicos como os Vikings, tem parentesco com Asquenaz e o nome dessa região Escandinávia/Asquenaz, tem a ver com o nome desse patriarca. 

      Alguns dos gomeritas migraram para o que hoje é chamado de País de Gales. O historiador galês, Davis, registra uma crença tradicional galesa de que os descendentes de Gomer “desembarcaram na Ilha da Grã-Bretanha vindos da França, cerca de 300 anos após o dilúvio”. Ele também registra que a língua galesa é chamada Gomeraeg (em homenagem ao seu ancestral Gomer).


    Outros membros de seu clã se estabeleceram ao longo do caminho, inclusive na Armênia. Ainda, outros deles migraram terras européias para a Alemanha. " Ashkenaz " é a palavra hebraica para Alemanha ou Escandinavo.


* RIFAT, filho de Gomer e neto de Jafet

        De acordo com Flávio Josefo, também pode ter sido supostamente o antepassado dos Paflagônios também chamados na Europa de Celtas e pelos gregos de Gálatas. A Paflagônia era o nome da antiga região da costa do Mar Negro no norte da Anatólia central, entre as também antigas regiões da Bitínia, a oeste, e do Ponto, a leste, e separada da Frígia (na porção que seria no futuro a Galácia) , essa região é a pátria primitiva de vários povos, inclusive os celtas. Este patriarca é considerado como o pai dos antigos povos celtas e gauleses.


Dados Gerais 

         Os povos germânicos como indivíduos pertencentes a etnias indo-europeias, além de estabelecidos na Europa Setentrional, falavam numerosos idiomas relacionados ao antigo sânscrito ( língua extinta criada pelos arianos que invadiram a Índia). Só para ilustrar alguns, podemos citar o céltico, o eslavo e o próprio germânico.

     Apesar de idiomas bem estabelecidos, esses povos não desenvolveram muitos tipos de alfabeto na antiguidade.

     Apenas o mais famoso deles, o Futhark Antigo, Fuþark ou Furthark Germânico é a forma mais antiga de um alfabeto rúnico. Constituído de 24 caracteres, firam utilizados inicialmente na escrita proto-nórdica.Foi usado principalmente na Escandinávia e Ilhas Britânicas, entre os Séculos II e VII d.C.


      Resumidamente , a forma de organização social dos germânicos era patriarcal. Assim, eram os homens que possuíam os cargos de liderança, tanto em casa como no comércio. Eram os responsáveis por tomar decisões, decidir sobre a divisão de terras, além de comandar os cargos políticos.

     Porém, mesmo com a divisão de trabalho determinada pelo sexo, as mulheres eram reconhecidas dentro da tribo. Isso porque, ocupavam posições consideradas de respeito como sacerdotisas, curandeiras, parteiras e videntes.

      Quanto à política, os germanos não possuíam uma hierarquia rígida. Portanto, os reis, chefes de guerra e sacerdotes tinham um poder circunstancial baseado no consenso decidido em assembleias repletas de homens livres.

     Em relação à economia, eles puderam se desenvolver quando o Império Romano entrou em declínio, foi quando eles ganharam alguma notoriedade invadindo-o depois. Assim, antes da queda dos romanos, a hierarquia dentro dos Reinos Germânicos não era considerada consistente. 

    Como forma de recompensa pelas lutas, os germânicos possuíam uma espécie de ritual denominado wergeld. Neste caso, as tribos germânicas se uniam para se vingar de outros clãs quando estes cometiam algum delito. 

     A principal forma de alimentação vinha do plantio, a agricultura era uma das atividades econômicas mais praticadas. Sendo assim, plantavam , colhiam alimentos para sobreviver, além de criar animais nos espaços de terra que sobrava.




     Os germânicos antigos , muito diferentes de seu ancestral Gomer que provavelmente professava uma fé monoteísta já que era neto de Noé, tornaram-se pagãos com o passar dos séculos tornando-se politeístas e possuíam sua mitologia particular.Seus deuses eram representações de elementos da natureza.Os principais deuses germânicos eram Odin, Thor e Freya.As tribos acreditavam num paraíso recompensa além-vida denominado de Valhalla.


Fontes: 

https://curiosidadesmisteriosantigos.blogspot.com/2021/09/jafet-e-origem-dos-gregos.html?m=1

Bíblia Sagrada 

Toda Matéria, Info Escola e Mundo Educação

https://creation.com/the-sixteen-grandsons-of-noah

terça-feira, 9 de abril de 2024

Preceito Divino e a historicidade de Nimrod

 Cristiano De Mari 

Nimrod 

    “Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma linguagem. Isto é apenas o começo e agora, não há restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Vinde, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que um não entenda a língua do outro” (Gênesis 11,6:7)


   Algum tempo depois do dilúvio, contingentes humanos significativos  migraram para as regiões ao sul da Mesopotâmia e foram dominados por um grupo de pessoas e seu líder. Seu nome era Nimrod, filho de Cush, poderoso caçador diante de Javeh. Os clãs tribais formados a partir dos descendentes dos filhos de Noé: Sem , Cam e Jafet experimentaram uma espécie de domínio político , intelectual e ditatorial.Esse poder foi manifestado por meio de Nimrod e sua postura persuasiva de convencer a todos , do mais humilde ao mais influente , de modo a juntarem-se a ele com a promessa de que estando todos juntos nenhuma nova catástrofe aconteceria, mostrando uma desconfiança da promessa de Deus e uma plena solução terrena e humana.

      


Em Genesis 9:11, Deus diz:


" Estabeleço minha Aliança convosco: tudo o que existe nunca mais será destruído pelas águas do Dilúvio; não haverá mais outro dilúvio para devastar a terra!”


Nimrod também contrariou outro preceito divino de Gênesis 9:1 :


    "Deus abençoou Noé e seus filhos, e determinou-lhes: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra.…"


      E a Terra não estava somente restrita a região sul da Mesopotâmia, mas um território imenso a explorar.

       Aquilo que Deus fala e ordena , sabe o que está fazendo, pois ele vê com antecedência nosso futuro. Portanto, toda e qualquer tentativa humana de alterar a ordem divina dará sempre errado.

      Essa resolução humana por parte de Nimrod tornou-se a primeira tentativa de aglomeração humana e urbanização do mundo pós-diluviano, algo que não estava previsto nos planos divinos para aquele momento. Por isso, foi o idealizador de Babel, que é nada mais nada menos que um projeto de construção de uma cidade fortificada com uma torre no centro. Esta seria muito semelhante aos templos religiosos construídos séculos depois naquela região por Sumérios, Babilônios, Acadianos e Caldeus. Praticamente no formato de um Zigurate , templos construídos em patamares , sendo que o patamar inferior tinha sempre uma área maior do que o de cima , de forma escalonada, como um bolo de casamento.



     Muito tempo antes do próprio surgimento do Egito, no capítulo 10 do Gênesis,  existe um registro no qual pela versão bíblica segundo os hebreus, teriam sido fundadas ao sul da Mesopotâmia as cidades-estado de Acad, Babel (futura Babilônia) , Arac ( também chamada de Erech ou Uruk),  Calné, Cale e Resen por Nimrod filho de Cush, designado como “grande caçador diante do Senhor”, o primeiro a ter um império na história, na região de Sennar. ( Sennar é o termo hebraico que designa a antiga região da Suméria - Shumer).


1-Acad ou Akkad, estava localizada próxima à confluência do rio Diyala e o Tigre, cidade onde surgiu o império acadiano; 

2-Babel, estava localizada no mesmo local da futura cidade da Babilônia de Nabucodonosor;

3-Arac seria Erech-Uruk (uma das principais cidades sumérias e berço de Gilgamesh);

4-Calné estaria localizada ao norte da Síria entre Carquemish no rio Eufrates; 

5-Cale (Kalakh) localizada entre o Rio Tigre e a Cordilheira dos Zagros e 

6- Resen entre a cidade de Cale e Nínive.


     Nimrod é identificado como um caçador, condição muito presente nos heróis lendários Sumérios (o próprio Gilgamesh era identificado como um). Não só a ideia de caçador mas de outras elementares profissões humanas onde se junta o pescador e o pastor (o lendário Dumuzi esposo da deusa Inanna era pastor), profissões essas que têm em comum o domínio da criatura selvagem, característica marcante para identificar atos heroicos.

     Sobre o fato de Nimrod ser neto de Cam, por isso não semita, pode ser um indício de que associaram-no a uma etnia que teria povoado aquela região anteriormente (Sumérios: segundo alguns estudiosos , estes teriam pele escura) que se sabia que não eram semitas e por isso identificaram-no como camita, como um povo do Sul, regionalmente mais perto que os descendentes de Jafet do norte (brancos, caucasóides). Alguns historiadores têm tentado identificar historicamente Nimrod com Gilgamesh, Sargão ou Naramsin mas não há nenhum indício nesse quesito, Nimrod seria mais antigo que estes. 


       Alguns estudiosos como o egiptólogo David Rohl, identificaram Nimrod com o rei sumério Enmerkar. As consoantes iniciais de ambos os nomes, NMR,  correspondem (o hebraico é escrito sem vogais) e o “kar” em sumério pode significar “caçador”.

      Em outro texto “épico”, Enmerkar ( nome similar a Nimrod, possivelmente a mesma pessoa) descreve uma de suas façanhas como uma “cidade que vai da Terra ao céu ” ,  e façamos a nossa fama e nosso nome ; para que não sejamos espalhados por toda a face da terra.’

       O relato descreve Deus testemunhando a confusão da linguagem homogênea da humanidade e prevendo uma queda de volta ao hedonismo pré-diluviano, nos versículos 6-9 de Gênesis capítulo 11:


      " Eis que são um só povo, disse ele, e falam uma só língua: se começam assim, nada futuramente os impedirá de executarem todos os seus empreendimentos. Vamos: desçamos ( esse verbo está no plural, " desçamos" seria uma alusão à Trindade? Pai , Filho e Espírito Santo? Tirem suas conclusões).

Vamos: Desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro.” 

       Então o Senhor os espalhou dali por toda a terra; e eles pararam de construir a cidade. Por isso se chamou o seu nome Babel; porque o Senhor confundiu ali a línguagem de toda a Terra.


Fragmento do tablete de Enmerkar ao Senhor de Aratta

                    Tablete de Enmerkar 


       Este antigo documento sumério data de cerca de 2.100 a.C. Mas o seu relato é muito mais antigo do que a própria data de criação do documento/tablete em muitos séculos ou até milênios).

      Ele conta a história de um diálogo muito antigo ( entre o rei sumério Enmerkar e outro governante, o Senhor de Aratta, a respeito do envio de um tributo para construir uma torre. A antiga terra de Aratta pode ter uma relação com o Ararat bíblico.

       Enmerkar, mesmo estando na lista dos reis sumérios, é muito mais antigo e portanto anterior a própria Suméria.Os povos antigos gostavam de associar personalidades importantes ao seu enredo de origem , mesmo que estes viessem de uma longínqua época histórica. Enmerkar e Nimrod ( possivelmente a mesma pessoa) foram os que tentaram iniciar um projeto de urbanização que fracassou em Babel e muito tempo depois foi retomado com os Sumérios, sendo assim , Nimrod ou Enmerkar são seus ancestrais.

       Nimrod era descendente de Cam, identificado como o pai da raça negra. O nome do filho de Cam (e pai de Nimrod), Cush, significa “ moreno ” (e “Cushita” é o nome antigo e bíblico dos africanos ao sul do Egito, também Reino de Kush). 


***Seria apenas uma coincidência os sumérios se autodenominarem  " Saggiga" ou traduzindo  “Os homens de Cabeças Negras ”? Poderia ser uma ligação com o fundador original destas cidades-estado?   Provavelmente sim.


     Nimrod teria sido também o fundador da Assíria. Esta região era habitada em sua maioria por descendentes de Sem , por meio de seu filho Assur (não confundir com Assur filho de Cush que é outro patriarca que também habitou lá). Muito provavelmente este fato bíblico foi um retoque que os Hebreus deram para explicar que a aptidão dos Assírios pela tirania teria sido uma herança de Nimrod, fato esse relatado em Miquéias onde ele identifica a Assíria como "maldita terra de Nimrod".

     Além de Arac-Erech (Uruk) que tem o prefixo “ Ur-Urim ”, a Bíblia menciona o nome de outra cidade suméria, a mesma que protagonizaria o último momento de glória desta civilização, Ur cidade onde nasceu Abraão. É curioso que o nome desta cidade deve ter chegado ao vocabulário dos Hebreus seguindo o mesmo fenômeno de Shumer/Sennar, pois a palavra suméria para a palavra cidade era na verdade Urim, mostrando que os autores da Bíblia apenas aproveitaram a maneira como se pronunciava o nome da cidade. Ur no aramaico fica muito semelhante a Urim do idioma sumério.

    Nimrod , foi chamado também de Gibbor, “guerreiro”, e isso certamente coloca Nimrod como um tipo de herói (no aspecto de poder) na antiguidade. Muitos intérpretes relacionam a expressão “poderoso caçador perante o Senhor” com sua possível tirania, no sentido de “caçador de homens”, e não apenas de “feras”. Isso parece correto considerando uma referência em Jeremias 16:16. Além disso, a palavra “caça” em vários escritos antigos se refere a uma campanha militar.

       Pois bem, retornando então , a Bíblia descreve que nas gerações que se seguiram ao grande Dilúvio mundial, contingentes  humanos desceram ao sul da Mesopotâmia como um grupo homogêneo e iniciou a primeira civilização numa “planície na terra de Sennar ; e eles habitaram ali” (Gênesis 11:2). 

     Esta terra  é “Shinar”, local da primeira civilização bíblica pós-diluviana, é o mesmo mesmo que  Suméria (ou “Shumer”). Os nomes territoriais, localizações e descrições coincidem estreitamente.

      A Bíblia descreve esta civilização como sendo fundada e liderada pelo infame ditador Nimrod, “um poderoso caçador diante do Senhor” (Gênesis 10:9). 

       O historiador judeu Flávio Josefo em sua obra Antiguidades Judaicas, descreve Nimrod como um grande tirano que constantemente se dedicava a afastar os homens de Deus. Ele fazia com que as pessoas confiassem em sua própria força. Ele também identificava a submissão a Deus como um tipo de escravidão. 

     Com isso, buscava alimentar o ego mas com egoísmo, arrogância e desprezo ante aos outros, caiu perante o Altíssimo devido a desobediência, tirania e descaso.

     Josefo atribui a Nimrod a construção da Torre de Babel ( significado: Porta do céu ou portal dos deuses pagãos, uma vez que a intenção real de Nimrod era também afrontar ao Deus Verdadeiro). Segundo ele, a motivação para tal construção era o desejo de se vingar de Deus caso Ele resolvesse inundar novamente a terra. Além disso, essa torre concentrava a humanidade em um só lugar conferindo a ele extremos poderes de dominação e subjugação, contrariando a ordem de Deus para a dispersão da humanidade sobre a terra (Gênesis 9:7). 


“Cush gerou também Nimrod, o qual começou a ser poderoso na Terra.Era um robusto caçador diante do Senhor. O princípio de seu reino foi Babel,  Arac,  Acad e Calné na terra de Sennar. Daquela terra foi para Assur e edificou Nínive e as praças da cidade, e Cale e também Resen.”    Gênesis 10 , 8 -12.


*** Importante: 


      Todos sabem que existiu uma tentativa primária de urbanização na região da Mesopotâmia liderada por Nimrod mas que pode ter sido milênios antes do surgimento da própria Suméria. Esta tentativa deve ter ocorrido algumas décadas ou séculos depois que a família de Noé saiu da Arca.

      É difícil prever um cálculo correto mas se a data base estiver correta , teremos o fim do Dilúvio em 10.000 a C. O projeto de Babel por Nimrod entre 9.500 e 9.000 a.C. Logo depois da dispersão , desta tentativa que foi frustrada por Deus, a humanidade se espalhou, as linguagens se diversificaram, Babel fica por muitos séculos abandonada , só depois vindo a constituir-se futuramente como Babilônia. 

      Além das informações arqueológicas discutidas, devemos também considerar a questão dos padrões de assentamento da povoação na Mesopotâmia. Levando isso em consideração, dentre vários outros, o período da cultura arqueológica de Ubaid (5000-3500) é o mais intrigante de todos. Ubaid é um local no sul da Mesopotâmia, a noroeste de Ur. Esse período testemunha os primeiros assentamentos ao sul da Mesopotâmia, com muitos dos locais sendo construídos em solo virgem. Os locais ao norte da Mesopotâmia de assentamentos anteriores (por exemplo, de Jarmo, Hassuna, Samarra, Halaf) parecem não continuar nesse período, embora as culturas Ubaid sejam atestadas de norte ao sul. Esse padrão sugere que o período Ubaid testemunhou a migração inicial do norte para o sul da Mesopotâmia, em notável concordância com Gênesis 11:2. Nissen descreveu os desenvolvimentos deste período no sul da Mesopotâmia e sugeriu uma causa para os eventos:


     "Um período prolongado em que existiam apenas assentamentos individuais muito dispersos foi repentinamente seguido por uma fase em que a terra estava claramente tão densamente povoada que nada parecido havia sido visto mesmo no período que a antecedeu. Com a ajuda das informações do projeto de pesquisa Meteor, uma explicação para esse desenvolvimento na Babilônia agora é possível. A terra, que era imprópria para o assentamento devido ao alto nível do mar no Golfo ou à grande quantidade de água nos rios, a princípio abrigava apenas alguns sítios insulares, mas a partir do momento em que as águas começaram a baixar, ela estava propícia para uma habitação numa área mais extensa. Os resultados dos estudos do clima antigo e das mudanças na quantidade de água no sistema fluvial da Mesopotâmia e no Golfo agora nos apresentam uma imagem mais clara dos desenvolvimentos no sul da Babilônia. As alterações climáticas documentadas para meados do quarto milênio parecem ter cessado, num espaço de duzentos a trezentos anos. As cheias que regularmente cobriam grandes extensões de terra e drenado áreas tão vastas num período de tempo relativamente curto, particularmente em todo o sul, tornaram-se atraentes para novos assentamentos permanentes.

     Os arqueólogos observaram que a característica mais marcante do período Ubaid é sua uniformidade. Comentários de Mellaart:


“Nunca antes uma única cultura foi capaz de influenciar uma área tão vasta, mesmo que apenas superficialmente. A distribuição da cerâmica, apesar de pequenas variações, é bastante uniforme. O principal sítio do período Ubaid é Eridu. Um dos relatos babilônicos da criação diz: “Todas as terras eram mar, então Eridu foi feito”. Parece ter existido uma muralha já nos seus primeiros tempos. Níveis mais antigos apresentam templos, embora nenhum se aproxime tanto do desenvolvimento arquitetônico de um zigurate. A divindade protetora de Eridu nos períodos sumérios era Enki, o deus astuto, conhecido por sua associação com as artes da civilização e por seus muitos encontros sexuais.

      A menção da tecnologia de tijolos cozidos direciona nossa atenção principal para os períodos posteriores ao período Ubaid, mas Gênesis 11 pode abranger vários períodos, uma vez que, lá não está descrito realizações por períodos mas sim uma generalização dos eventos num único texto. Em Gênesis 11:2, um grupo de pessoas é identificado como tendo viajado para a planície de Sennar para se estabelecer. O grupo itinerante segundo essa teoria não seria necessariamente “de toda a terra” do versículo 1, mas talvez apenas os descendentes de Sem , uma vez que a genealogia de todos os filhos de Noé já foi tratada no capítulo 10.22.Esperamos aqui um estreitamento do foco para linha de Sem. Nesse cenário, um grande grupo de semitas migrou para o sudeste e se estabeleceu na Suméria. O texto não exigiria que nem mesmo todos os semitas estivessem lá. O período de tempo que o texto cobre não é mencionado.




  Nos milênios seguintes e obscuros a humanidade migra , mistura-se,  vai se reorganizando e depois aparecem as cidades-Estado, e os sumérios sim,  descendentes de Nimrod iniciam a primeira civilização humana do pós-dilúvio em 3.200 a.C. Civilização que eu digo é de forma conjunta, homogênea, organizada em ampla rede de cidades-estado, cultura e desenvolvimento.

       E tudo praticamente surge como que num de repente, como se algo estivesse esperando o momento certo para mais cedo ou mais tarde vir a luz.

     Lógico que muitas vilas antigas de culturas primitivas e centros de urbanização podiam ser encontrados entre 7.000 e 5.000 a.C., Jericó  e Çatal Huyuk são exemplos disso;  mas ainda não eram uma civilização avançada como a Suméria. A Suméria foi um conjunto formador sob vários fatores humanos.

     Por isso, Nimrod é descrito como fundador da Suméria devido seu legado passado de construtor, personalidade épica e patriarca gerador, muitas vezes até endeusado sob outros nomes.

      Entendam que na Bíblia, principalmente no Gênesis, nem tudo acontece em sequência de tempo próxima, existem grandes lacunas de tempo que não são preenchidas ou mencionadas pois realmente os povos estavam migrando, trabalhando, tentando sobreviver e muitas coisas não vieram à tona pois tudo era transmitido pela oralidade, pela transmissão oral dos eventos antigos antes de serem escritos.

     A migração geral e que teria acontecido de fato muito tempo depois da tentativa fracassada de Babel parece ser entendida como tendo ocorrido no período de Ubaid, durante o qual o sul da Mesopotâmia começou a ser colonizado. Então, a decisão de empreender um projeto maior de urbanização já depois com a população de linguagem variada pode ter ocorrido no final do quarto milênio, talvez durante o final do período Uruk, ou talvez ainda no período Jamdet Nasr, quando realmente temos o início da tecnologia de tijolos cozidos. O projeto resultaria então na criação de diferentes línguas ; ou talvez representasse a diferenciação das línguas semíticas das sumérias. Seja qual for o caso, resultou na dispersão das pessoas por todo o Crescente Fértil.

      Este cenário não exigiria que todos os grupos linguísticos fossem formados neste momento ou que todos os idiomas estivessem representados ali. Mas a partir desse início, a urbanização no sul da Mesopotâmia foi iniciada, incluindo o desenvolvimento da arquitetura zigurate e o pleno desenvolvimento do sistema religioso mesopotâmico que ela representava.



Conclusão

      Parecidos com Nimrod, vieram muitos outros governantes depois dele, das mais diversas raças humanas e realizando outras mais diferentes atrocidades. São as falhas e os erros humanos que a humanidade carrega desde a queda no Éden que provocam essas reações de uns contra os outros.

      Obviamente, Deus não rejeita a realeza , nem aqueles que tem o dom de governar, mas sim aqueles que governam de forma injusta, de forma ditatorial, subjugando e dominando ao seu bel prazer e que não observam preceitos divinos.Nimrod tinha talento mas não tinha humildade e nem Temor a Deus.

       Diferentemente do que fez Nimrod, o verdadeiro poder que se perpetua vem da consciência voltada para o bem , e primeiramente está na fonte da Matriz Divina. É o bem que se conquista e deseja, é onde se influencia positivamente, também, não compactua com injustiças, não julga de forma irracional precocemente, é severo com os deveres, cresce e prospera servindo de espelho para os justos. 

     O poder temporal e qualquer cargo importante que seja , deve ser um acréscimo e um espelho de tudo isso que vem antes, é o caráter que define as boas relações humanas em todos os âmbitos da sociedade, e ele está na sua consciência. 

     Por isso , exalte primeiro sempre a Deus, o verdadeiro Rei e Senhor de tudo, Espírito de Suma Bondade , Onisciente, Onipresente e Onipotente , o Alfa e o Ômega , Trindade : Pai , filho e Espírito Santo, a ti toda honra e toda glória pelos séculos dos séculos!!!

"Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas."  Mateus 6:33


Fontes:

https://curiosidadesmisteriosantigos.blogspot.com/2021/09/os-sumerios.html?m=1

https://curiosidadesmisteriosantigos.blogspot.com/2024/01/sumeria-o-reinicio-da-saga-humana.html?m=1

https://curiosidadesmisteriosantigos.blogspot.com/2023/08/babel-e-seus-indicios-factuais.html?m=1

Bíblia Sagrada

Antiguidades Judaicas de Flávio Josefo

segunda-feira, 1 de abril de 2024

O patriarca Javan e a ancestralidade grega

 Cristiano De Mari


    Vestígios arqueológicos mostram que a Grécia teve uma longa pré-história, que data do Neolítico em 4.000 a.C. Compreende-se aqui ainda como um período de afirmação dos antigos patriarcas , de desenvolvimento dos clãs familiares tribais gregos, migrações, miscigenação , criação e assimilação de culturas. Com a entrada da Idade do Bronze (2.800 a.C),  desenvolveram-se culturas importantes. Estas conexões e migrações tribais tem muita relevância entre as regiões da Grécia e a Anatólia ( hoje Turquia) , corredores de passagem dos povos. Lembra-se aqui que é do Cáucaso , depois Anatólia, Mesopotâmia e Levante( Síria e Palestina) que os primeiros clãs tribais se espalharam pelo restante do planeta , a partir de 10.000 a.C , a data chave do " restart humano".

  No início, só existiam vilas que posteriormente virariam cidades, nada de colunas e templos requintados e nem mármore sobre eles.

     O mundo civilizatório do mar Egeu teve várias fases, sendo duas das mais importantes:  a civilização minoica (Cretense) e a civilização micênica (que veio dos Aqueus). Estas culturas desapareceram em 1.100 a.C, mas os Aqueus de língua grega continuaram e migraram para o Peloponeso entre os anos de 1.400 a 1.300 a.C. 


      Os Eólios e os Jônios ( outras duas tribos gregas) aparentemente precederam (vieram antes dos) os Dórios que migraram para a Grécia antes de 1000 a.C. Os Jônios, voltaram talvez como refugiados ou como conquistadores, estabeleceram-se nas ilhas Jônicas e nas costas da Ásia Menor, que se tornaram parte do mundo grego. 

       Após a invasão dórica que daria origem aos espartanos, os povos da Grécia, sob a influência da divisão geográfica e em relação à grande variedade de tribos, desenvolveram as cidades-estado, pequenos povoados que se transformaram em reinos menores.

       No decorrer do tempo, o nome Jônia veio a restringir-se à Ática (a região em torno de Atenas), à costa ocidental da Ásia Menor (correspondendo ao litoral das posteriores províncias da Lídia e da Cária) e às ilhas vizinhas do mar Egeu. O mar situado entre o S da Grécia e o S da Itália ainda retém o nome de “Jônio”, e reconhece-se que este nome é de origem antiqüíssima, o que apóia o conceito de que esta forma do nome do patriarca Javan certa vez se aplicava à parte continental da Grécia, bem como à posterior região menor chamada “Jônia”.

        A costa oeste da Anatólia foi povoada por colonos da civilização micênica ( 1.700-1.100 a.C) que em grande parte, permaneceram perto de vias navegáveis para o comércio. O interior fazia parte do império dos Hititas (1.400-1.200 a.C.) até o colapso da Idade do Bronze ( 1.250 a 1.150 a.C), embora seu alcance não se estendesse à área costeira que se tornaria a Jônia. O reino da Frígia surgiu na área após a queda dos Hititas, juntamente com a Cária, a Lídia e a Mésia, e esses três últimos controlavam a área desde a foz do rio Hermus, ao norte até o Maeander, ao sul, que viria a ser conhecida como Jônia.

     A região da Jônia é mais conhecida como o berço da filosofia grega (na cidade de Mileto) e o local da Revolta Jônica, que provocou a invasão persa da Grécia em 490 e 480 a.C.

     As doze cidades jônicas da região eram: Phocaea, Clazômenas, Cólofon, Teos, Lebedeu, Éfeso, Chios, Erétria, Samos, Priene, Myus e Mileto.



Origens étnicas e míticas dos Jônios 


      Vários nomes e nomenclaturas aparecem tanto na Bíblia como em registros escritos de outros povos antigos, todos atestam para uma forte concordância de relações dos nomes que se parecem muito com Javan, Jônia, Iáones, Íon. Não precisaria de mais provas, a história dos patriarcas bíblicos iniciais e suas famílias tribais são verídicas e encontram respaldo histórico.


      De acordo com Heródoto, os Jônios receberam seu nome  de Íon on, o lendário rei de Atenas.

     Íon é o mesmo que Javan no velho testamento (em hebraico: Ya·wán) e é identificado como o progenitor dos antigos jônios, que alguns chamam de “tribo originadora dos gregos”.  

      O nome I·á·o·nes ( Iáones) foi usado pelo poeta Homero, em torno do oitavo século a.C como referindo-se aos primitivos gregos, e a partir de Sargão II (oitavo século a.C), o nome " Jawanu"  começa a surgir em inscrições Assírias.

      Depois do relato de Gênesis, os descendentes de Javan começam a ser mencionados por volta da parte final do nono século a.C, pelo profeta Joel. O profeta condena ali os Tírios, os Sidônios e os Filisteus por venderem os filhos de Judá e de Jerusalém no seu comércio de escravos com os “filhos dos gregos” (literalmente: “os jônios”). 

       Isaías em 3:4-6 , no oitavo século a.C, prediz que alguns dos judeus que sobrevivessem à expressão da ira de Deus viajariam para muitas terras, inclusive para “Javan”, proclamando ali a glória de Javeh. — Is 66:19.

    Em fins do sétimo século e início do sexto século a.C, alistam-se escravos e colocam-se artigos de cobre como itens supridos por “Javan, Tubal e Mosoc, estes últimos lugares estando evidentemente situados na parte Leste da Ásia Menor, ou ao Norte dela, ” ao rico centro comercial de Tiro. 

     Na profecia de Daniel, “Javan ” é geralmente traduzido pelos tradutores como “Grécia”, uma vez que o cumprimento histórico dos escritos de Daniel torna evidente este significado (Da 8:21; 10:20; 11:2).

      Isto se dá, igualmente, com a profecia de Zacarias (520-518 AEC), que prediz a guerra bem-sucedida dos ‘filhos de Sião’ contra Javan (Grécia). Za 9:13.



     Outra questão ao contrário dos "Eólios" e dos "Dórios", os "Jônios" aparecem nas línguas de diferentes civilizações ao redor do Mediterrâneo oriental e no extremo leste da China Han. Eles não são os primeiros gregos a aparecer nos registros; essa distinção pertence aos Dânaos (dóricos) e aos Aqueus. A trilha dos jônicos começa nos registros gregos micênicos de Creta.

     Uma tabuinha fragmentada de escrita Linear B de Cnossos em Creta (tabuinha Xd 146) leva o nome I-ja-wo-ne, interpretado por Ventris e Chadwick como possivelmente o caso dativo ou nominativo plural de *Iāwones, um nome étnico. As tabuinhas de Cnossos são datadas de 1400 ou 1200 a.C. e são portanto  anteriores ao domínio dórico em Creta, se o nome se referir aos cretenses.

     O nome aparece pela primeira vez na literatura grega em Homero como Ἰάονες, Iāones, usado em uma única ocasião de alguns gregos de mantos longos atacados por Heitor e aparentemente identificados com os atenienses, e esta forma homérica parece ser idêntica à forma micênica, mas sem o *-w-. Este nome também aparece em um fragmento de outro poeta antigo, Hesíodo, no singular Ἰάων, iāōn.

     No livro de Gênesis de qualquer Bíblia cristã  , Javan é filho de Jafé. Os estudiosos da Bíblia acreditam quase universalmente que Javan representa os jônicos; isto é, Javan é o mítico Íon , lendário patriarca mítico e fundador de Atenas  . O hebraico é Yāwān, plural Yəwānīm.

       Além disso, mas com menos certeza, Jafet pode estar relacionado linguisticamente à figura mitológica grega de Jápeto.

      As localizações dos países tribais bíblicos têm sido objeto de séculos de estudos e ainda permanecem, em vários graus, questões em aberto. O Livro de Isaías dá o que pode ser uma dica ao listar “as nações... que não ouviram a minha fama”, incluindo Javan e imediatamente depois “as ilhas distantes”. Essas ilhas podem ser consideradas uma oposição a Javan ou ao último item da série. No primeiro caso, a expressão é normalmente usada para a população das ilhas do Mar Egeu.

      Algumas cartas do Império Neo-Assírio no século 8 a.C registram ataques do que parecem ser jônicos às cidades da Fenícia.


Por exemplo:


     Um ataque de saqueadores jônios (Ia-u-na-a-a) na costa fenícia é relatado a Tiglath-Pileser III em uma carta da década de 730 a.C. descoberta em Nimrud.

      A palavra assíria, que é precedida pelo determinante do país, foi reconstruída como *Iaunaia. Mais comum é ia-a-ma-nu, ia-ma-nu e ia-am-na-a-a com o país determinante, reconstruído como Iamānu. Sargão II relatou que ele tirou estes últimos do mar como peixes e que eles eram do "mar do sol poente".

      Mar do sol poente , logicamente estava se referindo que estavam a oeste da Fenícia , e realmente a Grécia, suas ilhas , Chipre e Creta estão a oeste.

 Se a identificação dos nomes assírios estiver correta, pelo menos alguns dos saqueadores jônicos vieram de Chipre.

     Os registros reais de Sargão em 709, alega que um tributo que foi enviado a ele veio de  " sete reis de Ya (ya-a')"  um distrito de Yadnana cujas moradas distantes estão situadas a sete dias de viagem no mar do sol poente, isso tudo é confirmado por uma estela instalada em Citium, em Chipre, "na base de uma ravina montanhosa sobre Yadnana.

       Os jônios aparecem também em uma série de inscrições persas antigas do Império Aquemênida como Yaunā (𐎹𐎢𐎴𐎠), um nominativo plural masculino, singular Yauna;  por exemplo, uma inscrição de Dario na parede sul do palácio em Persépolis inclui nas províncias do império "Jônios que são do continente e (aqueles) que estão à beira-mar, e países que estão do outro lado do mar;." Naquela época, o império provavelmente se estendia ao redor do Egeu até norte da Grécia.

       Inspirados pelos iranianos aquemênidas, os jônicos aparecem na literatura e nos documentos índicos como Yavana e Yona. Nos documentos, esses nomes referem-se aos Reinos Indo-Gregos: os estados formados pelo macedônio Alexandre, o Grande e seus sucessores no subcontinente indiano. A documentação mais antiga desse tipo são os Editos de Ashoka. O décimo terceiro edito é datado de 260–258 a.C  e refere-se diretamente aos "Yonas".


Em outras línguas


      A maioria das línguas modernas da Ásia Ocidental usa os termos "Jônia" e "Jônico" para se referir à Grécia e aos gregos. Isso é verdade para o hebraico (Yavan 'Grécia' / Yevani fem. Yevania 'um grego'), armênio (Hunastan 'Grécia'  / Huyn 'um grego' [carece de fontes]) e as palavras do árabe clássico (al-Yūnān 'Grécia' / Yūnānī fem. Yūnāniyya pl. Yūnān 'um grego', provavelmente do aramaico Yawnānā,  são usados na maioria dos dialetos árabes modernos, incluindo egípcio e palestino como além de ser usado no persa moderno (Yūnānestān 'Grécia' / Yūnānī pl. Yūnānīhā/Yūnānīyān 'Gregos') e também no turco via persa (Yunanistão 'Grécia' / Yunan 'uma pessoa grega' pl. Yunanlar 'povo grego'.



      O nome Jawanu aparece a partir do século VIII a.C. em inscrições assírias se referindo aos primitivos gregos e, no mesmo período, para se referir ao mesmo povo, o poeta Homero usa o nome IÁONES / JÔNIOS. Na mitologia grega que explicaremos abaixo, Javan é identificado com o personagem Íon. O mar situado entre a Grécia e a Itália ainda retém o nome de “Jônio”.

      Assim conforme a Bíblia , a mitologia da história dos Helenos (gregos) conta sua origem e descendência a partir de Deucalião e Pirra , que é o casal grego sobrevivente do dilúvio correspondente ao Noé Bíblico e sua esposa, na versão grega da história.


Eles teriam gerado o patriarca Helen/Heleno que teve como filhos:


1-   Dorus (Dórios) e seus filhos: Tectamus e Aegimius;

2-   Xuthus e seus filhos: Achaeus (Aqueus) e Íon ( Jônios);

3-   Éolo ( Eólios) e seus filhos: Makednos e Magnes.


      Nesse caso Íon (Javan) aparece como filho de Xuthus, irmão de Achaeus e sobrinho de Dorus e Éolo. Na versão bíblica ele é o progenitor de todos os povos gregos. Numa ordem um pouco diferente, paternidade e filiação estão com nomes trocados, o que não coloca em dúvida o fato, apenas mostra uma diferença do entendimento hebraico do assunto e do entendimento grego do mesmo; a diferença da linguagem hebraica (semita) da grega (jafética /indo-europeia). As narrativas diferentes referem-se também à quantidade de anos passados entre uma geração e outra ; fenômeno causado pelo distanciamento que, consequentemente provoca algumas alterações nas mesmas, mas conserva-se uma essência. 


Referências:

https://www.greecewebtravel.com/ancient-greece.html?fbclid=IwAR2Zq4OceUC7kRyD3s2bdHX0K9U5hkX-MCfo30geUd1bLJ14G2SfLgSbyxs

https://languagelog.ldc.upenn.edu/nll/?p=44747

https://en.m.wikisource.org/wiki/1911_Encyclop%C3%A6dia_Britannica/Ionians

quarta-feira, 20 de março de 2024

Os Persas , uma miscigenação poderosa

 Cristiano De Mari

     Os Persas, de um modo geral , eram povos mesclados, pois segundo a tradição  descendiam do clã de Elam, filho de Sem, e do clã de Madai, o filho de Jafet . Portanto uma mistura de semitas e indo-europeus. Elam, que chegou primeiro à região, gerou os elamitas e também muitas tribos semitas que viveram ao sul da Mesopotâmia.

      Madai teria gerado tribos indo-iranianas , assim como também os Partos , os Medos (que também viveram próximos e depois se misturaram aos Persas) e os antigos Àryas ( arianos) que invadiram a Índia.Mais tarde, o próprio termo “ariano” nesse lugar, significaria uma linha mista de semitas e jafetitas( indo-europeus).






      Elam é também o antigo nome da região da Pérsia. Até a época do rei Ciro, as pessoas de lá eram chamadas de Elamitas, e ainda eram frequentemente chamadas assim mesmo na época do Novo Testamento. Em Atos dos Apóstolos 2:9 os judeus da Pérsia que estavam presentes no Pentecostes foram chamados de Elamitas. 

      Até a formação dos clãs tribais, gerações patriarcais , descendentes destes antigos homens, desenvolvimentos culturais e civilizatórios , muitos séculos e milênios passaram. Provavelmente , os descendentes de Elam , por habitarem no sul da Mesopotâmia e terem presenciado o evento épico de Babel, se deslocam milênios depois pouco mais para o leste. Então , apartir de meados de 3.000 a.C., o território do atual Irã foi ocupado por um povo conhecido como elamitas. O nome do próprio lugar e depois reino-Elam, está totalmente ligada ao seu antepassado de mesmo nome (Gênesis 10:22). Elam,  pela história tradicional é um patriarca antigo, filho de Sem , do ramo, portanto semítico, conforme mencionado antes.Noé , nesse caso foi seu avô, assim como foi avô também de Madai.

      Os elamitas eram tribos poderosas e guerreiras, foram inimigos ferrenhos de Acadianos, Sumérios, Babilônios e Assírios.Habitaram na região sul do Irã, no planalto iraniano ao longo dos próximos séculos na sequência. Suas principais cidades foram Ansã e Susa. Mais tarde foram gradualmente eliminados pelo poder do futuro Império Assírio que existiu ao seu lado. O rei Assurbanipal dos assírios esmagou o território do Elam em meados de 700 a.C. 

      Os elamitas chamavam seu país de 

" Halmati ". Os sumérios se referiam a Elam como o país das  “montanhas” ou “terra das montanhas”. Os acadianos chamavam seu povo de elamītu, daí elamita.

        Os antigos persas , descendentes de Madai, começariam sua migração para o planalto iraniano durante o final do segundo milênio a.C., possivelmente vindos do Cáucaso ou da Ásia Central.

( Próximo da Anatólia e ao norte da Mesopotâmia, o Cáucaso, uma das primeiras regiões a ter iniciada migração humana de um modo geral,  pelo mundo afora. Repouso da missão épica de Noé, berçário de onde eclodiram as primeiras gerações humanas e tantas outras mais.)






        Por volta de 1.000 a.C., estes  nômades indo-europeus  chamados de  “Parsa”  ou

 " Parsua " já habitavam parte do território do atual Irã próximo à região que os antigos elamitas viviam. Essas pessoas ficariam conhecidas como “persas”, ancestrais hoje dos iranianos. Os Persas se misturaram aos medos e também aos elamitas que não tinham mais força política na região mas seu povo ainda existia e foram assimilados. 

Os Persas eram povos mesclados com tez morena a morena claro devido a mistura de indo-europeus com semitas descendentes de Elam. Os semitas , no geral , não possuem pele branca e nem negra como os camitas , mas uma tez parda.

       No século IX a.C. o rei assírio, Shalmaneser III, registrou o encontro com um povo que se estabeleceu na área que hoje é o sudoeste do Irã e atendia pelo nome de Parsua. Esta referência, escrita em cuneiforme, aparece em seu "Obelisco Negro", que foi encontrado em 1846 e comemora e registra os feitos e campanhas militares de Shalmaneser III. Os estudiosos sugerem que o obelisco de calcário foi provavelmente gravado em 825 a.C., segundo o Museu Britânico. A referência traduzida aos persas é a seguinte:


"Saindo da terra Namri, recebi tributo de vinte e sete reis da terra Parsua. Seguindo da terra Parsua, desci para as terras Mēsu, Media (Amadāiia), Araziaš, (e) Harhār, (e) capturei as cidades Kuakinda, Hazzanabi, Esamul, (e) Kinablila, juntamente com as cidades em seus arredores ."


        Originalmente , os persas eram um povo pastoril que perambulava pelas estepes com seu gado, eles eram etnicamente aparentados com os bactrianos, medos e partos. No século V a.C. o historiador grego Heródoto os descreveu como divididos em várias tribos diferentes, a mais poderosa das quais eram os Pasárgadas, dos quais o clã Aquemênida fazia parte.





        No primeiro milênio a.C., os persas ficariam bem estabelecidos no sudoeste do Irã, com capital em Ansã, antiga cidade dos elamitas. Os persas eram governados por reis que afirmavam ser descendentes de um rei semimítico chamado Aquemenes. Durante vários séculos, os assírios e mais tarde os medos, um povo indo-iraniano que se estabeleceu no noroeste do Irã, dominaram os persas, de acordo com a Enciclopédia de História Mundial. Mas, em meados do século VI a.C., um governante ambicioso e capaz chamado Ciro chegou ao poder. Mais tarde conhecido como Ciro, o Grande, ele se revoltou contra os Medos, conquistou-os e depois embarcou em uma campanha de conquista, acrescentando os reinos de Lídia, Elam e Babilônia ao seu império florescente. No momento da sua morte em 530 a.C., o seu Império Aquemênida se estendia dos Bálcãs na Europa até a Índia e é considerado um dos maiores impérios, tanto geograficamente quanto em termos de população, do mundo antigo.

      Os Principais Reis e Imperadores Persas e período de reinado foram:  Ciro I (entre 600 e 580 a.C.) - Cambises I (entre 580 e 559 a.C.) - Ciro II, o grande (entre 559 e 530 a.C.) - Cambises II (entre 530 e 522 a.C.) - Dario I (entre 521 e 486 a.C.) - Xerxes I (entre 485 e 465 a.C.) - Artaxerxes I (entre 465 e 424 a.C.)

         







Os Persas na Bíblia


     O rei Xerxes governou 127 territórios em seu reino. Eles chegaram da Índia até Cush ( na África). A história de Ester fala da Pérsia. Ela foi esposa do rei Assuero , que supõe-se ser Artaxerxes (Ester 1:1).


       É assim que a Pérsia é apresentada na Bíblia. Muitos persas históricos foram mencionados na Bíblia, como Ciro,  o Grande, que libertou os judeus do cativeiro na Babilônia através de seu Édito de Restauração em 538 a.C e ajudou-os a voltar para Jerusalém. Ele ajudou o povo judeu a reconstruir seus templos.

       Muitos judeus trabalharam na corte persa e a lei judaica foi reconhecida na Pérsia. Alguns historiadores acreditam que pelo menos um dos três reis magos ou os próprios três que trouxeram presentes a Jesus no momento do seu nascimento eram persas. Eles são chamados de “magos” e um mago na antiga religião persa era um sacerdote do Zoroastrismo.

Mais tarde , os persas foram também algumas das primeiras pessoas a se converterem ao cristianismo.


Que parte da Bíblia menciona os persas?


2 Crônicas 36:22 – Ciro, rei da Pérsia, é encarregado de formular uma declaração em todo o seu reino e colocá-la por escrito no cumprimento da proclamação do Senhor pronunciada por Jeremias.

2 Crônicas 36:23. Ciro, rei da Pérsia, foi designado para construir um templo para o Senhor em Jerusalém, em Judá.

2 Crônicas 36:20. Ele levou para o exílio para a Babilônia o restante, que escapou da espada, e eles se tornaram servos dele e de seus filhos até que o reino da Pérsia chegou ao poder.

Esdras 9:9. Deus mostrou bondade e bondade para com o Seu povo aos olhos dos reis da Pérsia: nova vida e novo viver para restabelecer a casa de Deus. E restaure suas ruínas, e Ele estabelecerá um muro de proteção em Judá e em Jerusalém.

Ezequiel 27:10. Homens da Pérsia, Lídia e Put serviram como soldados no exército.

Esdras 4:3. Zorobabel, Jesua e outros membros da família de Israel se opuseram à oferta dos inimigos de Judá e Benjamim para ajudar a construir o templo de Deus. Como eles estavam determinados a trabalhar nesta tarefa somente para o Senhor, Deus de Israel, como o rei Ciro, rei da Pérsia, lhes ordenou.



Fontes: 


https://www.livescience.com/who-were-the-persians

https://transformiran.com/learn/iran-in-the-bible/

https://armstronginstitute.org/146-uncovering-the-bibles-buried-civilizations-the-persians

 https://gracamaior.com.br/estudos/apologeticos/1387-os-povos-que-surgiram-a-partir-dos-filhos-de-noe.html