quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Os Itálicos

 Cristiano De Mari


Os itálicos ou italiotas (em grego clássico: Ἰταλιῶται; latinizado: Italiotai,  Italioti) foram grupos populacionais pré-românicos (que existiram antes da dominação romana) e que habitaram a Península Itálica até entre Napoli e a Sicília.  Esses povos dedicavam-se geralmente ao pastoreio e à agricultura e posteriormente também à metalurgia.

 São conhecidas atualmente 4 ondas de migrações de povos Itálicos.As primeiras tribos itálicas teriam aparecido no Vale do Rio Pó durante o III milênio a.C. e depois em ondas sucessivas. Dentre elas estavam os Sabinos, Úmbrios, Oscos, Volscos, Lucanos, Vestinos, Marsios, Marrucinos, Liburnos, Frentanos, Faliscos, Érnicos, Équos, Ausônios, Auruncos , Vênetos, Latinos, Apúlios, Messápios, etc... 

Os Itálicos, assim como os Ilíricos, Ibéricos, Cretenses, Bascos, Tessálios e os antigos Pelasgos segundo a hipótese histórico-bíblica, são descendentes em parte do patriarca Tubal, filho de Jafet e neto de Noé. Estes são portanto, os primeiros agricultores neolíticos que migraram da Anatólia para o sul da Europa , ao longo do Mediterrâneo durante a Revolução Neolítica ocorrida 9.000 anos atrás. Uma das primeiras contribuições genealógicas dos itálicos vieram destes povos que depois foram absorvidos pelas próximas ondas migratórias.Dentre estes primeiros povos estavam os Sículos que habitaram a Sicília , os Sardos da Sardenha, os Lígures na costa noroeste da Itália e os Picenos mais ao centro.

Existe um marcador genético de haplogrupo masculino Y que supõe-se estar relacionado às populações descendentes de Tubal. Este marcador genético é o G e variante G-2a. Ele pode ser encontrado ainda hoje no Cáucaso, em países como Armênia e Geórgia, inclusive tendo uma porcentagem bem alta nessas populações. É encontrado ao longo do Mar Mediterrâneo e manifesta o movimento migratório deste clã por via marítima e pelo sul da Europa. Algumas rotas migratórias de populações G-2a foram também feitas adentrando o continente europeu pelos Bálcãs, centro e depois descendo pela Península Itálica.

O Lácio , ou seja, a pátria latina no centro da Itália é um dos pontos mais fortes do haplogrupo G-2a na Europa hoje. O alto nível de G-2a no Lácio pode ser devido à dupla presença dos subclados indo-europeus L13, L1264 e Z1816 e de linhagens neolíticas depois  absorvidas pelo desenvolvimento da civilização romana.

As invasões dos Lombardos , Daneses, Hérulos e Ostrogodos na Península Itálica após a queda do Império Romano resultaram em algumas miscigenações. No sul da Península, alguma influência de origem árabe.No restante, ao que se refere a outros povos que também invadiram, não deixaram marcas tão significativas na genética dos italianos modernos. Visto que, seus dominadores que eram de outras origens étnicas aplicavam apenas um domínio político , com poucas invasões em massa ,  apenas a elite guerreira e seus líderes. Ao passo que, quando voltamos para trás no tempo até a formação do povo romano, aí sim podemos dizer que os itálicos foram resultado de muitas misturas genéticas , e  não somente do haplogrupo G. 

        Os itálicos, descendem também de antigas populações de pastores das Estepes da cultura Yamnaya,  que se expandiram para a Europa a partir da região onde hoje está a Ucrânia e do sul da Rússia no contexto das migrações indo-europeias há 5.000 anos. Portanto, os pastores que pertencem a cultura Yamnaya,  mudaram a população da Europa Central no período neolítico tardio, entre 3.600 a 3.000 a.C.

       Eles trouxeram outros marcadores genéticos que mais tarde desenvolveram variações e são atribuídos às etnias itálicas como variantes do R1b:  haplogrupos R1b-U152 e o R-S28. Eles podem ter se originado na parte central da Europa, quando existia certa proximidade entre os proto-celtas, proto-itálicos e proto-germânicos. 

O R1-b é típico em populações germânico-celtas, mas como no início as primeiras populações  viviam muito próximas e em clãs tribais menores, porém não tão distantes uns dos outros havendo a possibilidade de casamentos essa recorrência de R-1b passa também para povos itálicos.

Inicialmente e recuando mais ainda no tempo,  todos faziam parte de uma pré população chamada de Proto-Indo-Europeus. Com as migrações e distanciamentos , os haplogrupos foram modificando e se diversificando.

Acredita-se que os falantes do itálico, um ramo indo-europeu, tenham cruzado os Alpes e invadido a península italiana há cerca de 3.200 anos, estabelecendo a cultura Villanova e trazendo consigo principalmente linhagens R1b-U152 e R- S28 e substituindo ou deslocando grande parte das populações primevas . Os habitantes neolíticos da Itália procuraram refúgio nas montanhas dos Apeninos e na Sardenha. Hoje em dia, a maior concentração de haplogrupos G-2a e J1 fora do Oriente Médio  encontra-se nos Apeninos, Calábria, Sicília e Sardenha.         

Provavelmente então, existiu uma conexão genética itálica com a céltica criada na parte central da Europa que depois desceu para a Península italiana. Estes itálicos R1b-U152 e R-S28 eram diferentes das primeiras populações que teriam entrado pelo sul da Península navegando pelo Mediterrâneo e que eram puramente G-2a.

  Ou seja, existiram misturas raciais que foram transmitidas aos futuros itálicos, e essas misturas raciais vieram principalmente dos clãs de Tubal e de Rifat , filho de Gomer , ancestral do ramo céltico.

São conhecidas atualmente 4 ondas de migrações de povos Itálicos.As primeiras tribos itálicas teriam aparecido no Vale do Rio Pó durante o III milênio a.C. e depois em ondas sucessivas.Dentre elas estavam os Sabinos, Úmbrios, Oscos, Volscos, Picenos, Lucanos, Lígures, Vestinos, Marsios, Marrucinos, Liburnos, Frentanos, Faliscos, Érnicos, Équos, Ausônios, Auruncos , Sículos, Vênetos, Latinos, Apúlios, Iápiges, Messápios, etc...




Vindos de além dos Alpes, da planície danubiana e anteriormente da Ásia Menor, fixaram-se ao longo dos rios e dos lagos da Itália do nordeste, ali vivendo em aldeias de palafitas. Passam depois a terra firme, nas regiões a sul do Pó. Os restos das suas aldeias foram chamados “terramare” (dos termos latinos terra e mare; obtendo também o sentido de “terra gorda”, formada com os restos orgânicos desses povoados).

A técnica romana de construção dos acampamentos apresenta características comuns com a “planta” destas aldeias: o fosso, a cerca defensiva, a disposição perpendicular das ruas, segundo os pontos cardeais. Devido à cremação dos seus mortos, os Itálicos são considerados, por alguns, como antepassados distantes dos latinos (e dos Faliscos e Sículos, mas, quanto a estes dois últimos povos, apenas pelas afinidades dos respectivos idiomas com o latim).

Uma outra onda migratória de povos itálicos, etnicamente aparentados aos primeiros pela sua afinidade linguística, irá aparecer na península itálica no final do II milênio (por volta de 1200-1100 a.C.)São considerados pela maioria dos autores contemporâneos os antepassados dos povos que se estabeleceram em regiões montanhosas dos Apeninos (Úmbrios, Picenos do sul, Sabinos, Samnitas e Lucanos), e que depois costumou-se denominá-los por Sabélios (os Sabelos eram uma pequena tribo vizinha dos Sabinos. O termo latino Sabelli servia aos Romanos para designar quer ora os Sabinos, quer os Sabelos ou também Úmbrio-Oscos , quando o mais correto seria chamar-lhes Úmbrio-Samnitas.

É possível que parte dos antigos habitantes das regiões que ocuparam tenha se fundido com esta segunda onda de migrações. Outros terão sido repelidos para regiões menos hospitaleiras, sendo certo que os Lígures (região de Gênova-Ligúria) apenas se mantiveram na zona noroeste dos Apeninos e os Sículos apenas na Sicília.





A Itália esteve densamente povoada pelo menos desde os tempos neolíticos. A difusão das tecnologias metalúrgicas aparentemente ocorreu devido à migração de novas populações, que poderiam ter se organizado patriarcalmente e teriam falado línguas indo-europeias.

 Modernamente 4 ondas de migrações vindas dos Alpes ao norte são conhecidas:

Uma primeira onda migratória, provavelmente indo-europeia, ocorreu por volta do III milênio a.C. Características deste período são as estatuárias do tipo "menir", que frequentemente apresentavam signos solares gravados e signos indo-europeus aparentemente distintivos.

Uma segunda onda entre o final do terceiro milênio e o início do segundo milênio a.C. levou à disseminação de populações associadas à cultura do copo e do bronze na planície Padana, na Etrúria e nas áreas costeiras da Sardenha e da Sicília.

Para meados do II milênio a. C., uma terceira onda correspondente à cultura "terramare" e ao subgrupo de povos itálicos conhecidos como Latino-Faliscos que difundiram o uso do ferro e a incineração dos mortos.

No final do II milênio e na primeira metade do I milênio a. C., há uma quarta onda associada à cultura dos campos de urnas e ao subgrupo de povos itálicos conhecidos como Osco-Úmbrios e Vênetos.

Fontes:

*<https://curiosidadesmisteriosantigos.blogspot.com/2015/06/latinos-saga-de-um-povo.html?m=>
*Enciclopédia Britânica.

*<https://historicodigital.com/italia-antes-de-roma-las-culturas-prerromanas.html>
*<https://www.prin-italia-antica.unifi.it/sitemap.html>
*<https://www.treccani.it/enciclopedia/italici>
* < https://www.google.com.br/amp/s/www.studiarapido.it/popoli-italici/%3famp, L' italia prima di Roma.>
Livro: Gli antichi italici, Giacomo Devoto, Firenze, Vallecchi, 1951.
Livro: Gli indoeuropei e l'origine d'Europa , Francisco Villar, Bologna, il mulino, 1997.
<https://www.google.com.br/amp/s/www.storicang.it/a/i-popoli-italici-litalia-prima-di-roma_15064/amp>