sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Origens dos antigos Dórios

 Cristiano De Mari


       Dodan , Dodanim (forma no plural hebraico) ou Rodanim (variação do texto hebraico) foi um personagem do Antigo Testamento, o quarto filho de Javan , que era filho de Jafet, filho de Noé. Dodanim foi portanto, segundo o Livro de Gênesis um bisneto de Noé. Os irmãos de Dodanim, foram Elisáh, Társis e Quitim. 

      Assim como Javan foi relacionado como o ancestral de todos os gregos ou dos jônios, os descendentes de Dodan foram identificados como os progenitores de outros grupos de gregos, em particular aos antigos habitantes da ilha de Rodes e também ao clã dos antigos Dórios, fundadores de Esparta. Assim acredita-se que os Dórios ou Dodanim vieram das ilhas do mar Egeu, em particular da ilha de Rodes vindo depois habitar a Grécia continental. Teriam sido portanto a princípio povos do mar. Uma outra teoria diz que vieram do norte descendo pela Macedônia e entrando na Grécia, o que pode ser provável também, mas a primeira teoria é mais sustentável.


       Segundo registros histórico-bíblicos os espartanos eram descendentes do patriarca Dodanim (Dórios) tido em outras traduções como Rodanim , filho de Javan, assim como seus irmãos Elisáh ( Eólios), Quitim (Aqueus - civilização micênica) e Társis ( gregos do sul da Hispânia- Tartessos) teriam dado origem a todas as tribos gregas.

       No livro Crônicas de Jerameel, uma coletânea de eventos bíblicos misturados com história romana, dados geográficos e genealogias, os filhos de Dodanim são: 


     * Iteb, Bēath e Faneg, de acordo com o livro de Antiguidades Bíblicas com autor desconhecido conhecido como Pseudo-filo (c. 70), o último destes, 

      *Faneg , é tido como um príncipe dos Jafetitas na época dos eventos da Torre de Babel, que dividiram entre si as terras da Pérsia, Média e as ilhas do mar Mediterrâneo. Faneg, filho de Dodanim, foi o primeiro a navegar com barcos no mar.

      Os Dórios têm sido também relacionados supostamente com o povo Dardanoi ou Dardânios.



       O "-im" de " Dodan-im " é um sufixo correspondente ao plural na língua hebraica, e os habitantes da ilha de Rodes foram também chamados de Rodanim ou Dodanim. Manuscritos hebreus tradicionais são divididos entre as pronúncias Dodanim e Rodanim — onde uma delas é um provável erro do copista, como as letras hebraicas para R e D são parecidas no hebraico podem ser muito confundidas. 

  O Pentateuco samaritano registra Rodanim invés de Dodanim (povos vindos de Dodan).

     Kenneth Kitchen; professor emérito de egiptologia e membro honorário de pesquisa em arqueologia, estudos orientais e clássicos da Universidade de Liverpool, Inglaterra, apresenta duas etimologias possíveis adicionais. Em uma delas sugere que Dodanim e Rodanim foram reduzidos de Dordanim ocasionado pela perda de um "R" médio em do texto hebraico original de Gênesis 10:4 (Dordanim > Dodanim) e de um "D" inicial em I Crônicas 1:7 (D- ordanim, Rodanim). 


Nota: " Existem três famílias de vocalização do texto hebraico massorético ou massoreta : o de Jerusalém, o de Tiberíades e o da Babilônia e duas famílias de edição consonantal e glosas, a de ben Naftali e a de ben Asher.A pronúncia está dividida em três, a sefárdica, a asquenazi e a iemita. Apesar de mínimas, há diferenças semânticas quando ocorre pronunciado em voz alta."


    O povo Dardanayu ( os Dardânios ) em uma lista egípcia de povos egeus feita pelo faraó Amenófis III e a maioria de povos do mar Egeu e Troia aliados dos hititas contra Ramessés II na Batalha de Kadesh em 1275 a.C poderiam estar ligados a estes antigos Dodanim, sendo talvez uma variante tribal.

      Ele também sugere que o nome Dodanium deve ser uma forma alterada de Danunim, um antigo povo do Oriente Próximo mencionado nas cartas de Amarna, cuja origem e identidade é até agora cercado por uma "dúvida considerável".

      As tentativas de identificação dos povos do mar listadas em documentos de língua egípcia estão nessa situação: Ecues (Ekwesh), um grupo de gregos da Idade da Bronze (Aqueus; Ayaua em textos hititas); Teres (Teresh), Tirrênios (Tyrsenoi), conhecidos dos gregos como marinheiros e piratas da Anatólia, antepassados dos etruscos; Luca (Luka), um povo litorâneo da Anatólia Ocidental, conhecido também das fontes hititas; Serdém (Sherden), provavelmente sardenhos (os Serdem agiram como mercenários egípcios na Batalha de kadesh de 1299 a.C.); os Shekelesh, provavelmente idênticos com a tribo siciliana chamada Sículos; Peleshet, designado para identificar os filisteus, que talvez tenham chegado de Creta e foi o único grupo dos povos do mar a se estabelecer permanentemente em Palestina. Identificações mais adicionais de outros povos do mar mencionados nos originais são muito mais incertas.

        No tocante aos Dórios, foi na Odisseia do poeta grego Homero que são mencionados pela primeira vez na literatura grega antiga. No poema, os dórios habitavam a ilha de Creta. 

        Por volta de 1200 a.C., os dórios habitaram diversas regiões da Grécia que, aos poucos foram conquistando, nas regiões da Ática, Peloponeso, Ilha de Creta. Os dórios tinham uma cultura e um dialeto próprios, embora não dominassem a escrita.

        Com forte característica militar, eles chegaram a dominar diversas partes de maneira violenta, destruindo e incendiando cidades da cultura micênica ao matarem diversas pessoas.

      Isso propiciou a miscigenação dos povos e a mescla de culturas das civilizações que já existiam na região: aqueus, jônios e os eólios.

        Muitas cidades foram fundadas pelos dórios as quais se transformaram em importantes núcleos urbanos: Argos, Corinto, Mégara e Rodes. No entanto, a maneira belicosa dos dórios fez com que a cultura grega atingisse tal retrocesso e por esse motivo, o período ficou conhecido como “Idade das Trevas” na Grécia.

       Como consequência da invasão dórica, diversas pessoas se dispersaram e fugiram para outros locais. Esse movimento ficou conhecido como “Primeira Diáspora Grega”. Isso possibilitou a criação de diversas cidades-estado e uma nova organização na estrutura social que, mais tarde, seria comandada pelos Genos (unidades familiares).

         Vale lembrar que grande parte dos espartanos que viviam em Esparta eram de origem dórica, o que explica o caráter belicoso da sociedade espartana. Esse ataque truculento, pôs era fim ao período pré-homérico da história grega.




Fontes:

Crônicas de Jerameel

Bíblia Sagrada

Antiguidades Bíblicas

Antiguidades Judaicas

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