A Aurora da Civilização
Cristiano
De Mari
1- Introdução
Num
artigo anterior escrevi sobre a Tabela das Nações e a teoria na qual por ela
explica-se a origem dos povos a partir dos 3 filhos de Noé : Sem, Cam e Jafet que
salvaram-se das águas do Dilúvio Bíblico. Esse cataclismo abalou as estruturas
da Terra e já é bem aceito hoje não só por defensores do criacionismo, mas também pela Teoria do Design Inteligente e até setores da comunidade científica , mesmo que com teorias
diversas. Esse evento catastrófico está relacionado com os mitos do
desaparecimento de Atlântida e outras terras e pode ser datado, alguns sugerem
a data de 10000 a.C , que aprendemos na escola ser o início do Período Neolítico
, onde logo depois temos o “aparecimento da agricultura , domesticação de
animais, etc... indo até o IV milênio a.C com o aparecimento da escrita e das
primitivas origens da civilização no quesito impérios. Digo isso porque antes do
IV milênio e antes mesmo destes primeiros impérios e dominações, existiram
diversas culturas urbanas catalogadas pelos arqueólogos, com algum
grau de organização mas ainda assim, povoados, ligados por laços tribais ,
culturais e modos diferentes de trabalhar a cerâmica , de construir suas
cabanas, de enterrar seus mortos , de prestar culto aos deuses.
Várias
destas culturas, comunidades e cidades primitivas da Mesopotâmia e arredores foram
descobertas: Çatal Huyuk ( 7000 a.C.) na Turquia , Jericó ( 7000
a.C.) na Palestina , as culturas de Samarra (5000 a.C.) , El-Obeid (6500 a.C.),
Ubaid ( 5300 a.C.). Todas estas e muitas outras , sem sombra de
dúvidas, relacionam-se à populações que descenderam dos filhos de Noé e ali permaneceram ,
praticamente seus netos e suas proles.
Muitos
dos antigos patriarcas netos de Noé como Assur, Nimrod, Arfaxad, Aram, Madai viveram ali em seus assentamentos com suas famílias e clãs tribais, e mesmo após
a dispersão dos povos em Babel muitos continuaram pela Mesopotâmia.
O primeiro povo ou civilização a ser mencionado na Mesopotâmia após estas primitivas culturas urbanas tribais com grande organização política, militar , agrícola, com conhecimentos grandiosos em astronomia, religião, e com uma escrita própria chamada de cuneiforme foram os Sumérios. Suas origens remontam a 3200 a.C. Tentaremos explicar sua origem histórica.
2-
Origens dos Sumérios e o patriarca Cush
Muitos
estudiosos concluíram que os fundadores da primeira civilização da Mesopotâmia
(Oriente Médio) eram sumérios e provavelmente eram negros. Mesopotâmia , terra
entre rios em grego , era a terra bíblica da planície de Sennar (Shumer), que surgiu em torno de 3200 a.C.
Depois
de decifrar os escritos cuneiformes e pesquisar a antiga Mesopotâmia durante
muitos anos, Henry Rawlinson (1810-1895) descobriu que os fundadores da
civilização eram de origem cushita, descendentes de Cush neto de Noé filho de
Cam. Ele deixou claro que os habitantes semitas de Acad e os povos
não-semíticos da Suméria eram pessoas negras que chamavam a si de
SAG-GIG-GA ou "Homens de Cabeças Pretas". Os sumérios chamavam seu país de 'KEN.GI(R)' – “ terra dos senhores civilizados” .
Escultura, cabeça de Gudea , rei sumério
De
fato Cush que deu origem aos povos africanos negros no geral, etíopes, núbios e
demais nações africanas , também teve filhos que se espalharam pelo sul da
Arábia e consequentemente atingiram as terras onde é a Índia e a Oceania.Como exemplo disso temos os patriarcas: Regma, Hévila e Dedan.
John
Baldwin escreveu em seu livro "PreHistoric Nations" (1869): "Os
primeiros colonos da Babilônia eram da mesma raça que os habitantes do Alto
Nilo".
Isso
foi corroborado por outros estudiosos, incluindo Chandra Chakaberty, que afirmou
em seu livro "A Study in Hindu Social Polity" (1923) que "com
base nas estatuetas e estátuas da Babilônia, os sumérios eram de tez
escura, baixa estatura, mas de corpo robusto, rosto oval, nariz mais largo diferente dos semitas , cabelo
liso, cabeça cheia; eles geralmente se pareciam com os dravidianos, não apenas
em crânio, mas quase em todos os detalhes ".
Os dravidianos ou
drávidas são grupos étnicos do sul do subcontinente indiano. São considerados como
uma das populações mais antigas do sul da Índia, Paquistão, Afeganistão, Nepal,
Maldivas, Bangladesh e Sri Lanka.
Algumas teorias sugerem portanto que os sumérios vieram da Ásia. Segundo Arborio Mella, 2008:
“
Há por outro lado, os que os imaginam a descer do nordeste, dos montes da
Média, ou diretamente do Cáucaso.A base desta teoria é a língua dos sumérios,
que tem semelhanças estreitas com as línguas ditas proto-turcas, , ou turco-tártaras,
ou uralo-altaicas., isto é, da Ásia Central.”
A
língua suméria não ajuda a identificar suas origens, porque parece não ter
relação com nenhuma outra língua do mundo. No entanto, sabe-se que é uma língua
aglutinante como turco, húngaro e finlandês; ou seja, as palavras são
construídas adicionando prefixos e sufixos à palavra principal. No entanto
várias línguas africanas também tem característica aglutinante.A língua dravidiana do
sul da Índia é aglutinante. Exemplos de línguas africanas ou de origem africana
aglutinantes: dravidiano, línguas congolesas, suailí,
o zulu, e o malaio na Ásia.
Há também quem os considere oriundos diretamente da Índia, pelo mar ou vindos pelo sul da Arábia. Tal teoria é assim explicada por Arborio Mella:
“
Algumas divindades sumérias eram veneradas também em Melukhkha , na costa
oriental do Golfo Pérsico, e seus primeiros povoados situados nas praias do Golfo.”
Ainda
mais , a teoria está apoiada nos fatos de que aparentemente, esse povo surgiu
no sul, através do Golfo Pérsico. A literatura deles fala que sua terra natal é
Dilmun, o que pode ter sido uma das ilhas do Golfo Pérsico, como o Bahrein.
Dilmun também era chamada de Telmun.Essa região está associada a sítios arqueológicos
muito antigos na ilha do Barheim,
no Golfo Pérsico. Devido à sua localização junto à
rota de comércio marítima que ligava a Mesopotâmia ao Vale do Rio Indo e sua civilização, Dilmun desenvolveu-se fortemente durante a Idade do Bronze, por volta do IV milênio a.C., tornando-se um dos maiores
entrepostos de comércio do mundo antigo.
Esta terra está na base de um mito de criação dos sumérios , onde teria sido deificado o herói sumério do dilúvio , Ziuzudra (nome sumério de Noé , na Babilônia - Utnapitshim. Após seu real declínio, Dilmum desenvolveu uma mitologia estilizada envolvendo jardins de exótica perfeição de forma tal que parece ter chegado a influenciar o conceito de Jardim do Éden. Também, num processo às avessas, baseando-se no tópico de forma mais literal, alguns tentaram estabelecer a presença dum paraíso em Dilmum.
Segundo José F.H.Lobo, no seu texto “Entre a Mesopotâmia e os Indus” :
......” Era ideia mais ou menos estabelecida que os sumérios tinham vindo duma área ao norte da Mesopotâmia onde havia lagos, talvez da zona onde hoje se encontra a Armênia. Os próprios sumérios diziam ser oriundos da enigmática "Dilmun", a pátria do fabuloso animal cujo corpo tinha uma metade de homem e outra de peixe, e que fora um "herói de civilização" ao ensinar-lhes o cultivo e a irrigação das terras. Foi em "Dilmun" que o único sobrevimente do dilúvio, Xisuthros ou Ziusudra recebera a vida eterna, e foi aí que Gilgamesh, outro herói mítico, o foi visitar. O problema reduz-se pois a estabelecer em bases seguras da localização de "Dilmun" que até agora fora considerada como situada ao norte da terra de Shumer ou Sumir. Se é ponto assente que as conquistas fundamentais da revolução neolítica (o cultivo e a domesticação) vieram das terras acidentadas ao norte da Mesopotâmia, o povo que nela as introduziu não era o sumério..[.....]É pois admissível, em face dos achados em que se falou, que os sumérios tivessem chegado do sul e se instalassem nas terras que uma população mais antiga, vinda do norte, tinha começado a valorizar. Um novo tipo de cerâmica, a invenção da escrita e do cilindro-carimbo, a arquitetura monumental são aspectos que assinalam a presença dos sumérios a partir da época de Uruk, tanto no sul da Mesopotâmia como no Elam (c. 3400-3100 a. C.). A presença de antigos elementos culturais em ilhas do Golfo Pérsico vem dar apoio à viabilidade histórica da legenda de Dilmun. Bahrein situada mais ao sul, teria sido ocupada e civilizada primeiro pelos que seguissem para o setentrião vindo das terras austrais. Por volta de 2500 a. C. foi arrasada por um povo inimigo, e as relações com a Mesopotâmia cessaram então. E' na história da Suméria que vamos buscar confirmação para este fato deduzido pelos arqueólogos do que encontraram em Bahrein. Efetivamente a partir desta data começa a rarear o lápis-lazuli na Mesopotâmia. Esta pedra preciosa que na opinião dos historiadores viria da Índia por via terrestre, e também por via marítima, (tendo em conta a importância das ilhas do Golfo Pérsico no tráfico), desapareceu do mercado ou quase, assim que foi cortado o caminho pelo mar. Um povo diferente do sumério teria então dominado no Golfo Pérsico, destruindo bases e feitorias como era Bahrein, e interrompendo as relações entre a Mesopotâmia e as terras a sul e a leste. Talvez se tratasse duma operação militar levada a cabo por semitas, em concordância com a que no norte os tornou senhores da Mesopotâmia (império de Acad). É por essa ocasião que começa a desenvolver-se o centro mercantil de Failaka, o que poderia atribuir-se ao fato de ter cessado a talassocracia de Bahrein. Tal é a hipótese que o estado atual da investigação arqueológica no Oriente Próximo permite arquitetar, e que futuros achados poderão robustecer ou anular. “
Descarto
a teoria asiática, a minha opinião é a de que os sumérios tem próxima relação
com os indianos do sul. E em se tratando da questão de Dilmun, sim é possível averiguar
que com grande chance de certeza os sumérios seriam oriundos das terras ao sul
do Golfo Pérsico, o que colabora com a teoria das migrações da Tabela das
Nações em que vários descendentes de Cush penetraram na Península Arábica atravessando
o Mar Vermelho na altura da Núbia onde hoje estão localizados os países do
Sudão e Eritreia , atingindo logo depois o Golfo Pérsico e posteriormente as
terras da Índia.
Por
questões culturais, características físicas , raciais e realizações, os
sumérios aproximam-se muito dos descendentes de Cush, este patriarca que teve
filhos que habitaram a Mesopotâmia junto a maior parte dos semitas que lá
viviam, seus nomes eram Assur e Nimrod. Falaremos sobre este último no próximo tópico
pois considero como um dos grandes geradores deste povo.
3-
O patriarca Nimrod
“Cush gerou também Nimrod, o qual começou a ser poderoso na Terra.Era um robusto caçador diante do Senhor. O princípio de seu reino foi Babel, Arac, Acad e Calné na terra de Sennar. Daquela terra foi para Assur e edificou Nínive e as praças da cidade, e Cale e também Resen.” Gênesis 10 , 8 -12.
No
capítulo 10 do Gênesis existe um registro no qual pela versão bíblica,
teria sido fundadas as cidades de Babel (futura Babilônia) , Arac ( também chamada de Erech ou Uruk) e Calné, por Nimrod
filho de Cush, designado como “ grande caçador do Senhor”, o primeiro a ter um império
na história, na região de Sennar. ( Sennar é o termo hebraico que designa a antiga região da Suméria - Shumer)
Assim entendemos que o primeiro império segundo os Hebreus, pela via da Bíblia, teria sido localizado no sul da Mesopotâmia, a terra de Sennar, pelo fato de as cidades-estado referidas estarem lá localizadas: Acad, Babel que seria Babilônia, Arac que seria Erech-Uruk (uma das principais cidades sumérias e berço de Gilgamesh), sendo que Calné estaria localizada ao norte da Síria entre Carquemish, no rio Eufrates, Cale (Kalakh) localizada entre o Rio Tigre e a Cordilheira dos Zagros e Resen entre a cidade de Cale e Nínive.
Nimrod é identificado como um caçador,
condição muito presente nos heróis lendários Sumérios (o próprio Gilgamesh era
identificado como um). Não só a ideia de caçador mas das outras elementares
profissões humanas onde se junta o pescador e o pastor (o lendário Dumuzi esposo
da deusa Inanna era pastor), profissões essas que têm em comum o domínio da
criatura selvagem, característica marcante para identificar atos heroicos
.
Sobre o fato de Nimrod ser neto de Cam, por isso não
semita, pode ser um indício de que associaram-no a uma etnia que teria povoado aquela região
anteriormente (Sumérios?) que se sabia que não eram semitas e por isso
identificaram-no como camita, como um povo do Sul, regionalmente mais perto que
os descendentes de Jafet do norte (brancos, caucasóides). Alguns historiadores têm
tentado identificar historicamente Nimrod com Gilgamesh, Sargão ou
Naramsin.
Também
atribui-se a ele a fundação da Assíria que eram na sua maioria descendentes de
Sem pelo filho Assur (não confundir com Assur filho de Cush que é outro patriarca que também habitou lá). Muito
provavelmente este fato bíblico foi um retoque que os Hebreus deram para
explicar que a aptidão dos Assírios pela tirania teria sido uma herança de
Nimrod, fato esse relatado em Miquéias onde ele identifica a Assíria como "maldita terra de Nimrod".
Além
de Arac-Erech (Uruk) que tem o prefixo “ Ur-Urim ”, a Bíblia
menciona o nome de outra cidade suméria, a mesma que protagonizaria o último
momento de glória desta civilização, Ur cidade onde nasceu Abraão. É curioso que o nome
desta cidade deve ter chegado ao vocabulário dos Hebreus seguindo o mesmo fenômeno
de Shumer/Sennar, pois a palavra suméria para a palavra cidade era na verdade Urim,
mostrando que os autores da Bíblia apenas aproveitaram a maneira como se
pronunciava o nome da cidade, Ur.
4- Um pouco de Cultura Sumeriana
O
povo pós-diluviano responsável pelos primeiros templos e palácios monumentais,
pela fundação das primeiras cidades-estado e provavelmente criado uma forma de
escrita organizada tudo entre 3200 a 3000 a.C. foram os Sumérios.
Além
da água e comida encontradas em abundância na região da Mesopotâmia, outro
fator que explica a sedentarização dos Sumérios foi a segurança com que viviam lá,
pois aquela área é cercada por algumas cadeias montanhosas ao norte e à oeste,
pelo Golfo Pérsico ao sudoeste, e pelo deserto da Síria ao sul e leste. Isso os
dava uma grande proteção a ataques de outros povos que viviam nas proximidades
dali.
Os
primeiros sinais escritos são pictográficos. Os pictogramas são sinais que,
através de uma figura ou de um símbolo, permitem desenvolver a representação de
algo.É a forma de escrita pela qual ideias e objetivos são transmitidos através
de desenhos.
Suas origens na antiguidade são a escrita cuneiforme e os hieróglifos.
Um
pictograma para flecha, por exemplo, quer dizer flecha em qualquer idioma.
Alguns séculos mais tarde, entretanto, estes sinais foram usados para
representar valores fonéticos sumérios e palavras sumérias. O pictograma para
uma flecha passa a ser usado para representar 'ti', a palavra suméria para
flecha, e também para o som fonético 'ti' em palavras não relacionadas com
flecha.
Acredito
que os sumérios não foram os primeiros a usarem pictogramas, mas no mínimo eles
são responsáveis por rapidamente adotar e expandir a escrita no estilo
cuneiforme por toda a região da Mesopotâmia. Eles e os demais povos que os
precederam a usaram nas suas necessidades de contabilidade (as primeiras
tabelas são predominantemente de natureza econômica).
Desenvolvem
a agricultura com técnicas de irrigação e drenagem de solo, construção de
canais, diques e reservatórios, utilizando instrumentos de tração animal.
Segundo Portal São Francisco , endereço https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/civilizacao-sumeria, acesso em 16/09/2021:
“Constroem
templos de elaborada arquitetura, que servem como centro político, religioso e
econômico............Na matemática instituem o método de dividir o círculo em
seis partes iguais.
Na Suméria, os princípios componentes do universo eram o Céu e a Terra, designados pelo termo an-ki, um composto que significava “Céu-Terra”.Pensavam a Terra como um disco chato e o céu, um espaço vazio, fechado na parte superior e na inferior por uma superfície sólida com a forma de uma abóbada.O que concretamente eles imaginavam ser esta sólida superfície celeste, ainda não se sabe bem.
Se levarmos em conta que o nome sumério para estanho era “metal-do-céu”, pode-se pensar que supunham que a abóbada celeste era feita deste metal.Entre o Céu e a Terra afirmavam existir uma substância, de nome lil, palavra com um significado aproximado de “vento” (ar, sopro, espírito), com características especiais de movimento e expansão (o que se compara com a nossa noção de atmosfera).Da mesma matéria que o lil, eram constituídos o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas, acrescentando-lhes contudo, a luminosidade.
Rodeando
o complexo “Céu-Terra”, por todos os lados, tanto por cima quanto por baixo,
existia o oceano infinito, no meio do qual o universo se mantinha fixo e
imóvel. Esse mar primordial foi o primeiro elemento do universo responsável
pela criação de um céu abobadado sobreposto a uma Terra plana e com ela unido.
Numa fase posterior à da separação do céu e da Terra, teve início a existência das plantas, dos animais e da vida humana.É provável que os sumérios considerassem os corpos luminosos – Lua, Sol, planetas e estrelas – criados, de algum modo, a partir da atmosfera.
O
deus Sol e a deusa Vênus são referidos nos textos sumérios como filhos do deus
da Lua (depois dela ter sido também criada pela atmosfera). O mesmo se pode
afirmar dos restantes dos planetas e estrelas, os quais são descritos como “os
grandes seres que caminham ao redor [da Lua] como bois selvagens” e “os
pequenos seres que estão espalhados ao redor [da Lua] como grãos”.
As
informações que permitem a reconstrução da cosmologia sumeriana foram retiradas
de mitos e narrativas que refletem uma condição primordial. Assim,
influenciados e fundamentados pelos mitos, os sumérios desenvolveram e
descobriram uma série de possibilidades junto às observações do céu.
O
dia foi dividido pelos sumérios em 24 horas iguais: doze danna, isto é,
horas duplas. É dessa divisão do dia que provém a divisão do círculo, em
relação com o sistema astronômico de origem aparentemente sumeriana. Estes
círculos foram encontrados em tabuinhas sumérias de argila na Baixa Mesopotâmia,
nas quais estão traçados três outros círculos concêntricos, divididos em doze
seções por doze raios.
Em cada um dos 36 campos assim obtidos, se encontra o nome de uma constelação e números simples, cujo significado não se explica. Parece que a representação constitui um mapa celeste indicando três regiões do céu, cada uma dividida em doze partes, atribuindo-se a cada constelação números característicos. Esses números estão relacionados a uma espécie de calendário de doze meses, bastante simples e muito semelhante ao dos egípcios.O calendário era regulado por aqueles dias em que a Lua, depois de ter desaparecido na luz solar, reaparecia no ocidente depois do pôr do sol. Deste modo, se chegou a um calendário lunar e solar, usado na Suméria e na Acádia, que consistia em anos de doze meses lunares.Às vezes era necessário agregar mais um mês, formando ciclos anuais de treze meses, para que o calendário estivesse de acordo com as estações.
Em princípio, esse décimo terceiro mês se intercalava segundo o ano que tivesse doze ou treze luas.Sabe-se também que os sumérios reconheciam três paralelos principais: equatorial ou caminho das estrelas de Anu, tropicais ou caminhos de Enlil (Câncer) e Ea (Capricórnio).Esses três caminhos se dividiam também em 12 danna e 360 graus.”
5- Considerações Finais
A origem dos sumérios ainda é e será muito debatida. Até agora pode ser considerada como a Aurora da Civilização Pós-diluviana. Não tenho dúvidas quanto suas origens patriarcais e sua ascendência reportando a Cush e a Nimrod. Por descenderem de Cush isso não significa que eram iguais aos africanos da Núbia ou dos etíopes modernos, mas possuíam pele escura e eram muito parecidos com os povos da Índia que vivem mais ao sul.
Muitos fatos contribuem para isso, questões bíblicas, étnicas e linguísticas. Sua
linguagem do tipo aglutinante é muito semelhante a de alguns povos africanos e era
muito parecida com a do povo Tamil, dravidianos do sul da Índia , de pele escura.
Construíram uma cultura admirável e suas descobertas serviram como base para
diversos povos da antiguidade.
A estrutura social dos
Sumérios organizava-se em torno de grandes cidades-estado, como as cidades de
Ur e Uruk. Essas grandes cidades eram distribuídas arquitetonicamente ao redor
das burocracias sacerdotais e dos templos. As terras em torno das cidades eram
tratadas por sistemas de irrigação que funcionavam a partir de rios próximos.
Era uma civilização muito evoluída considerando-se as tecnologias disponíveis
na época. Foram pioneiros na construção da ideia de urbanização após a desolação
e dispersão dos povos pelo globo, migrando de culturas comunitárias tribais e
patriarcais para um conceito político de dominação de territórios. Conviveram
com povos semitas e muitos destes os serviram e viveram em seus domínios no
período de seu auge. Após esse período, quatro cidades-estado se tornaram mais
fortes do que as restantes: Kish, Uruk, Ur e Lagash. Essas cidades, então,
começaram conflitos buscando a hegemonia pela região, o que as
tornou fracas e suscetíveis à invasão dos semitas Acádios.
6- Referências
Bíblia Sagrada, 21ª edição, Edições Paulinas , São Paulo, 1965.
Dos Sumérios a Babel. Mella Arborio, Federico A.Editora Hemus, São Paulo, 2008.
<https://socientifica.com.br/quem-foram-os-antigos-sumerios-e-quais-legados-eles-deixaram-para-tras/>
<https://core.ac.uk/download/pdf/78464304.pdf> José F.H. Lobo
<https://www.historiadomundo.com.br/sumeria/sumerios.htm
<https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/civilizacao-sumeria>