segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Os tempos antigos: Eras obscuras na história humana

 Cristiano De Mari


      Quando fala-se de Eras Obscuras ( no inglês Dark Ages) é no sentido de que existiam e existem muitas informações vagas que nos permitem criar várias teorias acerca de algo relacionado à antiguidade. São informações que não temos muitos detalhes, pois são produto de épocas imemoriais , ou seja, de que não resta muita memória devido sua antiguidade. Mesmo assim o esforço empregado por muitos pesquisadores é notório, no que se refere às descobertas, decifrar códigos e escritas, recolher evidências e assim por diante, muitas peças podem se encaixar no grande quebra-cabeça que são os estudos sobre as origens.

      Auxiliados pela arqueologia, etnologia, linguística e tantas outras ciências os pesquisadores dispunham de ferramentas óbvias e confiáveis para revelar o passado. Só que muitas vezes era feito de forma errada; não o estudo em si,  mas a análise global dos fatos , das evidências que apontam sim para uma conformidade com a história bíblica. Assim também é quando falamos das Eras passadas ( Neolítico, Mesolítico, era dos Metais) , dos primeiros clãs, do surgimento e das realizações primárias do ser humano. Graças a muitos estudos como estes , a ciência entra em conformidade com a teologia em muitas questões modernamente falando, ou seja, não era a falta de estudo, nem excesso de pragmatismo, mas a devida atenção em catalogar, situar e entender tudo de forma contextualizada sem esquecer a palavra revelada.


Trechos com minhas adaptações do livro Ipso Facto: uma exploração científica sobre o Velho e o Novo testamento, de Don Leichel.

      * Acima de 10.000 a.C : 

O aparecimento do Homo Sapiens na face da Terra , histórias de terras antigas, desaparecidas ou inundadas , Continente de Mu, Atlântida, evidências de humanos antediluvianos , ciência antediluviana , megálitos , princípios matemáticos e muito mais . Amostras de DNA mitocondrial apontam para uma descendência única de todos os humanos independente da raça a uma mulher ancestral que teria vivido há 150.000 anos. Os cientistas a chamaram de " Eva mitocondrial." Independentemente da nomenclatura que a ciência quer impor e também do tempo que ela relata ter ocorrido, que pode ser revisto, essa é de fato a nossa primeira ancestral materna, a própria Eva.

      Ainda não sabemos com exatidão a localização do suposto Jardim do Éden,  o qual não creio ter sido totalmente figurativo, deve ter ocorrido algo também no espectro físico. Certo é que houve um êxodo , uma migração das regiões populosas do entorno do limite do já proibido Éden para o antigo Oriente Próximo. A superpopulação no período pré-diluviano exigiu migrações para a Índia e a Ásia Central, seguidas pela colonização do continente europeu.

     * 10.000 a 8.000 a.C:  Datado em torno de  10.000 a.C, o dilúvio bíblico no qual Noé e sua família se salvaram, provavelmente fora causado por uma reação climática em cadeia ( ventos, tsunamis, chuvas torrenciais, atividades sísmica vulcânica, terremotos) após um dramático congelamento rápido no Círculo Polar Ártico como resultado de uma ligeira mudança no eixo da Terra. Evidências apontam para queda de cometas e asteróides, como causadores desse impacto climático global, isso é praticamente uma realidade concebível.

      O grande frio provocou a extinção de grandes mamíferos, como os mamutes no final da Era do Pleistoceno. A Arca de Noé parou no sopé do Monte Ararat. A aliança de Deus com Noé foi transmitida aos seus filhos, Sem, Cam e Jafet. Do sopé das colinas, seus descendentes aventuraram-se nas planícies aluviais de Sennar ( futuramente a região da Suméria) conscientes da promessa de Deus de não causar novamente um Dilúvio. Deus repete seu comando do Gênesis para povoar a Terra (Gn 9: 1,7). 


       Um período prolongado de crescimento populacional e reassentamento é iniciado. Alguns centros populacionais surgirão nos próximos milênios como Gobekli Tepe, Çatal Huyuk,  Kaharam Tepe, Jericó e tantos outros.As comunidades pastoris desenvolvem-se ao longo dos cursos de água necessários para a irrigação e transporte de produtos agrícolas. A unidade básica da sociedade era a tribo, o clã familiar. Houve uma introdução gradual da lei oral e da justiça administrada pelos homens mais velhos dos clãs ou tribos da Família. A pena capital que é muito antiga , provavelmente anterior a Hamurabi  é praticada, refletindo o princípio fundamental da retaliação igualitária, olho por olho, dente por dente.


      A tribo de Nimrod, que era descendente de Cam, dominava amplas áreas entre os rios Tigre e Eufrates. Nenhum intervalo de tempo entre Cam e Nimrod é mencionado, o que denota a passagem de muitos séculos e até mesmo milênios para o desenvolvimento dos novos clãs. Nimrod desencadeou uma tirania do medo, consolidando seu poder usando a ferramenta da urbanização. Houve sim uma tentativa primária de urbanização. 

      Babel, moldada no Eufrates, foi escolhida como morada do deus Marduk. Em sua homenagem, Nimrod ordenou que a torre pagã de Babel fosse construída. Revelando assim um início de idolatria, os idealizadores e o próprio Nimrod caem pela arrogância.


* 8.000 a 4.000 a.C: Após o Julgamento Divino sobre Babel, longos períodos da história da região ficaram obscuros; devido a imigração massiva dos clãs tribais para outras regiões da terra ocasionadas pela confusão social , linguística e diversificação dos idiomas. 

      Migrações de tribos em estado de caos e confusão para outras partes do mundo aconteceram subitamente. Estes períodos longos de tempo após a dispersão da humanidade em Babel criaram lacunas na história humana onde pouca coisa pôde ser catalogada, registrada , como foi falado anteriormente, foi um período de transições, migrações e novos assentamentos humanos pelo globo.

     As tribos de Cam moveram-se para o oeste, estabelecendo-se ao longo da costa marítima africana do Mediterrâneo e mais ao centro e sul da África. As três tribos de Osíris, Ísis e Hórus foram para o Vale do Nilo. Subentende-se aqui as tribos descendentes de Mizraim que adentraram, habitaram o vale do Rio Nilo dando origem aos egípcios.

    Também de Cam , houveram assentamentos de clãs familiares na Líbia, Etiópia e na costa da Índia, chegando até o sudeste asiático e Oceania. 

     As tribos de Jafet ( o pai da Europa ) seguiram para norte e ao longo da Europa e das ilhas do Mediterrâneo, incluindo Chipre. 

     No geral, os descendentes  de Sem permaneceram no Oriente Próximo como destinatários da revelação messiânica na era pós-diluviana. 

      Nesse período então teremos inovações em cerâmica partir de 6500 a.C. O primeiro uso do arco em construção na arquitetura no mundo aparece em  6.000 a.C. Período também de cultura camponesa principalmente das terras baixas e de urbanização mais sofisticada (período Ubaid de 6.000 a 4.000 a.C). Por toda parte podiam ser encontrados inúmeros deuses masculinos e femininos, retratados como seres imortais com características humanas ou da natureza. Há evidências arqueológicas de guerra organizada em grande escala nas ruínas da cidade de Hamoukar, na fronteira Síria-Iraque, datadas de ca. 5.500 a.C.


• Desenvolvimento de tecnologia de tijolos cozidos em forno de  4000 a.C. Final do 4º milênio:  invenção da linguagem escrita em cuneiforme em tábuas de argila. No Egito, um calendário solar de 365 dias é introduzido em 4000 a.C.


• 4.000 a 2.000 a.C: Na Suméria, houve a  criação de Listas de dinastias de Reis lendários anteriores ao Dilúvio. Provavelmente, lembranças de memórias de personalidades antediluvianas heróicas ou poderosas, as mesmas também sendo divinizadas , prática comum também no pós dilúvio.

    A Epopeia de Gilgamesh não se enquadra na tendência de desenvolvimento regional da Mesopotâmia. Nessa época várias inundações também aconteciam , porém menores. Um colapso da sociedade baseado numa data provisória de cheia nesta época está fora de questão, pois teria erradicado a economia agrícola da qual dependia a riqueza e o prestígio da camarilha dominante que detinha as melhores terras aráveis.Portanto, essas pequenas cheias não podem ser consideradas como candidatas ao Dilúvio bíblico, ele é produto de algo maior e muito mas muito mais antigo.

        Contrariamente, há evidências de prosperidade e comércio crescentes com outras nações, sem sinais de uma convulsão natural. Esta é a era das primeiras grandes cidades (o processo de urbanização) e do desenvolvimento dos zigurates, templos de adoração. Surgimento de cidades-estado e tradição de um princípio dinástico baseado em que os reis desciam do céu para governar.

• Primeira dinastia de reis em Kish, no norte da Suméria, de 3.000 a.C, a Mesopotâmia se torna uma terra governada por reis. O terceiro milênio assiste ao verdadeiro início de uma civilização florescente com o desenvolvimento das ciências exatas (astronomia e matemática), das artes, ofícios e literatura. Aqui introduzido também o calendário lunar babilônico. Práticas de astrologia e adivinhação, com interpretação de presságios por analogia. 

      Mudança na religião de deuses encarnados para deuses astrais. Implementação de leis escritas e códigos sociais. Execuções de criminosos condenados em casos capitais por consentimento real. A centralização do poder humano do governo leva a um sistema de classes. A elite dominante oprime as classes mais baixas. Perda da liberdade e crescente escravidão. O extremismo começa a gerar violência e guerras territoriais. Grandes impérios começariam a surgir.


Referências: Livro Ipso Facto uma exploração científica sobre o Velho e o Novo Testamento. Don Leichel, página 116.