sábado, 27 de janeiro de 2024

Jafet: o pai da Eurásia

 Cristiano De Mari


       O Gênesis sempre será um recurso genealógico para o estudo das possíveis migrações humanas,  bem como do desenvolvimento das mesmas. Aliado a isso estão também o estudo genético do DNA tanto mitocondrial ( da mãe: cromossomo X) como paternal (cromossomo Y) e a arqueologia.

      Dada a dificuldade de discernir as identidades raciais dos povos relacionados com as primeiras culturas do Oriente Próximo , podemos tentar obter uma visão mais completa das suas filiações recorrendo a textos sagrados e mitológicos. Sobre isso,  a “Tabela das Nações” de Gênesis 10-11 é de considerável valor. Gênesis 10:1 apresenta Sem, Cam e Jafet como os três filhos de Noé. Gênesis 11:2 também menciona que Sem, Cam e Jafet originalmente viveram próximos e viajaram até Sennar, ou Suméria , Shengir: ( em Sumério , Kiengir). Isso aconteceu num passado bem remoto, estamos falando de milênios.

        Os povos semitas, camíticos e jaféticos mencionados na Bíblia estão, portanto, todos intimamente relacionados como ancestrais de todas as raças humanas oriundas de Noé. O ramo mais jovem da raça de Noé, os camitas, são listados na Tabela Bíblica das Nações como os verdadeiros fundadores das culturas Suméria (Nimrod) e Egípcia, uma vez que Cush ( pai da Suméria e dos africanos abaixo do Egito) e Mizraim (Egito) são filhos de Cam. Já os descendentes de Sem, considerado como o filho mais velho de Noé, foram os que geraram grandes impérios como o Assírio, Acádio, Caldeus, etc....e também o povo Hebreu.



        Falando agora sobre o patriarca que é protagonista do texto, historicamente, o patriarca Jafet foi o progenitor do ramo caucasóide , ariano ou indo-europeu da família humana, a chamada "raça branca". 

        Como teve migrações de Proto-Indo-Europeus para a Ásia, contribuindo geneticamente na formação de povos Siberianos , Túrquicos e Mongóis , pode-se dizer que Jafet é o pai da Eurásia, nomenclatura dada à proporção contínua de terras do continente europeu até todo norte asiático.

       Os nomes de seus filhos e netos são encontrados em textos históricos antigos como referentes a povos e tribos que foram habitar principalmente ao Norte ( Britânia, Germânia, Islândia, Rússia, Sibéria e Regiões Nórdicas) e ao Oeste do Crescente Fértil. Disseminaram-se também do Cáucaso até a Ásia Central, alguns descendo até a Índia e para o Oeste através da Ásia Menor até as ilhas e terras litorâneas da Europa (Creta, Grécia, Itália, península Balcânica, sul da França) chegando a Península Ibérica. Tradições árabes afirmam que um dos filhos de Jafet foi também o progenitor dos povos chineses. De fato, segundo alguns estudos , o neto de Jafet , Togarmah, filho de Gomer, teria originado os povos asiáticos e mongois.

        Resumindo: de Gomer vieram os germânicos, escandinavos, celtas, cimérios, um ramo participa na origem dos mongois, tártaros e turcos juntamente com misturas raciais vindas de Cam , particularmente de

 Cannã;

De Magog, os Citas, Godos, povos eslavos;

De Madai, os Medos, Persas , Partos, Curdos;

De Javan, os Gregos, Aqueus, Jônios, Eólios e Dórios;

De Tubal, os Itálicos, Ibéricos, Pelasgos, Cretenses, Tobelitas, Georgianos;

De Mosoc, os Frígios, Moscovitas , Russos ;

De Tiras, os Troianos, Trácios, Etruscos, Dácios.

      Claro que esta é uma projeção de descendência dos primórdios. Logicamente, pouco tempo depois houveram também misturas raciais entre os clãs originais de Jafet,  bem como misturas raciais com clãs tribais de outras origens, como camitas e indo-europeus que originaram os asiáticos e ameríndios. Entre camitas e semitas temos o exemplo de Ismael filho de Abraão ( semita e de Ágar a egípcia) ele é resultado de uma mistura étnica que originou o povo árabe, os Persas podem ter se originado da mistura de semitas do reino de Elam com povos Jafetitas do Planalto do Irã, só para exemplificar também, dentre outras situações.

       Geneticamente falando, dentre os haplogrupos genéticos do cromossomo Y que atestam a paternidade relacionada aos indo-europeus estão o R1b , R1a, o G, G-2a, o I, J o N. Variantes do E são encontrados na Europa em menores proporções, principalmente o E-v13 ( este haplogrupo em si não é europeu e sua presença pode ser devido antigas migrações diretas do Oriente Próximo ou mesmo do Norte africano a muitos milênios).

      No que diz respeito ao DNA mitocondrial passado somente de mãe para filhos, os europeus  são caracterizados pela predominância dos haplogrupos H, U e T. 



         Uma teoria de estudo atribuída ao pesquisador Gordon Childe sobre o aspecto "mediterrâneo" das primeiras populações da grande região entre a Ásia Ocidental e a Europa Central parece ser confirmada arqueologicamente pelo fato de que os túmulos da cultura ariana ( indo-europeia) de Bishkent ( 1.700-1.500 a.C) relacionados ao Complexo Arqueológico Bactro-Margiana do norte (BMAC) contém  esqueletos principalmente mediterrâneos, que são de origem caucasóide, indo-europeia.

      Os europeus da antiguidade sabiam muito bem que eram descendentes do filho de Noé, Jafet, e registraram essa linhagem em documentos que ainda hoje estão disponíveis.

       Essa é a premissa contida no livro : After the Flood: The Early Post-Floud History of Europe Traced Back to Noah, de Bill Cooper (Chichester, Inglaterra: New Wine Press, 1995). Cooper usa fontes antigas para reconstruir as linhagens reais dos primeiros britânicos, anglo-saxões, dinamarqueses, noruegueses e celtas irlandeses até sua descendência de Jafet.

      Entre as fontes de Cooper estão documentos que foram muito criticados por alguns estudiosos pois contêm alguns relatos que parecem ser baseados em mitos e lendas, que têm a sua origem em fontes galesas estigmatizadas, mas acima de tudo porque levam a sério o relato da Bíblia.Para os cientistas, principalmente os ateus, qualquer coisa que se conecte à cronologia bíblica e aos relatos históricos é considerada uma “ficção piedosa” inventada por monges cristãos. Embora algumas das reclamações contra essas fontes possam ter alguma substância, Cooper apresenta alguns bons argumentos em defesa dessas fontes, que incluem Brut Tysillo, Historia Brittonum (História dos Britânicos) de Nennuis, e Historia Regum Britanniae (Histórias de os reis da Grã-Bretanha).

       Um passo muito útil que Cooper faz (na página 40) está em correlacionar os vários ramos indo-europeus que reconhecem um patriarca antigo Jafet (geralmente deificado) como um ancestral antigo.


       Importante:


      *** Isso inclui Iápetos dos gregos, Pra-Japati (Pai Japheth) dos Vedas sânscritos, Júpiter (ou Iu-Pater, Pai Jove) dos romanos e Sceaf (pronuncia-se "Shaif" ) dos saxões.

      Cooper faz algumas análises interessantes para mostrar que os documentos relevantes deveriam receber mais crédito do que os estudos convencionais. Um resultado importante do seu trabalho é demonstrar que os antigos celtas eram alfabetizados e tinham uma civilização altamente sofisticada muito antes da conquista romana da Grã-Bretanha. Os estudiosos bibliofóbicos não gostam de admitir isso, porque uma cultura avançada entre os celtas daria apoio aos documentos originais recolhidos e transcritos por Nennius, Geoffrey e Tysillo.



Influência da Maldição de Babel


        De acordo com Gênesis 11: 1-9, os semitas, camitas e jafetitas que viviam todos próximos em Sennar, foram divididos em diferentes ramos falando línguas diferentes após a maldição de Babel. Portanto, é provável que a língua da antiga cultura mesopotâmica de Ubaid ( 6.500-3.800 a.C) de Elam e Eridu, bem como da primeira fase de Uruk (4.000-3.200 a.C) e do proto-acadiano semita Kish ( 3.100 a.C), era uma espécie de linguagem primitiva comum talvez falada pela família de Noé e suas linhagens primárias posteriores, ou ainda o antigo Nostrático, que é um termo hipotético para a linguagem primitiva antes da dispersão em Babel. Uns consideram também uma forma de protodravidiano / proto-hurrita (aglutinativo). Posteriormente, as línguas do período acadiano (2.300 a.C) estavam divididas em acadiano (flexionado), (aglutinativo) Sumério, (aglutinativo) elamita e (flexionado) ariano.

         Outra importante conexão que revela a autenticidade das origens das raças ditas "brancas" é atribuída aos estudos sobre os antigos Proto-Indo-Europeus, que são nada mais nada menos que os grupos dos Jafetitas nomeados assim ainda no medievo. Eles são portanto, segundo a teoria linguística, descendentes de Jafet.

       Os proto-indo-europeus foram um grupo etnolinguístico pré-histórico da Eurásia que falava uma proto linguagem ancestral, o Proto-Indo-Europeu (PIE), o ancestral comum reconstruído da família de línguas indo-europeias.

      O conhecimento deles vem principalmente dessa reconstrução linguística, juntamente com evidências materiais da arqueologia e da arqueogenética. Existem muitas similaridades entre as línguas europeias modernas e que se recuarmos ainda mais no tempo, muito termos comuns são parecidos e também parecidos ao serem pronunciados. Por exemplo, as línguas europeias Itálicas ( Romances) e dialetos: italiano, francês, espanhol, português e romeno desenvolveram-se do latim vulgar dos tempos do Império Romano. As línguas europeias germânicas e dialetos : o inglês, alemão, sueco, norueguês, dinamarquês, holandês vieram de uma linguagem Germânica arcaica; o irlandês, gaélico, são de origem céltica; o polonês, sérvio, croata, ucraniano , eslovaco, russo , dialetos e etc... são do ramo das línguas Eslavas, assim também as línguas da Geórgia e Armênia, dialetos do Irã e centro asiático, o Grego antigo e moderno, a lingua indiana e sua antiga o Sânscrito, todas tem sua origem numa linguagem agora morta do antigo Proto-Indo-Europeu.Pela linguagem comparada de todas estas, chegamos a uma linguagem única.

      Os proto-indo-europeus provavelmente viveram durante o período Neolítico Superior (6.400–3.500 a.C). Os principais estudiosos os colocam na estepe Pôntico-Cáspio em toda a Eurásia (esta estepe se estende do nordeste da Bulgária e sudeste da Romênia, através da Moldávia, e sul e leste da Ucrânia, através do norte do Cáucaso do sul da Rússia, e na região do Baixo Volga, no oeste do Cazaquistão, adjacente à estepe do Cazaquistão a leste, ambas fazendo parte da maior estepe da Eurásia). Alguns arqueólogos estenderiam a antiguidade de tempo dos falantes do Proto-Indo-Europeu até o período Neolítico Médio (5.500 a 4.500 a.C) ou mesmo o período Neolítico Inferior (7.500 a 5.500 a.C) e sugeririam hipóteses de origem alternativas com outras datações.

       No século XVIII, a visão predominante entre os estudiosos europeus era que a espécie humana teve a sua origem na região das montanhas do Cáucaso. Esta visão baseava-se no fato de o Cáucaso ser o local do suposto ponto em que atracou a Arca de Noé  de quem a Bíblia afirma que a humanidade descende – e o local do sofrimento de Prometeu, que no mito de Hesíodo tinha criado a humanidade a partir do barro.

        No século VII, o arcebispo Isidoro de Sevilha escreveu a sua notável obra histórico-enciclopédica, na qual traça as origens da maioria das nações da Europa até Jafet .Estudiosos em quase todas as nações europeias continuaram a repetir e desenvolver a afirmação de Isidoro de Sevilha sobre a descendência de Noé através de Jafet até o século XIX.

        A Bíblia Sagrada e antigos historiadores como o judeu romano Flávio Josefo, São Jerônimo , Santo Isidoro de Sevilha e muitos outros da nossa Era moderna consideravam os filhos de Jafet como antepassados de Gregos, das 4 tribos formadoras , os Eólios ( Halisões) , Dórios ( Rodanim) , Aqueus ( Chitim, Chetimus), Javan ( filho de Jafet : Iáones, Jawanu, Jônios). 

       Os itálicos, ibéricos, ilíricos viriam de Tubal, bárbaros germânicos de Gomer, Celtas e Gálatas de Rifat , filho de Gomer , Troianos, Trácios de Tiras, eslavos, russos e cimérios de Magog e Mosoc, iranianos, Áryas e Sármatas de Madai, isso seria de uma forma resumida e distinta, no transcorrer do tempo as miscigenações acentuaram-se, devido conquista de terras , migrações e aumento das populações.

    As sociedades Proto-indo-europeias dependiam no início da pecuária. O boi era o animal mais importante para eles, e a riqueza de um homem poderia ser medida pelo número de vacas que ele possuísse. Ovelhas e cabras também eram criadas, por indivíduos com menor riqueza. A agricultura e a pesca também eram muito praticados.

      A domesticação do cavalo (Tarpan) talvez tenha sido uma inovação desse povo, considerada um fator que contribuiu para sua rápida expansão.

Arqueologia e suas teses

       No século XX, Marija Gimbutas criou a hipótese Kurgan, de "Kurgans" (montes funerários) das estepes eurasianas. A hipótese sugere que os indo-europeus eram uma tribo nômade da estepe pôntica (atualmente o leste da Ucrânia e o sul da Rússia) que se expandiu em várias ondas durante o 3º milênio a.C. Sua expansão coincidiu com a domesticação do cavalo.  

     Deixando sinais arqueológicos de sua presença, dominaram os antigos agricultores neolíticos europeus da civilização da Europa Antiga. A pesquisadora colocou ênfase na natureza patriarcal da cultura invasora, contrastando-a com a suposta cultura matrilinear, dos invadidos. Estes agricultores neolíticos adoravam deusas , chamadas de mãe Terra, e suas esculturas representavam corpos avolumados.

        Uma forma modificada da teoria de Gimbutas, proposta por James Patrick Mallory, data as migrações um pouco antes de 3500 a.C e insiste menos na natureza violenta ou quase militar da invasão, sendo este o ponto de vista mais apoiado do Urheimat ( local de origem dos Proto-Indo-Europeus).

        A hipótese anatólica ( da região da Anatólia , hoje  Turquia) de Colin Renfrew, sugere que as línguas indo-europeias se disseminaram pacificamente da Ásia Menor para a Europa a partir de 7000 a.C com o avanço da agricultura. A cultura dos indo-europeus vista pela reconstrução linguística contradiz esta teoria, pois as culturas neolíticas não tinham cavalos, nem a roda e nem os metais, termos linguísticos que aparecem somente no proto indo-europeu.   

      Renfrew rejeita esse argumento  dizendo que a antiga Anatólia antes era habitada por povos não indo-europeus, especialmente Hititas e outros; apesar de isso não eliminar a possibilidade de que os primeiros falantes de indo-europeu também pudessem ter vivido lá.

       Os cientistas e antropólogos italianos Piazza & Cavalli-Sforza (2006) afirmam que:


         "Se as expansões começaram há 9.500 anos a partir da Anatólia e há 6.000 anos a partir da região da cultura Yamna, então um período de 3.500 anos decorreu durante sua migração para a região Volga-Don a partir da Anatólia, provavelmente através dos Bálcãs ( onde hoje existem Sérvia, Croácia, Bósnia, etc...).

       Lá, uma nova cultura principalmente pastoril se desenvolveu sob o estímulo de um meio ambiente desfavorável à agricultura padrão, mas oferecendo novas possibilidades atrativas. Então, nossa hipótese é que as línguas indo-europeias derivam de uma expansão secundária a partir da região da cultura Yamna depois que agricultores neolíticos, possivelmente vindos da Anatólia e lá estabelecidos, desenvolveram o nomadismo pastoril." 

      Resumindo, temos migrações de populações de agricultores primitivos neolíticos ( estes não utilizaram cavalos) que partiram da Anatólia ( lembrem da proximidade dessa região com o Ararat, local onde a arca de Noé repousou pós-dilúvio) para colonizar o Mediterrâneo e sul da Europa e eles podem ser geneticamente associados aos primeiros descendentes de Jafet, talvez até já um pouco mesclados com outras tribos de clãs, mas que depois foram absorvidos e dominados pelas culturas invasoras indo-europeias de  Yamna , Kurgans, e de Don-Volga, procedentes das estepes pônticas, eurasianas as e planícies da Ucrânia.

      Percebam que existem muitos quadros de estudos arqueológicos com datações ora distintas ora aproximadas.Acredito que todos tem seu valor pois foram diversas as migrações humanasdos povos indo-europeus. E fica evidente uma expansão inicial pela Anatólia, talvez os primeiros a imigrarem após os eventos de Babel, e milênios mais tarde outras ondas sucessivas foram tomando espaço geográfica e culturalmente falando pelas terras da Eurásia ( Europa e Ásia).

       





Referências:


https://curiosidadesmisteriosantigos.blogspot.com/2023/06/sem-cam-e-jafet-e-propagacao-da-raca.html?m=1

https://heiup.uni-heidelberg.de/journals/index.php/transcultural/article/download/17446/11347?inline=1

https://aroyking.wordpress.com/tag/japheth/

https://www.ancient-origins.net/human-origins-religions/dynastic-race-and-biblical-japheth-part-ii-ethnology-and-influence-008967

https://armstronginstitute.org/150-biblical-names-confirmed-through-archaeology

Suméria: o reinício da saga humana

 Cristiano De Mari


      A planície de Sennar ou Shinar, que os arqueólogos chamam de Suméria e aprendemos nas aulas de história ( no baixo vale do rio Eufrates, no centro do Iraque), é o lugar na visão bíblica e da arqueologia moderna onde a civilização começou, quer dizer; na verdade;  de onde ela recomeça seria o termo correto, o reinício.

        A irrigação da terra oriunda das técnicas humanas produzirá grandes quantidades de grãos e uma centralização da riqueza. Aqui está a primeira evidência de escrita e literatura, de direito, de cidades-estado, da roda de oleiro, do barco à vela, do arado, do trabalho em metal com bronze, de formas musicais e arquitetônicas avançadas; de tecelagem, couro e alvenaria. 

      Para os arqueólogos, o súbito aparecimento da civilização na Suméria é um verdadeiro enigma. E por que? 


* ** Porque não há evidências de quaisquer passos culturais pequenos e graduais que levem a isso. Simplesmente aparece de repente. Isto é difícil para a evolução explicar. 


     Mas é exatamente o que esperaríamos se realmente houvesse um Dilúvio, que acredito que aconteceu devido abundantes fatos, evidências, assimilações e contextualização adequada.

       A questão toda é iniciada pouco depois do Dilúvio, ou seja,  as pessoas, os clãs tribais iniciantes tentaram um regresso, uma imitação , um reinício ao tipo de civilização avançada que conheciam antes do Dilúvio.E isso só podia ser conhecido pela transmissão dos conhecimentos dos membros mais antigos dos clãs, justamente os que estavam na arca e conheceram o mundo antediluviano.    

     O mundo antediluviano até onde se sabe por meio de mitos, tradição patriarcal, livros de estudiosos , arqueologia perdida, tabuinhas Naacal encontradas na Índia, artefatos ( objetos, estatuetas, calçados, vestimentas, símbolos gravados, petróglifos) de datação muito antiga que superam os 12.000 anos, dentre tantas outras coisas que infelizmente são engavetadas pelo ensino convencional que não mostra toda realidade, era de fato um mundo avançado, com sua ciência, tecnologia, máquinas, governos, etc...

Mesmo assim, também teve suas falhas, porque o homem estando ele envolvido em más inclinações, de forma similar ao que acontece hoje em dia, resolveu muitas vezes colocar-se no lugar de Deus. E eis que veio o Dilúvio.

       Lembramos do trecho bíblico de Eclesiastes 1:9, que cai como uma luva perfeitamente para dizer que o mundo desde que foi criado é praticamente o mesmo, apenas mudando as épocas e os personagens humanos:


" O que foi tornará a ser; o que foi feito se fará novamente; não há nada novo debaixo do sol."


       Pois bem, retornando então , a Bíblia descreve que nas gerações que se seguiram ao grande Dilúvio mundial, contingentes  humanos desceram ao sul da Mesopotâmia como um grupo homogêneo e iniciou a primeira civilização numa “planície na terra de Sennar ; e eles habitaram ali” (Gênesis 11:2). 

     Esta terra  é “Shinar”, local da primeira civilização bíblica pós-diluviana, é o mesmo mesmo que  Suméria (ou “Shumer”). Os nomes territoriais, localizações e descrições coincidem estreitamente.

      A Bíblia descreve esta civilização como sendo fundada e liderada pelo infame ditador Nimrod, “um poderoso caçador diante do Senhor” (Gênesis 10:9). 




*** Importante: 


      Todos sabem que existiu uma tentativa primária de urbanização na região da Mesopotâmia liderada por Nimrod mas que pode ter sido milênios antes do surgimento da própria Suméria. Esta tentativa deve ter ocorrido algumas décadas ou séculos depois que a família de Noé saiu da Arca.

      É difícil prever um cálculo correto mas se a data base estiver correta , teremos o fim do Dilúvio em 10.000 a C. O projeto de Babel por Nimrod entre 9.500 e 9.000 a.C. Logo depois da dispersão , desta tentativa que foi frustrada por Deus, a humanidade se espalhou, as linguagens se diversificaram, Babel fica por muitos séculos abandonada , só depois vindo a constituir-se futuramente como Babilônia.  

      Nos milênios seguintes e obscuros a humanidade migra , mistura-se,  vai se reorganizando e depois aparecem as cidades-Estado, e os sumérios sim,  descendentes de Nimrod iniciam a primeira civilização humana do pós-dilúvio em 3.200 a.C. Civilização que eu digo é de forma conjunta, homogênea, organizada em ampla rede de cidades-estado, cultura e desenvolvimento.

       E tudo praticamente surge como que num de repente, como se algo estivesse esperando o momento certo para mais cedo ou mais tarde vir a luz.

     Lógico que muitas vilas antigas de culturas primitivas e centros de urbanização podiam ser encontrados entre 7.000 e 5.000 a.C., Jericó  e Çatal Huyuk são exemplos disso;  mas ainda não eram uma civilização avançada como a Suméria. A Suméria foi um conjunto formador sob vários fatores humanos.

     Por isso, Nimrod é descrito como fundador da Suméria devido seu legado passado de construtor, personalidade épica e patriarca gerador.

      Entendam que na Bíblia, principalmente no Gênesis, nem tudo acontece em sequência de tempo próxima, existem grandes lacunas de tempo que não são preenchidas ou mencionadas pois realmente os povos estavam migrando, trabalhando, tentando sobreviver e muitas coisas não vieram à tona pois tudo era transmitido pela oralidade, pela transmissão oral dos eventos antigos antes de serem escritos.


***


     Alguns estudiosos como o egiptólogo David Rohl, identificaram Nimrod com o rei sumério Enmerkar. As consoantes iniciais de ambos os nomes, NMR,  correspondem (o hebraico é escrito sem vogais) e o “kar” em sumério pode significar “caçador”.

      A Bíblia descreve Nimrod estabelecendo sua civilização na terra de Sennar/Suméria, com capital em Babel , ele também liderou o estabelecimento de cidades-estado em outros lugares. Versículos 10-12:


" E o princípio do seu reino foi Babel, e Erech, e Accad, e Calneh, na terra de Sinar. Dessa terra saiu Assur e edificou Nínive, e Reobote-ir, e Calá, e Resen…." 


       As cidades-estado acima  foram todas catalogadas pela arqueologia como os primeiros centros de civilização na Mesopotâmia. Babel, o projeto que não deu certo, é claro, milênios depois correspolnderia à futura Babilônia histórica. Erech é a histórica Uruk (que se acredita ser a origem do nome territorial Iraque). Accad é, obviamente, a cidade-estado-reino de Akkad acima mencionada. Assur ( vem do patriarca Assur, semita , filho de Sem que habitou próximo de Nimrod) também corresponde a uma cidade com o mesmo nome que mais tarde daria origem à civilização de dos Assírios. Nínive é a famosa capital assíria de mesmo nome. E Calah é a cidade assíria de Kahlu. 

       Nimrod era descendente de Cam, identificado como o pai da raça negra. O nome do filho de Cam (e pai de Nimrod), Cush, significa “ moreno ” (e “Cushita” é o nome antigo e bíblico dos africanos ao sul do Egito, também Reino de Kush). 


***Seria apenas uma coincidência os sumérios se autodenominarem "Saggiga" , traduzindo: “Os homens de Cabeças Negras ”? Poderia ser uma ligação com o fundador original destas cidades-estado?   Provavelmente sim.




 * A Bíblia prossegue descrevendo a história da confusão das línguas em Gênesis 11:1-4:


      " E toda a terra tinha uma só língua e um só discurso. E aconteceu que, enquanto viajavam para o leste, encontraram uma planície na terra de Sinar; e eles habitaram lá. E disseram: 'Venham, vamos construir para nós uma cidade, e uma torre, cujo topo chegue ao céu." 

     Em outro texto “épico”, Enmerkar ( nome similar a Nimrod, possivelmente a mesma pessoa) descreve uma de suas cidades como uma “cidade que vai da Terra ao céu ” ,  e façamos a nossa fama e nosso nome ; para que não sejamos espalhados por toda a face da terra.’

       O relato descreve Deus testemunhando a confusão homogênea da humanidade e prevendo uma queda de volta ao hedonismo pré-diluviano, prediz nos versículos 6-9 de Gênesis capítulo 11:


  " Eis que são um só povo, disse ele, e falam uma só língua: se começam assim, nada futuramente os impedirá de executarem todos os seus empreendimentos. Vamos: desçamos ( esse verbo está no plural, " desçamos" seria uma alusão à Trindade? Pai , Filho e Espírito Santo? Tirem suas conclusões).Vamos: Desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro.”  

       Então o Senhor os espalhou dali por toda a terra; e eles pararam de construir a cidade. Por isso se chamou o seu nome Babel; porque o Senhor confundiu ali a línguagem de toda a Terra.

Fragmento do tablete de Enmerkar ao Senhor de Aratta

       Este antigo documento sumério data de cerca de 2.100 a.C. Mas o seu relato é muito mais antigo do que a própria data de criação do documento/tablete em muitos séculos ou até milênios).

      Ele conta a história de um diálogo muito antigo ( entre o rei sumério Enmerkar e outro governante, o Senhor de Aratta, a respeito do envio de um tributo para construir uma torre. 


**** A antiga terra de Aratta pode ter uma relação com o Ararat bíblico.


     Enmerkar ameaça que se o tributo não chegar, ele causará estragos na terra de Aratta “ como uma devastação que varreu destrutivamente” (possivelmente evocando um  Dilúvio?). No meio da longa inscrição, encontramos o seguinte parágrafo:


      " Cante para ele… o encantamento de Nudimmud: “… todo o universo, as pessoas bem guardadas – que todos eles se dirijam a Enlil juntos em uma única língua para os senhores ambiciosos, para os príncipes ambiciosos, para os reis ambiciosos – Enki, o senhor da abundância… mudará o discurso nas suas bocas, tantos quantos ele colocou lá, e assim o discurso da humanidade é verdadeiramente um.”

      Aqui, no contexto da tentativa de construir uma torre (especificamente, uma enorme estrutura mesopotâmica conhecida como zigurate), está um encantamento para tentar fazer com que todas as pessoas falem a mesma língua. Vemos que o deus Enki, “senhor da abundância”, “colocou” muitas línguas entre as nações – e este encantamento pretendia que a humanidade pudesse trabalhar em conjunto com uma língua. Esta não é a única tradução possível do texto; aqui está outra tradução alternativa:


     "Certa vez... todo o universo, as pessoas em uníssono, falaram com Enlil em uma só língua. Então Enki, o senhor da abundância mudou o discurso em suas bocas, trouxe contenção para ele, para o discurso do homem que tinha sido um.

      O governante deste texto, o sumério Enmerkar, desejava a unidade da linguagem para cumprir seus objetivos de construção de torres – uma unidade que já existira, mas não existia mais, devido à intervenção divina.




      A motivação dos construtores de Babel era clara: façamos um nome( fama) para nós mesmos (Gn 11.4), ou seja, tornemo-nos famosos. Esse orgulho foi demonstrado em uma enorme torre que construíram no meio da cidade. Isto foi mais do que um simples monumento. Tinha um propósito religioso e pagão, como pode ser visto no nome da cidade: Babel (ou Babilônia), do acadiano Bab-illi que significa a porta de deus ou a porta dos deuses.* 

      Esta torre pretendia conectar o céu e terra , literalmente: e seu topo estará nos céus (Gn 11:4). Em outras palavras, era um símbolo da tentativa do homem de alcançar Deus por meio de sua própria força e de suas próprias habilidades.

       Há um detalhe interessante relacionado na Lista de Reis Sumérios sobre o indivíduo que governou pouco antes de Enmerkar – um indivíduo chamado Meskiag-kasher (um possível paralelo a  “Cush” filho de Cam). A Lista de Reis menciona este governante indo para o mar e desaparecendo. Poderia isto ter constituído uma migração de cushitas/sumérios precoce para África, levando consigo a língua suméria? 


*** E poderia isto explicar as numerosas semelhanças observadas entre a língua bantu da África Oriental e a antiga língua suméria?  

      Cada um tire sua conclusão, mas no que depender da verdadeira pesquisa arqueológica , da verdadeira ciência documental, provavelmente um dia todas as peças desse quebra-cabeça que é a saga humana se encaixarão perfeitamente. Muito já se descobriu , muito já está em andamento e muito ainda há por vir.


Referências: 

https://armstronginstitute.org/280-the-sumerian-problem-evidence-of-the-confusion-of-languages

https://www.totheends.com/tower.html?fbclid=IwAR2QdrKzUZ0Ljpfwzx2Ln7qd_czpCM4Ac15pUo1OxurSOwaD7UC1h8F1HSQ

Os eslavos e as origens da Rússia

 Cristiano De Mari



       Estudando a Pré-história antiga, história patriarcal , migrações e genética humana consegue-se reconhecer as origens dos povos nas antigas genealogias.Também é possível rastrear os povos modernos até seus antepassados a partir dos eventos ocorridos lá atrás, como surgimento da identidade dos povos, dos aparatos estatais, políticos, estratificação social, conquistas de reinos, formação de impérios, e também a miscigenação étnica e cultural.

      Uma vez que vamos falar sobre os Russos e a contribuição dos povos eslavos , é importante entender que como sempre falo não existe um povo ou etnia , de raça totalmente pura, assim se deu também nas origens dos russos.

      Os antigos patriarcas , descendentes de Noé, não somente deram origem a povos dentro de sua linhagem tribal própria, mas em um certo momento da história misturaram-se também com povos vizinhos, descendentes de outros patriarcas, que eram nada mais nada menos do que descendentes de seus tios e primos nos mais variados graus de parentesco.

       Quanto mais longe se distanciarem as genealogias no quesito desenvolvimento e aumento populacional aliado às migrações e busca por novas terras, mais se perderão os costumes comuns e linguagem comum. Mesmo assim muitos elementos primordiais restarão, como algumas similaridades entre as linguagens  e mitologias , por exemplo.



Origens dos eslavos e a Rússia


        Ezequiel 38:2 diz: 


“Filho do homem, vire o rosto contra Gog, a terra de Magog, o príncipe principal de Meseque ( Mosoc) e Tubal, e profetize contra ele”. 


     Mosoc e Tubal, e seus descendentes, foram mencionados juntos ao longo da história. A Bíblia fala deles como povos , tribos ou clãs aliados que habitaram próximos uns dos outros. Inscrições assírias falam de ambos os povos, e eles são até encontrados listados juntos nas histórias gregas.

       Supostos povos derivados e miscigenações:


   *Do patriarca Magog: citas, godos, algumas tribos da Escandinávia, finlandeses, hunos, eslavos (não incluindo eslavos orientais, búlgaros), magiares (húngaros), irlandeses, e alguns povos do Cáucaso.


      *Do patriarca Mosoc: Eslavos orientais (incluindo russos), frígios (possivelmente),Muški, Roxolanos, parte dos armênios, irlandeses.

        Inscrições assírias mencionam um povo chamado Muski, que ocupava uma região na Ásia Menor, ao oeste da Assíria. Os imperadores assírios Tiglate-Pileser I, Tukulti Ninurta II, Assurnasirpal II e Sargão mencionam conflitos com eles.

       Muitos sugerem que os Muski devem ser relacionados com os Frígios, os quais aparentemente dominavam grande parte do oeste e do centro da Ásia Menor (atual Turquia) por volta do fim do segundo milênio a.C. O Rei Mita de Muski, mencionado pelo imperador assírio Sargão, é associado ao Rei Midas, da Frígia, descrito na tradição grega como governando naquele mesmo período.

      De acordo com uma antiga tradição entre os historiadores gregos, os frígios migraram para a Anatólia vindos dos Balcãs e Heródoto afirma que eles eram chamados de "bryges" quando ainda viviam ali.Os frígios também foram ligados pelos autores clássicos aos migdones, o nome de dois grupos distintos, um dos quais vivia no norte da Macedônia e outro, na Mísia. Os frígios também já foram identificados como sendo os bebryces, um povo que acredita-se ter guerreado contra a Mísia antes da Guerra de Troia sob a liderança de um rei chamado Migdon mais ou menos na mesma época que os frígios teriam tido um rei de mesmo nome. O historiador clássico Estrabão agrupa frígios, migdones, mísios, bebryces e bitínios num mesmo conjunto de povos que teria migrado dos Balcãs para a Anatólia.

      O patriarca Tubal , considerado como o progenitor de ibéricos, itálicos, ilíricos, georgianos, tobelis , também aparece nos estudos sobre a Rússia. No lado oriental dos Montes Urais, existe uma menção que o recorda através da geografia pelo nome de um rio chamado Tobol e da cidade que leva seu nome, Tobolsk. Embora não seja mais uma cidade proeminente, Tobolsk já foi a sede do governo russo sobre a Sibéria, à medida que os russos se expandiam para o leste dos Urais.

     Em genética humana, os haplogrupos G e G2a , haplogrupos genéticos dos povos agrícolas neolíticos que primeiro se espalharam desde o Cáucaso, Anatólia, até sul do Mediterrâneo, passando por Grécia, Itália até a Península Ibérica , está presente também no DNA de populações russas. Veja que, a proximidade entre Mosoc e Tubal lá no início provavelmente provocou uniões familiares entre os descendentes destes dois ramos, assim se pode dizer também de Magog. Estes foram patriarcas com muitas linhagens, embora a Bíblia é muito sucinta nisso, são necessários também os estudos da genética, da historiografia, da arqueologia e da linguagem comparada.

      A Enciclopédia Britânica diz:  fácil detectar entre os próprios Grandes Russos dois ramos distintos, diferentes um do outro por ligeiras divergências de língua e tipo e profundas diversidades de carácter nacional…” (Volume 23, 11ª Edição). A enciclopédia coloca um ramo dos Grandes Russos como uma massa compacta na Rússia Central, e o segundo ramo em torno dos Montes Urais, onde os Grandes Russos “reaparecem num segundo corpo compacto, e lá se estendem através do Sul da Sibéria”.

      Isto descreve o ramo do patriarca  Mosoc, que se estabeleceu em torno de Moscou e da Rússia Central, e o ramo de Tubal, que se estabeleceu em torno dos Montes Urais e Tobol. Esses dois ramos formam o núcleo dos Grandes Russos. 



Migração da Ásia Menor


     Na época em que Ezequiel registrou sua profecia, alguns descendentes de Mosoc e Tubal ainda viviam na Ásia Menor. 

      Como então, essas pessoas poderiam estar na Rússia hoje?


      A resposta é que eles migraram para fora do Oriente Médio, tal como quase todas as outras raças e povos fizeram desde os acontecimentos no pós-Dilúvio.

     Obviamente que, se nenhum dos povos listados na Bíblia em Gênesis 10, tivesse migrado daquela região, toda a população mundial seria uma massa compacta de pessoas vivendo ainda no Médio Oriente. 

      Vejamos os registros históricos para rastrear a migração de Mosoc e Tubal da Ásia Menor para onde residem hoje.

     No ano 400 a.C., os gregos se referiam  a Mosoc e Tubal como os Moschoi e Tibarenoi no norte da Ásia Menor, na extremidade sudeste do Mar Negro.

     Heródoto, historiador grego registrou que quando o imperador persa Xerxes I decidiu conquistar a Grécia em 480 a.C.,  Moschianos e os Tibarenianos estavam entre as tropas alistadas. Heródoto deu a descrição da organização militar de Xerxes, que uniu esses dois povos aparentados: “O equipamento mosquiano era o mesmo dos tibarenos." 


        Mais uma vez Meseque e Tubal são encontrados juntos, e desta vez estão localizados mais ao norte.

       No primeiro século d.C., os descendentes de Mosoc e Tubal estavam localizados ao redor da região do Cáucaso, na atual Geórgia. O geógrafo Estrabão escreveu sobre o “país Moschian” e as “Montanhas Moschian” na área . Bem ao lado deles estavam situados os “Tibareni”. 

       O historiador judeu Flávio Josefo chamou esses descendentes de Tubal de “Íberes”, ou ibéricos, o que vem da eliminação do “t”.

       O geógrafo romano Plínio, que viveu na mesma época, chamou a área da Ibéria em sua obra História Natural e observou que “Moschi” também vivia próximo a eles.

       Graças a registros de historiadores antigos, descendentes de Mosoc e Tubal podem ser rastreados em sua migração, da Ásia Menor em direção ao norte até o início da vasta estepe russa. Depois de cruzarem o Cáucaso, viajaram mais para o norte para ocupar a terra que hoje é a Rússia, deixando os nomes de seus ancestrais em certos rios e cidades.

       Uma análise completa de Ezequiel 38 confirma que a história fornecida pelas inscrições assírias, Heródoto, Estrabão e Plínio, é precisa. Ezequiel 38 afirma que os descendentes de Mosoc e Tubal estariam dentro e ao redor da “terra de Magog”.

       Este termo refere-se ao território ao norte do continente euro-asiático que começa na estepe russa e se estende até o Pacífico. 

      Contudo, o continente euro-asiático é dominado por outra potência, tal como Ezequiel 38 disse que seria. Hoje as pessoas que vivem nesta “terra de Magog” são dominadas pela Rússia ou pela China, duas nações originadas de Jafet, a Rússia muito mais e a China a partir de misturas raciais de Togarmah, Magog e de camitas, assim como a maioria dos asiáticos.


Mas os russos não são eslavos?


       A Rússia é composta por várias raças e povos diferentes, tais como finlandeses, turcos e eslavos, o mais numeroso corpo étnico e linguístico de pessoas na Europa.

     O povo russo, bem como o da Ucrânia e da Bielorrússia, é hoje classificado como povo eslavo oriental. Existem também os eslavos ocidentais, como os polacos, checos e eslovacos, e os eslavos do sul, incluindo os sérvios, croatas e eslovenos.

       Segundo os críticos, se Mosoc e Tubal deram origem de fato aos Russos, estes patriarcas bíblicos devem também referir-se ao resto da Europa Oriental, que é colonizada pelo mesmo povo eslavo, cujas fronteiras se estendem para além da Rússia e “da terra de Magog”.

        Mesmo dentro do grupo russo-eslavo oriental, existiam três tipos étnicos principais reconhecidos pelos estudiosos: os Grandes Russos, os Pequenos Russos e os Russos Brancos. Estes termos estão agora em desuso, mas os Grandes Russos eram considerados aqueles que viviam na Rússia propriamente dita, os Russos Brancos aqueles na Bielorrússia que tinham muito mais influência de povos bálticos , e os Pequenos Russos os da Ucrânia e da Moldávia.

      Embora possam ser um povo aparentado, existem diferenças claras nas características nacionais de todas essas nações que agora são consideradas eslavas orientais.

       O tipo étnico dos Grandes Russos foi o resultado de certas tribos eslavas que se casaram com os descendentes de Mosoc e Tubal. Esses descendentes são provavelmente as pessoas que falavam algumas das línguas fino-úgricas, línguas que ainda são faladas em muitas das mesmas áreas para as quais Mosoc e Tubal migraram, uma das quais é até chamada de Moksha.

       Os estudos modernos também confirmam isso. Por exemplo, o historiador russo Walter Moss escreveu em sua História da Rússia:


 “ O casamento entre eslavos e finlandeses criou um novo tipo étnico, o russo ou grande russo".


 Rosh ou Rus


       Há uma controvérsia sobre a tradução da palavra hebraica rosh no versículo 2. Em algumas versões bíblicas  esta palavra foi traduzida como o adjetivo de “chefe”. Mas a tradução adequada – realizada por diversas traduções diferentes e explicada como tal por muitas enciclopédias e comentários bíblicos – usa a palavra como um  nome próprio. Provavelmente ou de um patriarca antigo ou de algum local geográfico.

        Mais importante ainda, Rosh era um lugar e um povo bem conhecido na Mesopotâmia, no atual Irã. É encontrado em antigos manuscritos assírios com o nome de Rasu.

        A inscrição de Sargão em Khorsabad, datada de 700 a.C., descreve uma terra, “a terra de Rasu da fronteira de Elam, que fica ao lado do Tigre”.

       A migração do povo de Rosh é menos documentada do que a de Mosoc e Tubal. No entanto, eles deixaram vestígios, como o rio Ros, na Ucrânia, na área onde foi formado o primeiro estado com seu nome, a Rus de Kiev.

       Nesta época, " Rus" ou " Rosh" era um reino de múltiplas etnias, incluindo os eslavos, fino-úgricos e bálticos, governados pelos escandinavos da casa de Riurik.

       De onde veio o nome Rus ainda é debatido, existem outras teorias. De acordo com a Crônica Primária dos Eslavos, o nome foi dado aos seus governantes escandinavos.

  Por volta do século IX, guerreiros e comerciantes da Escandinávia, chamados "varegues" , (mais conhecidos como vikings), já tinham penetrado nas terras eslavas do leste. Eles ocasionalmente combatiam o povo local, conhecido por eles como rus, e utilizavam os vencidos como escravos ou SLAV. A palavra eslavo significa

" escravo".  Acredita-se que os termos "russo" e "eslavo" tenham sido cunhados ou adaptados pelos escandinavos, dos quais os termos usados atualmente tenham se originado.

      O primeiro estado eslavo na região foi a Rússia de Kiev. Antigas sagas islandesas e runas chamam o território russo de "Gardariki" (Terra das cidades), posteriormente conhecidas pelos nomes de "Pequena Rússia" ( Ucrânia) e Grande Rússia. De acordo com estas sagas, o país estava dividido em três partes principais: Holmogordo (Novogárdia Magna), Conugordo (Kiev) e Palteskja (Polácia). A região de Kiev era considerada a melhor terra de todo o país. O território fora destas três porções era visto pelos noruegueses como a terra dos tártaros. Exportações de escravos, peles, mel e cera contribuíram para o crescimento de Kiev e da Novogárdia. As duas cidades rivalizavam com outras cidades europeias em tamanho, riqueza e belezas arquitetônicas.

       Alguns estudiosos russos, motivados pelo desejo de não enfatizar a influência escandinava no início da história russa, acreditam que Rus veio do nome de uma tribo sármata, chamada Rhoxolani.

       Os sármatas eram um grupo de muitas tribos diferentes que migraram através das estepes russas para a Europa Oriental e mais tarde receberam o nome de eslavos.

        A Enciclopédia Britânica afirma que os sármatas eram um povo de raízes iranianas. Portanto, estes Rhoxolani de origem sármata provavelmente vieram da terra de Rasu, um território específico nomeado pelos assírios que fica no atual Irã, a mesma área de onde se explica que os sármatas vieram.

       Curiosamente, Estrabão registrou o povo Rhoxolani vivendo entre os rios Dnieper e Don, mais ao norte do que qualquer pessoa conhecida pelos gregos no primeiro século. Esta terra, que incorpora a Bielorrússia, foi o território que formou o primeiro estado russo descrito anteriormente.

       O nome "Rus'", que deu origem a "Rússia" pode vir também da palavra finlandesa "Ruotsi" e da estoniana "Rootsi", que por sua vez derivam de "Ródr", remadores. No finlandês atual, "Ruotsi" significa Suécia. O significado de Rus é tema de debates, mas a versão mais aceite é de que era uma forma comum de os Vikings se autodenominarem quando viviam fora de sua terra natal, em companhia de outros povos. Muitas especulações, mas os fatos apontam para a mistura, migração e comércio entre todos estes descendentes Magog, Mosoc e Tubal.



Referências :


Bíblia Sagrada 

Enciclopédia Britânica

Antiguidades Judaicas de Flávio Josefo