domingo, 3 de março de 2024

Sídon e Het - origem dos Fenícios e Hititas

 Cristiano De Mari


       Sídon ou Zidon, em hebraico: ןדיצ (pronunciado seria Tsîydôn) , significando "caçar", foi um antigo patriarca, filho mais velho de Canaã, neto de Cam e bisneto de Noé. Seus descendentes foram conhecidos como "sidônios", eles chamavam a si próprios de "kena'ani" ou "cananitas" e colonizaram a costa do Mediterrâneo do atual Líbano, então conhecida como terra de Canaã e  supõe-se também que eles falavam uma língua semita após a invasão de semitas na região.

      Os filhos de Noé foram Sem, Cam e Jafet e os filhos de Cam foram Cush, Mizraim, Put e Canaã. Canaã teve dois filhos, Sídon e Het que originou os Hititas. 


      Cannã foi o pai ancestral também dos jebuseus, amorreus, girgaseus, heveus, arqueus, sineus, arvadeus, zemareus e hamateus, assim foram feitas as famílias dos cananeus.Estes foram derrotados pelos Israelitas nas guerras de conquista da Terra Prometida. Não desapareceram totalmente, porém muitos foram aniquilados.

     Alguns estudos genéticos modernos deduziram que os Libaneses modernos tem ancestralidade genética que remonta aos antigos cananeus, devido a localização moderna desse país nas regiões da antiga Fenícia. Muitos lembram desse assunto de história estudado na escola do ensino fundamental.

      Os cananitas foram conhecidos por seus panos vermelhos e roxos (uma tinta vermelha puxando para o roxo era extraída dos caracóis murex encontrados próximos de margens da Palestina, esse método agora esquecido era muito utilizado pelos Fenícios). Os gregos chamavam a terra de Canaã de "Fenícia", que significava "roxo". 

      Os Fenícios se tornaram uma nação de grande comércio, língua e cultura, considerando este fato, o nome israelita para "Canaã" surgiu para significar "comerciantes", em vez disso alguns sugerem que o nome Canaã veio do nome hebraico Hurrian, que significa "pertencente da terra de vermelho roxo". 




       O sistema de escrita dos fenícios é a fonte dos sistemas de escrita de quase toda a Europa atual, incluindo grego, russo, hebraico, árabe, e o alfabeto romano. 

     O império fenício caiu sob domínio Helenístico depois de ser conquistador por Alexandre, o Grande, por volta de 332 a.C. Em 64 a.C. o nome de Fenícia desapareceu completamente, tornando-se parte da província romana da Síria. No início da Era Cristã, fenícios remanescentes foram os primeiros a aceitar a fé cristã depois dos judeus. O nome de Sídon é até hoje perpetuado na cidade moderna de Sidon (Saidoon é o nome fenício, Saida em árabe) no sul do Líbano.


       Sídon foi também capital da Fenícia da época antiga.Os sidônios eram encontrados no Líbano, Chipre, Sicília, Sardenha, Espanha e África do Norte. Estas são as históricas colônias fenícias que se expandiram pelo Mediterrâneo , na qual uma das mais importantes foi Cartago na África do Norte.Quando Tiro, mais tarde cresceu surpreendentemente, o reino ainda era chamado "Sidônio", embora, possivelmente, Mediterrâneo e Tirreno tenham cedido seus nomes de influência à Tiro. 




        Het , os primórdios da civilização Hitita 


         Het , filho de Cannã e neto de Cam, originou a tribo mencionada na Bíblia como Heteus, que habitava nas cercanias do norte da Palestina. Com o passar dos séculos até sua formação como nação e império misturaram-se com tribos indo-europeias da Anatólia, isto é , com desdendentes de Jafet. Isso explica sua civilização, que embora houvesse elementos agregados de outras civilizações, não era puramente cópia babilônica , nem assíria e muito menos egípcia. Desse ponto em diante se chamaram de Hititas."


      Atualmente sabemos que os Hititas eram originalmente cananitas em parte mesclados com descendentes de indo-europeus que vieram de áreas adjacentes ao Cáucaso e escreviam na forma cuneiforme palavras que se assemelham ao ramo indo-germânico. Chegaram na Anatólia , atual Turquia a partir do final do 3º milênio a.C.  e entre suas principais cidades estavam a capital: Hattusas e outra considerada uma das cidades mais antigas do mundo Çatal Huyuk, sendo superada em antiguidade apenas por Jericó na Palestina.

       Este povo histórico foi contemporâneo de cretenses e aqueus, tempos de uma Grécia ainda não formada, foi um povo que quase viu um filho de um rei sentar-se no trono do Egito e foram também contemporâneos de Abraão, onde Efrom o heteu ( outro nome antigo dado aos hititas)  vende a ele um pedaço de terra:


“…Seus filhos, Isaque e Ismael, o sepultaram na gruta de Macpela, próximo a Mambré, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, campo que Abraão comprara dos hititas. Foi ali que Abraão e Sara, sua esposa foram sepultados. Depois da morte de Abraão, Deus continuou a abençoar sobremaneira seu filho Isaque, e Isaque habitou junto ao povo de Beer-Laai-Roi.”



      Os Hititas eram designados pelo termo “ Hatti” e habitavam no centro da Anatólia muito próxima à região da Capadócia onde encontram-se as ruínas da antiga cidade de Boǧazköy. Falavam uma língua própria indo-europeia similar aos Hurritas e à própria língua indiana que transcreviam em hieróglifos e em empréstimos da escrita cuneiforme assíria. 

      Os registros da época descrevem os Hititas como homens fortes, de estatura baixa , com barbas e cabelos longos e cerrados, possivelmente usados como proteção para o pescoço, seus cavalos eram venerados como animais nobres.Os encarregados de cuidar dos cavalos eram considerados indivíduos de grande importância na sociedade hitita.

 Sofreram influência da cultura da Mesopotâmia, como a escrita cuneiforme e deuses dos panteões dos povos vizinhos, e adaptaram essas influências a sua língua e civilização.

       Sua religião chegou a ser conhecida como “a religião dos mil deuses”. Eram numerosos deuses próprios e os  estudiosos encontraram influência suméria, babilônica, assíria, hurrita, luvita e outras estrangeiras no panteão hitita. Existem alguns poemas épicos que contêm mitos, originalmente hurritas, com motivos babilônicos, entre os quais Teshub, o deus do trovão e da chuva, cujo emblema era um machado e Arinna, a deusa do sol. Outros deuses importantes foram Aserdus (deusa da fertilidade), seu marido Elkunirsa (criador do universo) e Saushka (equivalente hitita a deusa mesopotâmica Ishtar).

       Os documentos de Tell-el-Amarna oferecem uma imagem diferente dos Hititas que corrigem os escassos dados bíblicos. Eles não eram apenas uma pequena tribo qualquer que habitava as cercanias de Jerusalém. Pelo contrário salienta que penetraram no Líbano pelo norte e as inscrições dos templos egípcios demonstraram que chegaram a Qadesh, no Orontes.  

      Numa das cartas encontra-se uma escrita em caracteres cuneiformes babilônicos de um rei de Hatti que os egípcios escreviam como “ Supalulu” , é o mesmo indivíduo, ou seja , o rei “Suppiluliuma”. Nesta mesma carta o rei congratula-se com o rei herege Aquenaton por ocasião de sua posse ao trono dirigindo-se a ele como um príncipe de mesmo grau de importância. Este é um rei hitita situável no tempo; Suppiluliuma, que viveu no ano de 1370 a. C. Em outras cartas é mencionada uma penetração hitita na Síria, e nos relatórios dos reis egípcios do Novo Império fala-se de encontros com os hititas.

     A Bíblia menciona-os habitando em terras do atual Israel enquanto as inscrições de Amarna e dos templos egípcios levaram os estudiosos a procura-los mais ao norte.

     Os monumentos hititas estendem-se mais ou menos de Hamat a Carquemish, mas os hititas siríacos são apenas um ramo de um grande grupo de populações, que deixaram monumentos semelhantes espalhados por toda a Ásia Menor até o mar Egeu. Os hititas habitaram nas cercanias do centro do atual estado de Israel. Em outros relatos , os hititas são mencionados como servos do rei Salomão. Pode ser que estes hititas siríacos  viviam em uma de suas colônias ou área de abrangência localizadas tanto em  Israel como na Síria. Mas o centro do império, era a Anatólia na atual Turquia.

     Nos textos multilíngues encontrados em sítios hititas, as passagens escritas na língua hitita são precedidas pelo advérbio nesili (ou nasili, nisili), "na fala ou dialeto de Nesa (Kanes)", uma importante cidade antes da ascensão do Império.

      A língua hitita (neshili) nesita, foi utilizada pelos hititas desde aproximadamente 1600 a.C. (ou provavelmente antes) até 1100 a.C. Há alguma comprovação de que o hitita e idiomas relacionados continuaram sendo falados na Anatólia durante algumas centenas de anos após o colapso do império hitita e dos últimos textos hititas.

      O hitita é a mais antiga língua indo-europeia conhecida e atestada. Recentemente, porém, a maior parte dos eruditos veio a aceitar o hitita como uma língua filha tradicional do proto-indo-europeu. A escrita cuneiforme dos hititas era um silabário com cinco vogais básicas (a, e, i, u, ú) e 112 sílabas (consoante + vogal). Havia também representação em logogramas para o idioma hitita e também para a língua acádia. O sentido da escrita era variável.

     No final do último século, arqueólogos conduziram escavações em Bogazkale, na época parte do Império Otomano (atual Turquia). Lá encontraram cerca de 10 mil tábuas de arquivos reais hititas que continham escrita cuneiforme de forma acadiana mas adaptada à língua hitita.

     O linguista tcheco Bedrich Hrozni anunciou que tinha conseguido decifrar a língua hitita, permitindo logo após o estudo de milhares de tábuas e informações sobre este povo.


A primeira frase traduzida por este linguista foi: " Nu Ninda-An Ezzateni, Vatar-Ma Ekuteni, que significa " você comerá pão, você beberá água."


     O hitita era escrito em uma forma adaptada da escrita cuneiforme mesopotâmica. Devido à natureza predominantemente silábica da escrita, é difícil apurar as propriedades fonéticas exatas de uma porção do conjunto de sons hititas. Contudo, as limitações da escrita silábica foram parcialmente superadas por meio da etimologia linguística comparada e de um exame das convenções ortográficas hititas.



Lista dos principais reis hititas:


Reis primevos:


Pittkhana        Século XVIII a.C.

Anitta              Século XVIII a.C.

Tudhalia          Século XVIII a.C.

Pusarrumas   Século XVIII a.C.


Reino Antigo


Labarna I       1680 - 1650 a.C.

Hattusil I       1650 - 1620 a.C.

Mursil I          1620 - 1590 a.C.

Hantil I          1590 - 1560 a.C.

Zidanta I        1560 - 1550 a.C.

Ammuna        1550 - 1530 a.C.

Huzzia I         1530 - 1525 a.C.

Telebino        1525 - 1500 a.C.


Período ou Reino Médio


Alluanna       século XV a.C.

Tahurwaili    século XV a.C.

Hantil II         século XV a.C.

Zidanta II       século XV a.C.

Huzzia II        século XV a.C.

Muwatallis I  século XV a.C., até 1430 a.C.


Reino Novo


Tudhalia I      1430 - 1400 a.C.

Arnuanda I    1400 - 1385 a.C.

Tudhalia II    1385 - 1360? a.C.

Hattusil II      século XIV a.C.

Tudhalia III   século XIV a.C.

Supiluliuma I Indeterminado, até 1322 a.C.

Arnuanda II   1322 - 1321 a.C.

Mursil II        1321 - 1295 a.C.

Muwatallis II            1295 - 1272 a.C.

Urhi-Teshub 1272 - 1265 a.C.

Hattusilis III  1265 - 1237 a.C.

Tudhalia IV (primeiro reinado) 1237 - 1228 a.C.

Kurunta                                         1228 a.C.

Tudhalia IV (segundo reinado) 1228 - 1209 a.C.

Arnuanda III        1209 - 1208 a.C.

Supiluliuma II          1207 - 1178 a.C.


 

Fontes:


https://www.apologeta.com.br/sidom/

Livro Antiguidades Judaicas de Flávio Josefo.

https://curiosidadesmisteriosantigos.blogspot.com/2016/07/os-hititas-raizes-indo-europeias-ou.html?m=1

Os Hititas, povo dos 1000 deuses,  Johannes Lehmann, editora Hemus, 2004.