terça-feira, 5 de março de 2024

Os Romanos - gênese épica

 Cristiano De Mari 

       Os Romanos são descendentes de tribos itálicas, as quais a mais famosa é a dos latinos, por habitarem a região de fundação da cidade de Roma, batizada de Lácio (Latium) que vem do termo latino.

        Dentre as tribos itálicas estavam: a dos Latinos, Enótrios, Úmbrios, Picenos, Faliscos, Marrucinos, Campânios, Lucanos, Volscos, Vênetos,  Sabinos e etc...

     A etnogênese ( origem étnica ) dos habitantes da Península Itálica está relacionada com a migração das populações indo-europeias para a Itália entre 3.500 e 2.500 a.C. 

      Estes povos primários , segundo pesquisas historiográficas e bíblicas podem estar relacionados dentre os descendentes de Tubal, filho de Jafet e neto de Noé, os primeiros habitantes tanto da Península Itálica como de toda borda europeia do Mediterrâneo eram estes povos artesãos e agricultores neolíticos que vieram da Anatólia e do Cáucaso.

     Existe um marcador genético de haplogrupo masculino Y que supõe-se estar relacionado às populações descendentes de Tubal que são considerados como os primeiros agricultores neolíticos vindos do Oriente Próximo ( próximos de áreas do monte Ararat, onde teria vivido a família de Tubal). Este marcador genético é o G-2a. Ele pode ser encontrado ainda hoje no Cáucaso, em países como Armênia e Geórgia, inclusive tendo uma porcentagem bem alta nessas populações. É encontrado ao longo do Mar Mediterrâneo e manifesta o movimento migratório deste clã por via marítima e pelo sul da Europa. Algumas rotas migratórias de populações G-2a foram também feitas adentrando o continente europeu pelos Bálcãs, centro e depois descendo pela Península Itálica. 

     Sim , os povos mais antigos da Península Itálica são de origem neolítica e podem estar relacionados à Tubal, filho de Jafet e neto de Noé, este era conhecido segundo a tradição como artífice em trabalhos metalúrgicos , pedras e outros materiais. Conforme a tradição também, Tubal seria o ancestral não somente de uma parte dos Itálicos, mas também dos Ilíricos, Ibéricos, Pelasgos e Cretenses.

     O Lácio , ou seja, a pátria latina no centro da Itália é um dos pontos mais fortes do haplogrupo G-2a na Europa hoje. O alto nível de G-2a no Lácio pode ser devido à dupla presença dos subclados indo-europeus L13, L1264 e Z1816 e de linhagens neolíticas anteriores que desceram dos Apeninos para viver em Roma após serem absorvidas pela civilização romana.

        Logo após, dentre todos os povos que formaram a etnia substancial da Europa, os latinos vieram em grandes ondas migratórias que começaram na Era do Bronze inicial e médio por volta de 2.200 e 2.000 a.C. A separação étnica em povos individuais de um "povo inteiro" originalmente itálico ocorreu na época pré-romana, entre 1.500 e 900 a.C.

     Isso abre espaço na história para outro marcador genético importante que pode ser acrescentado às etnias itálicas é uma variação do R1-b, o haplogrupo R1b-U152. Ele pode ter se originado na parte central da Europa, quando existia certa proximidade entre os proto-celtas, proto-itálicos e proto-germânicos. 

       


      

      O R1b é típico em populações germânico-celtas, mas como no início as primeiras populações  viviam muito próximas e em clãs tribais menores, porém não tão distantes uns dos outros havendo a possibilidade de casamentos essa recorrência de R1b passa também para povos itálicos.

     Mesmo todos eles sendo de origem indo-europeia, era visível na época romana certa diferença fisionômica entre romanos e germânico-celtas, onde os primeiros possuíam cabelos geralmente castanhos a escuros em contraste com os cabelos geralmente loiros ou ruivos dos germânicos. O mesmo acontece nos dias atuais comparando-se os italianos aos alemães. O germânico e o nórdico diferem dos latinos por serem mais alvos.

      Essa diferença no fenótipo se deve aos descendentes de Tubal, os primeiros habitantes da Península, mais morenos ( em relação a cor de cabelo ) , que foram os agricultores e artesãos vindos da Anatólia, e que tinham essa característica como toda a população original que habitou ao longo do Mar Mediterrâneo.

      Inicialmente e recuando mais ainda no tempo,  todos faziam parte de uma pré população chamada de Proto-Indo-Europeus. Com as migrações e distanciamentos , os haplogrupos foram modificando e se diversificando.

     Lembro aqui também, que a genética dos italianos modernos tem mais variações do que no tempo dos romanos , visto que mediante migrações humanas, conquistas, povos que entraram e saíram da Península no tempo do medievo, todos ajudaram a acentuar ainda mais a variação genética dos italianos atuais.

       Acredita-se que os falantes do itálico, um ramo indo-europeu, tenham cruzado os Alpes e invadido a península italiana há cerca de 3.200 anos, estabelecendo a cultura Villanova e trazendo consigo principalmente linhagens R1b-U152 e substituindo ou deslocando grande parte das populações primevas . Os habitantes neolíticos da Itália procuraram refúgio nas montanhas dos Apeninos e na Sardenha. Hoje em dia, a maior concentração de haplogrupos G-2a e J1 ( haplogrupo  encontrado nas regiões próximas ao Mediterrâneo, fruto de antigas migrações populacionais de semitas) fora do Oriente Médio encontra-se nos Apeninos, Calábria, Sicília e Sardenha.         

      Provavelmente, existiu uma conexão genética itálica com a céltica criada na parte central da Europa que depois desceu para a Península italiana. Estes itálicos R1b-U152 eram diferentes das primeiras populações que teriam entrado pelo sul da Península navegando pelo Mediterrâneo e que eram puramente G-2a. Ou seja, existiram misturas raciais que foram transmitidas aos futuros itálicos, e essas misturas raciais vieram principalmente dos clãs de Tubal, os primeiros que chegaram na Península Itálica e depois de Rifat , filho de Gomer , ancestral do ramo céltico-itálico na parte central da Europa. Lembrando que se recuarmos ainda no tempo, todos ficam cada vez mais aparentados e os laços tribais se estreitarão.

       A região do Lácio já era habitada por volta do ano 1000 a C., mas  partir do século VIII a. C., misturaram-se populações nativas das colinas de Roma (Palatino e Capitólio) aos Latinos (do Lácio) e aos Sabinos (do norte da cidade de Roma). A fundação mítica de Roma se dá em 753 a.C com Rômulo , depois de discutir e matar o irmão Remo. Ambos eram , conforme a lenda,  filhos do deus da guerra Marte e de Reia Sílvia, mortal filha de Numitor, Rei de Alba Longa, cidade fundada por latinos que era vizinha.



       O elemento etrusco surgirá a partir do século VI, embora com reflexos mais importantes a nível cultural e artístico e não tanto étnico. O contato com populações gregas da Magna Grécia (Itália Meridional) é também expressivo na gênese do povo romano, numa dimensão idêntica à dos Etruscos. 

      Com a expansão na fase final da Monarquia (séc. VI a. C.) e principalmente na República (509-27 a. C.) e depois no Império, o elemento étnico romano passará das fronteiras naturais do Lácio e colonizará grande parte da Península Itálica, mesclando-se com outras populações e impondo a sua língua , o latim , usos e costumes próprios da Urbe (cidade).

      Fora da Itália, a difusão do povo romano será mais consistente e integradora no Mediterrâneo e Europa Ocidental ( Gália, Hispânia e Lusitânia, respectivamente os atuais países da França, Espanha e Portugal), diluindo-se para Norte e restringindo-se a pequenos núcleos ou guarnições na maior parte da região oriental do Império ( nas atuais Romênia e Moldávia ) , ainda que existissem restos de colonização romana importantes (em localidades das atuais Líbia, Argélia, Tunísia, Síria ou litoral da Croácia e na Romênia).    

      Quando não exerciam formas de povoamento com colonos romanos, não deixava de existir uma forte circulação de romanos pelo Império graças às vias e caminhos.

      A base etnológica do povo romano é indo-europeia, inicialmente uma casta de guerreiros, possuidores de cavalos, que ocupavam uma vila fortificada e a terra à sua volta. Uma casta de domésticos e de palafreneiros, ao serviço dos guerreiros, habitava as planuras à volta da povoação amuralhada. 



      Roma, com casas inicialmente construídas sobre estacas pelos Lígures, tinha à sua frente um pontifex maximus (título que se manteve), encarregado da manutenção das estacarias. Os Etruscos construíram depois uma vila com casas em pedra, numa cidadela no Capitólio. Os Sabinos chegaram a povoar também a região em torno da cidadela etrusca, tendo provavelmente havido miscigenação entre os grupos, incluindo os Latinos que por ali viviam também. No início da Monarquia, Roma tinha 100 famílias nobres, latinas e etruscas, donas de cavalos e terras. Cada um dos seus antigos epónimos (que dava o nome à família) foi então divinizado e passou a ser culto familiar (pater, pai). Os descendentes destes 100 patres eram os patrícios, a alta nobreza romana. Os patrícios que tinham um epónimo comum formavam uma gens com um mesmo nome (nomen gentilicium). Cada braço da gens formava uma família com a sua casa em Roma. O conjunto da gens possuía um domínio no campo onde eram criados os cavalos ou primitivamente viviam os plebeus.Inicialmente, apenas os patrícios tinham direitos cívicos (formavam o Senado e o corpo de magistrados).

        Relativamente aos plebeus , estes eram originalmente os habitantes de aldeias rurais e pastoris, encarregados da exploração de um domínio gentílico. Os primeiros eram servidores palafreneiros vindos com os Italiotas no século XII a. C., depois, surgiram os Lígures dominados pelos Italiotas, plebeus que viviam já intramuros na fundação de Roma como domésticos ou clientes mas sem direitos cívicos. Em 578 a. C. Sérvio Túlio deu a cidadania aos plebeus mais ricos, com direitos iguais aos patrícios, mas sem acesso à magistratura. No século III a. C. surgem os "cavaleiros" (equites), plebeus ricos ou "burguesia mercantil" (politicamente, eram conhecidos como "homens novos",sem ancestrais). 




        Na base da pirâmide social romana, vinham os escravos, provenientes de tribos vencidas, sendo objetos do seu proprietário e podendo ser vendidos em mercados. Os mais fortes tornavam-se gladiadores. Os filhos dos escravos nasciam escravos também. No século III d. C., os escravos eram tão numerosos que a plebe estava dispensada de trabalhar, sendo-lhe fornecida gêneros alimentícios de uso essencial e bilhetes para o circo. Existiam também os libertos, escravos que alcançavam ou adquiriam a liberdade, ficando até à sua morte sob o patronato do seu antigo "mestre". Essencialmente, pode falar-se na existência de três grandes grupos sociais no povo romano, abaixo do imperador: a ordem senatorial, ou clarissimi (patrícios antigos e descendentes de antigos magistrados); a ordem equestre ou perfectissimi (ricos latifundiários e homens de negócios); e as "gentes", os humiliores (artesãos que não podiam abandonar a sua arte).

       O poder executivo estava nas mãos dos magistrados, eleitos anualmente pelo povo, enquanto que o legislativo e o controle pertencia ao Senado (Senatus Populus Que Romanus, o "Senado e o Povo de Roma", SPQR, na República).


Referências:


https://curiosidadesmisteriosantigos.blogspot.com/2015/06/latinos-saga-de-um-povo.html?m=1

https://curiosidadesmisteriosantigos.blogspot.com/2022/09/os-italicos.html?m=1

https://www.infopedia.pt/artigos/$romanos

https://curiosidadesmisteriosantigos.blogspot.com/2022/08/tubal_4.html?m=1

https://www.eupedia.com/genetics/italian_dna.shtml