quinta-feira, 4 de abril de 2013

A HISTÓRIA DA ÁFRICA E SUAS IMPLICAÇÕES NA CULTURA BRASILEIRA

Cristiano De Mari


RESUMO

O continente africano caracteriza-se pela diversidade cultural na imensidão de seu território. A História desse continente é rica e está intimamente ligada à História do Brasil. Os africanos, trazidos para nosso país como escravos, entre os séculos XVI e XIX, foram a mão-de-obra de  sustento de uma economia basicamente agrária.Enriqueceram também a cultura brasileira com seus costumes, rituais religiosos, culinária, danças e muito mais. Somente no século XIX, com o movimento abolicionista, os negros ganharam a liberdade com a assinatura da Lei Áurea (1888).Importante também é resgatar a história e a cultura dos povos que habitaram o continente africano.

Palavras-chave: Cultura; África ; Brasil.

1 INTRODUÇÃO
A cultura africana chegou ao Brasil com os povos escravizados trazidos da África durante o longo período em que durou o tráfico negreiro. A diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade dos escravos, pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas diferentes e trouxeram tradições distintas. Os africanos trazidos ao Brasil incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às religiões afro-brasileiras, e os hauçás e malês, de religião islâmica e alfabetizados em árabe. Assim como a indígena, a cultura africana foi geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colônia, os escravos aprendiam o português, eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo.

2 A ÁFRICA PRÉ-COLONIAL

Nos tempos pré-coloniais, os povos da África estavam divididos em centenas de nacionalidades e grupos étnicos, com grande variedade no que se refere às dimensões e tipos de culturas e crenças.Em alguns casos, estados multiétnicos  - como a Etiópia no fim do século XIX e o império do Mali durante o século XIV -  reuniam vários povos sob uma única autoridade política central.Noutros casos , o étnico  estava circunscrito à unidade política, como o reino dos zulus, no sul da África durante o século XIX, e ainda haviam minorias étnicas onde muitas não passavam de aldeias e comunidades independentes.

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Geralmente os europeus designavam os grupos étnicos com o nome de tribos.Mas se formos analisar , no século XIX , a nação-Estado zulu,governada por um rei, tinha tanto de tribo quanto a Inglaterra de Henrique VIII, devido a organização e o contingente populacional.Existiam também nações européias com territórios e população menores que muitas das tidas “tribos africanas”.


3 CULTURAS , LÍNGUAS E POVOS

Uma maneira conseqüente e válida de classificar as sociedades consiste em diferenciá-las de acordo com a língua que falam.Na África são faladas mais de mil línguas; algumas delas utilizadas por milhões de pessoas, como o mandinga, o igbo, o iorubá e o hauçá no oeste; o suali no leste; o amhárico e o orono no chifre da África (Etiópia e Somália); o zulu e o sotha no sul; e predominantemente o árabe no norte.Todas estas são pertencentes a quatro grandes famílias lingüísticas: a níger-kordofaniana, a Khoisan, a afro-asiática(camito-semítica) e a nilo-sahariana.Dentre as minorias temos algumas línguas tribais de menor expressão, e também as línguas indo-européias usadas como segundo idioma em vários países africanos.
Durante milhares de anos vivem na África  pessoas de três tipos físicos originais:na faixa norte, viviam homens de pele escura ou amorenada, de estirpe semelhante aos estabelecidos junto ao mediterrâneo como os fenícios , líbios , numidas , egípcios, coptas, cartagineses e posteriormente mouros muçulmanos.Na África central e oriental, dominava o grupo dos “negróides”, ou seja, de pele tostada e negra e com cabelo crespo como os bantos, sudaneses, etíopes, núbios, quenianos, entre outros.Em boa parte do restante do continente encontravam-se os caçadores-coletores, conhecidos como bosquímanos e haviam também os pigmeus considerados os homens mais baixos do mundo.Com os conseqüentes deslocamentos essas etnias acabaram por se mesclar aumentando ainda mais a variedade étnica e cultural no continente.
A África é o berço de um leque diverso de culturas humanas.Freqüentemente  se consideram genuinamente africanas a música polirrítmica e a dança, acompanhadas sobretudo pelo som do tambor.Na verdade, mais parece se tratar de um traço cultural particularmente associado aos povos do Níger- Congo.Sua difusão está submetida ao fato de que os povos citados, de maneira especial os bantos, se estenderam por grande parte do continente, sem contar que sua influência na música e nos bailes populares do ocidente é resultado do tráfico de escravos africanos , a maioria procedente da região Níger-Congo, por obra dos europeus.Deixando de lado as regiões africanas onde são faladas línguas do ramo nigero-congolês, predominam também outros estilos musicais, com freqüência acompanhados por instrumentos de corda, assim como estilos de dança completamente diferentes.(MURRAY, 2007, pág. 28)

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Outro traço cultural difundido é a religião, baseada no culto aos antepassados, com rituais de xamanismo, magias, o culto aos orixás feito pelos iorubas, e ainda temos o islamismo no centro-norte da África e um antigo resquício da Igreja cristã etíope e copta.
A arte africana  é comunitária , de modo que a forma que as esculturas adotam é própria de cada um dos povos que as produziram.Vamos encontrar esculturas feitas de ferro, bronze, barro cozido, pedra, junco coberto de couro, representando variadas formas, figuras, bonecos, tamboretes, apoios de cabeça, bacias e principalmente as máscaras.


4 A ÁFRICA NA CULTURA BRASILEIRA
Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança, música, religião, culinária e idioma.
Os bantos, nagôs e jejes no Brasil colonial criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseada no culto aos orixás praticada atualmente em todo o território. Largamente distribuída também é a umbanda, uma religião sincrética que mistura elementos africanos com o catolicismo e o espiritismo, incluindo a associação de santos católicos com os orixás.
A influência da cultura africana é também evidente na culinária regional, especialmente na Bahia, onde foi introduzido o dendezeiro, uma palmeira africana da qual se extrai o azeite-de-dendê. Este azeite é utilizado em vários pratos de influência africana como o vatapá, o caruru e o acarajé.
Na música a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana, como o lundu, terminaram dando origem à base rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros musicais atuais. Também há alguns instrumentos musicais brasileiros, como o berimbau, o afoxé e o agogô, que são de origem africana. O berimbau é o instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira, mistura de dança e arte marcial criada pelos escravos no Brasil colônial.

5 CONCLUSÃO

A África é um continente a ser admirado e de grandes potencialidades. Cabe ao nativo africano resgatar essas potencialidades e tentar construir uma nova história para o futuro; que esta seja geradora de identidades na consciência da população africana e que esteja focada em um objetivo comum: mostrar para o mundo o belo continente que é, mesmo contrastando com a pobreza, miséria, fome e as lutas fratricidas que denigrem sua imagem.

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Esse resgate pode já estar ocorrendo, ademais; muitos são os africanos hoje interessados em perceber a exuberância cultural e as tradições dos antigos, mesmo que estas estejam sob uma visão tipicamente européia.
A cultura brasileira possui fortes traços da cultura africana.E não é por menos, foram quatro séculos de escravidão que tornaram a cultura africana no Brasil saliente, como podemos ver no nosso cotidiano.A presença marcante do africano ajudou na composição étnica brasileira, onde em muitas regiões observa-se um povo altamente miscigenado e culturalmente diferenciado.
Portanto é imprescindível estudar a história da África, assim como estudamos a história européia por ter nos dado legados importantes.Porém não devemos esquecê-la  uma vez  que  também junto com a história do indígena brasileiro somos parte da fusão de três povos, três culturas diferentes; o típico povo  brasileiro.

6 REFERÊNCIAS.

MURRAY, Jocelyn.África: o despertar de um continente.Edição Brasil.Editora Folio, 2007.

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