terça-feira, 12 de março de 2024

Os arquétipos, modelos mentais e comportamentais presentes na história humana

 Cristiano De Mari


       Para os antigos gregos, Arquétipo (do grego ἀρχή - arché: "princípio", "posição superior"; τύπος - tipós: "marca", "tipo") é um conceito que representa o primeiro modelo de algo , das antigas impressões sobre algo. 

       O pai da psicologia analítica, o suíço Carl Gustav Jung dizia que os arquétipos são uma herança psicológica, ou seja, resultam das experiências de milhares de gerações de seres humanos no enfrentamento das situações cotidianas. 

     As imagens dos arquétipos são encontradas em mitos ( repletos de arquétipos de herois , patriarcas-deuses geradores, deusas ,  e muitas vezes criaturas), lendas, na literatura ( seja religiosa ou não) , nos filmes e até mesmo nos nossos sonhos. Também são encontrados nas marcas e publicidade. Quando a figura de um animal é utilizada em uma marca pressupõe que os clientes associem essa marca às características daquele animal.

     O arquétipo, como conceito da psicologia representa padrões de comportamento associados a um personagem ou papel social. Há uma idealização das  características de como deve se portar um heroi, uma matriarca, um governante, um amigo, etc...

      A mãe, o pai, o sábio e o heroi são exemplos de arquétipos. Esses “personagens” têm características percebidas de maneira semelhante por todos os seres humanos , sejam quais forem as épocas em que viveram ou  viverão.

       Devidamente, os relatos orais milenares da tradição histórico-patriarcal merecem a devida atenção e crédito. Estão repletos de personagens reais e também de figuras arquetípicas.

       Para Jung, esses comportamentos que os arquétipos representam estão no inconsciente coletivo humano e sendo assim são percebidos de maneira similar por todos.

      E o que é o inconsciente coletivo?

     É como um grande reservatório de imagens ocultas inconscientemente mas que lá estão, são chamadas de arquétipos ou imagens primordiais, que cada pessoa herda de seus ancestrais. A pessoa não se lembra das imagens de forma consciente, porém, herda uma predisposição para reagir ao mundo da forma que seus ancestrais faziam. Por isso muitas coisas que fazemos, ou que repetimos inconscientemente muitas vezes lembram, são parecidas com nossos pais, tios ou avós e estes também herdaram de seus antepassados.Não temos somente uma herança genética mas também comportamental, tradicional, familiar, e quanto mais recuarmos no tempo, teremos uma herança tribal e patriarcal.





      A mitologia transita entre a lenda e a realidade.A lenda é um ou mais elementos agregados que deixam o enredo literário mais fantasioso, mais atraente, mais épico.Agora, a parte da  realidade vem sempre de uma verdade inicial, pois tudo tem uma origem, estes são os arquétipos contidos na mente humana que perpassam os séculos e os milênios. Existe sempre uma tentativa humana em fantasiar tudo, lógico que às vezes pode parecer bom ser ousado, mesmo assim, o ser humano para e pensa, e volta para os primórdios ( não no sentido de troglodita ou pré-histórico). Ele volta onde os modelos mais seguros residem nas experiências que deram certo, nos modelos sociais, comportamentais, éticos e morais que transmitiram e ainda transmitem relativa ordem e normalidade.

     A religião busca transcender nestes arquétipos iniciais , busca explicar toda e qualquer mentalidade e ação humana sob a tutela da espiritualidade, ou seja, existe a ordem da natureza, existe uma vontade um livre arbítrio mas a própria natureza e o ser humano não estão sós pois existe um Ente Superior o qual nos referimos a Deus que provê e inspira quando as necessidades e dificuldades ocorrem,  quando nossas próprias forças, quando a nossa humanidade não consegue resolver.

    A história é capaz de mostrar e transmitir o realismo de outrora e os comportamentos dos nossos ancestrais. Aquilo que nos é mostrado como bom , coerente e honesto pela religião é percebido e pode ser comprovado pela ciência histórica, assim como os modelos negativos ao longo da história também.

    Seria como que praticamente impossível  não conseguirmos discernir, avaliar e escolher os bons modelos. Digo isso porque diferentemente da antiguidade, nunca a humanidade esteve numa época tão à mercê das tecnologias, da enxurrada de informações , das instruções, onde a consciência humana poderia claramente optar pelo que realmente vale a pena viver.E mesmo assim, o que se vê hoje é uma tentativa ideológica auxiliada pela propaganda que visa afetar o ego para mudar os arquétipos.

    Os arquétipos positivos e negativos continuarão a existir lado a lado por algum tempo ainda, como também existem o bem e o mal, a luz e a escuridão, a matéria e a antimatéria ,  formas de dualismo ocasionadas por vários erros humanos desde o Gênesis. E estes erros não afetaram somente o plano físico.

     O conhecimento é sempre muito bom mas ele também sempre trará a necessidade da dúvida, a discussão vai acontecer pra tentar chegar num denominador comum mas também propagará muito mais dúvidas, quanto mais eu descubro maiores serão meus questionamentos pois novas perguntas surgirão, novas problematizações e consequentemente novas respostas assertivas e assim por diante , este ciclo é interminável.

     É como aquela velha frase de Sócrates que viveu em Atenas entre 470 a.C e 399 a.C, embora ainda não haja certeza quanto a essa autoria:

" Quanto mais eu sei mais parece que não sei."

     O bom para nós que acreditamos é que temos um Deus para nos guiar.


Referências:


https://aldeiaconteudo.com.br/blog/branding/arquetipos/

https://www.douglasmaluf.com.br/os-12-arquetipos-de-jung-qual-e-o-seu/

https://www.posuscs.com.br/quais-sao-os-arquetipos-mais-comuns-da-psicologia-analitica-abordagem-junguiana/noticia/2773#:~:text=Os%20arqu%C3%A9tipos%20junguianos%20s%C3%A3o%20padr%C3%B5es,se%20manifesta%20em%20nossas%20vidas.