sábado, 23 de julho de 2016

O faraó Menés ou Narmer : o unificador de dois reinos

Cristiano De Mari

O primeiro documento histórico que comprova a unificação de dois países é uma lasca de pedra xisto encontrada em Hieracômpolis, agora no museu Egípcio do Cairo. Sobre uma das faces aparece a figura de um rei que com a coroa do Alto Egito, se dirige para dez inimigos decapitados; na parte central, dois animais estranhos formam com seus longos pescoços uma cavidade onde se depositava o óleo que protegia os olhos das doenças; embaixo, um touro, simbolizando a força do rei, ataca a chifradas os muros inimigos.
Na face contrária, este mesmo monarca com a coroa do Baixo Egito, sacrifica um prisioneiro enquanto o deus-falcão Hórus lhe apresenta outros seis mil prisioneiros representados em hieróglifos com um rosto barbudo e seis flores do pântano.
No alto, entre as duas cabeças de Hátor , a deusa vaca, o nome de Narmer. Esta lasca ou paleta, data do ano 3200 a.C. e esse homem chamado Narmer se identificaria com o mesmo nome do primeiro faraó conhecido como Menés.
Esta lasca de pedra tem uma importância fundamental por dois motivos: é histórico , pois da testemunha da primeira união de duas coroas sob o mesmo monarca; e artístico pois provavelmente é a primeira obra de arte completamente egípcia. Também pelo seu busto encontrado percebe-se nitidamente características faciais africanas em sua aparente fisionomia.
Menés ou Narmer foi o grande unificador de dois países, o iniciador da civilização egípcia, o fundador de um dos primeiros reinos do mundo junto com a Suméria. Sobre ele sabe-se muito pouco. Nasceu nos tempos em que o Egito estava fragmentado em nomos, e seus governantes, os nomarcas governavam pequenos pedaços de terras, minúsculas províncias entorno do Rio Nilo. Sua cidade natal teria sido Tínis e segundo a lenda , já sendo rei de todo Egito, conquistou todo o delta ao norte e como Tínis ficava muito ao sul, desviou o curso do Nilo, levantou uma grande praça forte onde surgiria tempos depois a cidade de Mênfis e estabeleceu ali o centro de seu poder.
Chamou esta fortaleza do “ Grande muro branco” , em egípcio “ Ineb-hedi ”, provável relação do nome com o aspecto da fortaleza que guarnecia a rota do vale e servia como palácio da coroação real. Durante o Império Médio (de 2040 a 1640 a.C.) a região passou a ser denominada de Ankh-tawy , isto é , O que liga as Duas Terras, numa referência ao posicionamento estratégico da cidade, na ponta do delta do Nilo. Aliás, deve ter sido justamente essa localização privilegiada que levou os soberanos da I dinastia (de 2920 a 2770 a.C.) a escolherem aquela zona para instalação da capital do país.
Menés, governou por muitos anos, combateu os líbios e os aprisionou juntamente com milhares de cabeças de gado seus. Segundo o historiador grego Maneton, morreu tragicamente.
Em Nagadeh e Abidos foram encontrados vários objetos com o nome de Menés e de seus sucessores . Entre seus sucessores encontramos um de nome Get , a quem pertenceu a esplêndida “Estela do Rei Serpente” (Museu do Louvre).
Outro nome é Aha . Depois vem Neterimu, que destruiu algumas cidades no Delta que tinham se rebelado.
Semerkhet, foi talvez um usurpador, organizou a primeira expedição em busca de minérios, um destes minérios era o cobre extraído do Sinai. A caravana foi atacada por tribos de beduínos, cuja punição aconteceu num relevo entra as rochas de Uadi Maghara.
Usefais foi outro que se embrenhou com caravanas de expedições que também foram atacadas por beduínos locais. Teve também o reinado de Miébis, lembrada na Pedra de Palermo.

Era uma dinastia de soberanos durões, enérgicos mas muito contestados pelo povo. Todos foram sepultados em Abidos , a necrópole de Tínis.Com o declínio da cidade, suas tumbas foram saqueadas e esquecidas.A melhor peça encontrada dessa época é um bracelete de antebraço da rainha esposa do rei Zer, ornado de esplêndidas joias encontradas hoje no Museu do Cairo.







Referências:


Mella, Federico Arborio. O Egito dos Faraós, EDITORA HEMUS, São Paulo, 2008, 3ª edição.