quinta-feira, 12 de junho de 2014

Cultura Mesopotâmica - a escrita cuneiforme

        Cristiano De Mari

Para tornar possível a inundação fertilizante, os primitivos sumérios, entre muitas coisas, precisavam mesmo desempenhar diferentes papeis de engenheiros, técnicos em hidráulica, astronomia e para estes numerosos afazeres e necessidades entenderam ser indispensável criar algum tipo de escrita, que junto com a egípcia é a mais antiga do mundo pós-diluviano (Neolítico).    
No início, a escrita cuneiforme criada pelos sumérios e difundida depois por todos os povos da Mesopotâmia, era muito semelhante à egípcia quanto a forma de seus caracteres desenhados, por hora chamados de pictogramas e ideogramas. Desenhos representativos de objetos, seres humanos, animais ou mesmo que representassem palavras , frases ou ideias.
Os egípcios dispunham de papiro, uma espécie de papel criado trançando as fibras de uma planta que leva este nome também. Ele era juntado, prensado e secado ao sol, resultando em folhas um pouco ásperas , boas para escrita e de aspecto amarelado.
Na Suméria ( planície de Sennar mencionada na bíblia em Gênesis), e depois no restante da região, somente era possível esta escrita em tabletes de barro , que eram cozidos para adquirir durabilidade. Também eram feitos entalhes em rochas , principalmente de nomes de importantes reis e relatos de bons êxitos em campanhas militares, mas isso era reservado apenas à elite. A grande parte do que era escrito era feito em tabletes de barro, nas escolas de cidades como Ur  e Uruk, as crianças escreviam assim também, para registrar inundações de cheias dos rios, para registrar o excedente agrícola produzido , para registrar ciclos astronômicos, etc...
Estes sinais, cerca de 3000 a.C. , eram num total de 2000, mas bem depressa foram se reduzindo. Poucos séculos depois eram 800, e perto de 2050 a.C., 600. Nos tempos áureos de Babel seriam reduzidos para 300 e depois ainda mais. Houve uma evolução ao longo dos séculos de caracteres puramente pictográficos (desenhos) para caracteres ideográficos (sinais).Escrevia-se nas tabuinhas de argila na ordem de cima para baixo , direita para a esquerda ou ainda em sentido anti-horário. A leitura poderia ser feita  na prática da esquerda para a direita.
O mecanismo desta escrita se transferiu depois para o acádio e aos dialetos derivados, com algumas variantes e muitos inconvenientes. Assim por diante será a escrita Mesopotâmica no decorrer dos séculos seguintes, preservando-se a grafia em diferentes línguas, começando com os sumérios, acádios, assírios, caldeus , amoritas-babilônicos, medos e persas.
Algumas formas de escrita cuneiforme , sua escrita e pronúncia aproximadas:

Em português:

“ Ao deus sol, seu rei Ur-Nammu, homem poderoso Rei de Ur, Rei de Shúmer e de Acad, seu templo construiu.”

Pronúncia em Sumério:

“ Dinghir Babbar, lugal ani Ur-nammu, nitah-kalagga Lugal Urim, Lugal Kienghi , kiurighe éani  munadu.”

"Lugal" significa rei ,  "Urim" significa Ur.  
"Kienghi" significava “terra dos reis civilizados” era o nome que os sumérios davam à sua terra, ou seja Shúmer , a Sennar bíblica, região plana banhada pelos rios Tigre e Eufrates.
Chamavam seu povo de "Saggiga"  “os homens de cabeças pretas”.

Também em persa (Persas - povo de mestiçagem semita/indo-europeia) , uma das últimas línguas a ser escrita em cuneiforme , temos uma amostra de frase:

Em português:

“ Xerxes rei, grande rei dos reis, filho de Dario, rei Aquemênida.”

Em persa trecho de Behistun :

“ Hi-chi-a-archi Charru , rabû char charrâní, apal Da-a-ri-ia-auch, charru Akhamaannich-ch’a.”

Aqui a palavra rei é  “ Charru ”.

Em português temos a seguinte frase babilônica:

“Nabucodonosor, rei de Babel, curador de Esagila e de Ezida, filho primogênito de Nabopolassar rei de Babel.”

Em babilônico:

“ Nabû-ku-dúr-ri-usur, Chiar Babili, zanin E-zag-ila ù E-zi-da, ap-lam a-chi-a-ri-du Chia (ilu) Nabû-apal-usur Chiar Babili.”

Onde aqui a palavra rei se torna “ Chiar ”.

As comparações podem ser feitas numerosas vezes o que denota a variedade linguística naquele local. Mesopotâmia, berço da humanidade , dos primeiros feitos pós-diluvianos, de homens com tez escura, semitas e arianos, pioneiros na criação dos primeiros conceitos de  “civilização”.


Abaixo seguirão imagens dos caracteres cuneiformes:








Referências: Dos sumérios a Babel. Mella , Federico Arborio. Editora Hemus. São Paulo, 2007.
Referências das Imagens: < sociedadeolhodehorus.blogspot.com>, < pt.dreamstime.com>, < osaquemenidas.blogspot.com> <, pt.wikipedia.org>