Cristiano De Mari
Para tornar possível a inundação
fertilizante, os primitivos sumérios, entre muitas coisas, precisavam mesmo
desempenhar diferentes papeis de engenheiros, técnicos em hidráulica,
astronomia e para estes numerosos afazeres e necessidades entenderam ser
indispensável criar algum tipo de escrita, que junto com a egípcia é a mais
antiga do mundo pós-diluviano (Neolítico).
No início, a escrita cuneiforme criada
pelos sumérios e difundida depois por todos os povos da Mesopotâmia, era muito
semelhante à egípcia quanto a forma de seus caracteres desenhados, por hora
chamados de pictogramas e ideogramas. Desenhos representativos de objetos,
seres humanos, animais ou mesmo que representassem palavras , frases ou ideias.
Os egípcios dispunham de papiro, uma
espécie de papel criado trançando as fibras de uma planta que leva este nome
também. Ele era juntado, prensado e secado ao sol, resultando em folhas um
pouco ásperas , boas para escrita e de aspecto amarelado.
Na Suméria ( planície de Sennar
mencionada na bíblia em Gênesis), e depois no restante da região, somente era
possível esta escrita em tabletes de barro , que eram cozidos para adquirir
durabilidade. Também eram feitos entalhes em rochas , principalmente de nomes
de importantes reis e relatos de bons êxitos em campanhas militares, mas isso
era reservado apenas à elite. A grande parte do que era escrito era feito em
tabletes de barro, nas escolas de cidades como Ur e Uruk, as crianças
escreviam assim também, para registrar inundações de cheias dos rios, para
registrar o excedente agrícola produzido , para registrar ciclos astronômicos,
etc...
Estes sinais, cerca de 3000 a.C. , eram
num total de 2000, mas bem depressa foram se reduzindo. Poucos séculos depois
eram 800, e perto de 2050 a.C., 600. Nos tempos áureos de Babel seriam
reduzidos para 300 e depois ainda mais. Houve uma evolução ao longo dos séculos
de caracteres puramente pictográficos (desenhos) para caracteres ideográficos
(sinais).Escrevia-se nas tabuinhas de argila na ordem de cima para baixo ,
direita para a esquerda ou ainda em sentido anti-horário. A leitura poderia ser
feita na prática da esquerda para a direita.
O mecanismo desta escrita se transferiu
depois para o acádio e aos dialetos derivados, com algumas variantes e muitos
inconvenientes. Assim por diante será a escrita Mesopotâmica no decorrer dos
séculos seguintes, preservando-se a grafia em diferentes línguas, começando com
os sumérios, acádios, assírios, caldeus , amoritas-babilônicos, medos e persas.
Algumas formas de escrita cuneiforme ,
sua escrita e pronúncia aproximadas:
Em português:
“ Ao deus sol, seu rei Ur-Nammu, homem
poderoso Rei de Ur, Rei de Shúmer e de Acad, seu templo construiu.”
Pronúncia em Sumério:
“ Dinghir Babbar, lugal ani Ur-nammu,
nitah-kalagga Lugal Urim, Lugal Kienghi , kiurighe éani munadu.”
"Lugal" significa rei , "Urim" significa Ur.
"Kienghi" significava “terra dos reis
civilizados” era o nome que os sumérios davam à sua terra, ou
seja Shúmer , a Sennar bíblica, região plana banhada pelos
rios Tigre e Eufrates.
Chamavam seu povo
de "Saggiga" “os homens de cabeças pretas”.
Também em persa (Persas - povo de
mestiçagem semita/indo-europeia) , uma das últimas línguas a ser escrita
em cuneiforme , temos uma amostra de frase:
Em português:
“ Xerxes rei, grande rei dos reis, filho
de Dario, rei Aquemênida.”
Em persa trecho de Behistun :
“ Hi-chi-a-archi Charru , rabû char charrâní, apal Da-a-ri-ia-auch, charru Akhamaannich-ch’a.”
Aqui a palavra rei é “ Charru ”.
Em português temos a seguinte frase
babilônica:
“Nabucodonosor, rei de Babel, curador de
Esagila e de Ezida, filho primogênito de Nabopolassar rei de Babel.”
Em babilônico:
“ Nabû-ku-dúr-ri-usur, Chiar Babili,
zanin E-zag-ila ù E-zi-da, ap-lam a-chi-a-ri-du Chia (ilu) Nabû-apal-usur
Chiar Babili.”
Onde aqui a palavra rei se torna “
Chiar ”.
As comparações podem ser feitas
numerosas vezes o que denota a variedade linguística naquele
local. Mesopotâmia, berço da humanidade , dos primeiros feitos
pós-diluvianos, de homens com tez escura, semitas e arianos, pioneiros na
criação dos primeiros conceitos de “civilização”.
Abaixo seguirão imagens dos caracteres
cuneiformes:
Referências:
Dos sumérios a Babel. Mella ,
Federico Arborio. Editora Hemus. São Paulo, 2007.
Referências das Imagens: < sociedadeolhodehorus.blogspot.com>, <
pt.dreamstime.com>, < osaquemenidas.blogspot.com> <, pt.wikipedia.org>