quarta-feira, 24 de julho de 2013

Os caminhos do Monoteísmo !!!

Cristiano De Mari

"Façamos o homem à nossa imagem e semelhança",........e depois veio o ....Monoteísmo!!!

O mundo está cheio de sistemas de religiões, doutrinas e seitas que por milhares de anos ajudaram a configurar as nossas crenças e visões de mundo. Ao longo dos séculos, muitos desses credos passaram para o reino da mitologia , exemplos: nos politeísmos greco-romano, germânico, eslavo, babilônico, egípcio, polinésio, aborígene, americano, etc... No entanto, na sua época, essas religiões antigas eram adoradas da mesma forma como o Cristianismo, Islamismo,  Budismo são hoje por exemplo.
Embora elas fossem professadas como religiões legítimas, podemos aqui fazer uma comparação com as ideias que temos sobre as variações ou formas de crenças, entre elas as que estão vinculadas à uma divindade ou mais e que chamamos de Henoteísmo, Politeísmo, Monoteísmo, Panteísmo, etc...
Geralmente quando se fala a respeito das origens da religião, costuma-se classificá-las de acordo com uma ordem cronológica e evolutiva: Panteísmos ( os seres da natureza são deuses +- 10000 a.C ) ; Politeísmos e cultos aos antepassados ( 7000 – 1500 a.C ) ; Henoteísmos e Dualismos ( Existe uma divindade maior , mas admite-se a existência de outras de menor importância, ou como o Zoroastrismo e Mitraísmo, duas divindades, a do bem e a do mal - 1500 – até a.D) e depois Monoteísmos(Yaveh, Alá, Deus). Claro que a sequência é válida para a maioria dos sistemas religiosos que "teriam" evoluído desta forma, porém ainda hoje vemos resquícios de politeísmo e panteísmo por ai como nas religiões africanas, o neopaganismo celta, religiões indígenas, xamânicas, totêmicas, etc...
Porém a realidade pode ser bem diferente e a sequência inversa. Ultimamente os pesquisadores , teólogos , historiadores e sociólogos estão trabalhando e investigando  hipóteses de uma origem monoteísta da crença religiosa que evoluiu depois para os politeísmos e se degenerou em panteísmos diversos. Inclusive também defendo essa teoria. A crença monoteísta sempre esteve presente e sempre foi a mais ouvida dentro do mundo judaico - cristão e islâmico.
As próprias cosmogonias antigas; que são visões do mundo e do universo primitivo de religiões pagãs deixam transparecer sinais de monoteísmo oculto. Só para explicar o que é o pensamento cosmogônico: ele é uma tentativa de explicar a realidade através dos mitos, narrava a origem da natureza por meio de genealogias divinas: as forças e os seres naturais estavam personalizados e simbolizados pelos deuses, titãs, atlantes,  annunakis, nefilins ou heróis, cujas relações davam origem às coisas, aos homens, às estações do ano, ao dia e à noite, às colheitas, à sociedade. Suas paixões não correspondidas se exprimiam por raios, trovões, tempestades, tufões, desertos. Seus amores e desejos realizados manifestavam-se na abundância da primavera, das colheitas, da procriação dos animais.
O mito é um relato de algo supostamente ocorrido em um tempo imemorial. Reflete a maneira de compreender e de expressar-se do mundo que é pré-científica e pré-filosófica. Os mitos baseiam-se em uma visão “primitiva” do mundo e em chave religiosa. O mito por si não é uma falsidade mas uma caricaturação de algo precedente , de  fatos originais pertinentes à memoria religiosa coletiva da humanidade. Com o tempo através da tradição oral e; genealogia após genealogia;  textos e relatos originais das origens foram aumentados , acrescentados, retocados pois há o fator humano na produção textual, mesmo considerando-se a Revelação Divina. O texto foi escrito por mãos e intelecto humanos sob Inspiração Divina. Saber se o texto é de origem divina ou não cabe a fé de cada um e à confiança depositada no ser humano a partir de uma revelação particular de Deus aos homens como aconteceu com Adão, Set , Henoc, Noé, Abraão, etc...A intenção do relato é real e verdadeira quando o vivenciamos e quando percebem-se que os frutos da mensagem são frutíferos e benevolentes.
Mas como podemos identificar se existem traços de monoteísmo dentro do politeísmo? Podemos , mas é um trabalho minucioso analisando as próprias escrituras antigas e textos sagrados das mitologias .
Pois bem, temos o nosso maior referencial (digo isso por ser cristão católico) o texto bíblico do Gênesis que relata os acontecimentos da criação através de uma revelação divina em que os sujeitos interlocutores são Adão e Eva. Pois bem, muito já se discutiu sobre a questão do monogenismo (origem humana a partir de um único casal) e poligenismo (origem humana a partir de vários casais). Existem teses e trabalhos acadêmicos de ambos os lados. O monogenismo defendido pelas religiões monoteístas de hoje e o poligenismo defendido principalmente pela comunidade científica/evolucionista.
 A própria ciência genética veio a colaborar com o monogenismo quando descobriu que todos humanos descendem de um único casal que teria vivido há 200.000 anos na África e que foram chamados pelos estudiosos de “Eva e Adão mitocondriais”. O DNA que está presente nas mitocôndrias e que se encontra nos seres humanos de hoje foram rastreados até essa mulher “Eva mitocondrial”, pois o material genético das mitocôndrias só passa da mãe para os filhos e as características genéticas estão presentes nas mais diversas raças humanas existentes no mundo. Não necessariamente, dizem os evolucionistas , que se tratava do único casal da época, mas sim o casal que deu origem à todas as genealogias humanas posteriores até hoje.
Muito bem, nos livros sagrados da maioria das religiões sejam monoteístas ou politeístas encontramos referências há um primeiro casal, um primeiro homem, um dilúvio, uma arca da salvação, confusão de línguas , etc... Há referências à queda de anjos , deuses, seres divinos, etc.... também confronto entre deuses e titãs , seres menores, fadas, ninfas, hecatônquiros,  toda uma cultura mitológica.
Comecemos por alguns relatos de livros sagrados então:

·         Tabuinhas sagradas Naacal descobertas na Índia, e similares no Camboja e no México pelo aventureiro britânico James Churchward e traduzidas com a ajuda de sacerdotes hindus, continha escrita sagrada antiga de um povo primitivo que teria vivido há mais de 12000 anos. Este povo teria vivido num gigante continente hipotético   no   meio Pacífico   que  afundou por causa  de  um    grande cataclismo magnético (dilúvio). Este continente se chamava MU e sua história é muito semelhante à história de Atlântida. Os povos que lá habitavam foram os contemporâneos de Noé , além dos povos dos outros continentes que já conhecemos. Vejamos:

“ No início o universo não passava de uma alma ou espírito. Tudo era inanimado, sem vida, calmo e silencioso. A imensidão do espaço era o nada e trevas. Apenas o Espírito Supremo, o Grande Poder, o Criador, a Serpente de Sete Cabeças existia neste mundo de Trevas. Sentiu o desejo de criar mundos e os criou; sentiu o desejo de criar a Terra habitada por seres viventes e criou a terra e tudo o que ela contém”.
Também diz no 1º mandamento: “ Que o gás sem forma e espalhado pelo espaço seja reunido para formar a Terra: o gás se reuniu em forma de turbilhão.”
O 2º mandamento dizia: Que o gás se solidifique para formar a terra: o gás se solidificou então, sendo deixados partes dele para formar as águas e a atmosfera; e esses volumes de gás envolveram o novo mundo. As trevas imperavam e não havia nenhum som, porque não havia ainda sido formada a atmosfera, nem as águas”.
O 3º mandamento dizia assim: “Que o gás do exterior se separe e que forme a atmosfera e as águas: e o gás se separou; uma parte formou as águas, que se espalharam pela superfície da terra e a cobriram, se bem que não aparecesse nenhuma ilha. O gás que não formou as águas, passou a constituir a atmosfera e a “luz foi incluída nessa atmosfera”. ”E os raios do sol se encontraram com os raios da luz na atmosfera e formaram o dia. Dessa forma, fez-se a luz.E o calor foi incluído também na atmosfera trazendo a vida.”
O 4º mandamento dizia: “ Que o gás que está encerrado no interior da terra a faça subir acima da superfície das águas; então o fogo do centro da terra fez surgir as ilhas e os continentes, e as águas se afastaram.”
O 5º mandamento foi: “ Que a vida apareça nas águas: e os raios do sol se encontraram com os raios da terra no lodo das águas e se formaram os ovos cósmicos(germes da vida) entre as células do lodo. E a vida surgiu desses ovos cósmicos.”
O 6º mandamento foi: “Que a vida apareça sobre a terra: e os raios do sol se encontraram com os raios da terra no pó e se formaram os ovos cósmicos e desses ovos cósmicos surgiu a vida.”
E quando tudo já estava feito, foi dado o 7º mandamento: “Criemos um homem à nossa imagem e se dê a ele o poder de reinar sobre esta terra”.
Dessa forma Narayana, a inteligência de Sete Cabeças, o Criador de todas as coisas do universo, criou o homem e colocou em seu corpo um espírito vivente e imperecível, e o homem tornou-se uma inteligência como Narayana. E a criação foi perfeita.”
Impressionante a semelhança com o relato da criação do Gênesis que é a mesma da Torá judaica. Os sete mandamentos ou os sete dias do Gênesis indicam sem dúvida sete períodos de tempo diferentes, onde em cada um deles foi executada determinada obra. Costuma-se dizer que o Gênesis foi inspirado no poema de Guilgamesh , um épico escrito no tempo dos sumérios. Mas percebe-se que o relato de Gênesis vem de inspiração muito mais antiga e de origem monoteísta, como no caso dos textos sagrados descobertos por Churchward.
A duração destes períodos na Bíblia se caracterizam pelo espaço de um dia. Mas um dia para Deus pode significar mil anos como também um milhão de anos e assim por diante. Dentro da física vários pesquisadores estudam estas possibilidades ao relacionar a ciência com a religião como o Dr. em física israelense Gerald Shroeder no seu livro : “ O gênesis e o Big Bang”.
·         Na China pré-dinástica, Chang-ti é na mais antiga religião monoteísta chinesa, o “Deus do Céu”, e o imperador, ou “ti”, a sua imagem terrena, o “Filho do Céu”. As representações posteriores desse povo de camponeses, racionalistas, variou desde crenças impregnadas de animismo ou crença em espíritos, deuses da natureza, culto dos antepassados e credo nos poderes dos elementos Vento e Água, chegando ao ateísmo comunista atual. Tudo quanto à mitologia chinesa transmitia sobre as diferentes culturas era feito oralmente. A língua chinesa é monossilábica. Fu-hsi, foi o provável imperador mitológico criador da escrita chinesa.
·         Na antiga Grécia e em Roma os povos mantinham grande zelo e adoração a Zeus ou Júpiter : deus maior e comandante dos demais deuses que se assentava num trono localizado no Monte Olimpo. Era o chefe de uma hierarquia de deuses de uma mitologia politeísta, às vezes Henoteísta.
Pois bem, numa época mais remota ainda, antes dos indo-europeus que deram origem a todos os povos europeus atuais( incluindo Gregos e Romanos, Eslavos, Germânicos, etc...) iniciarem suas marchas migratórias rumo à Europa , viviam primordialmente numa região remota onde hoje está localizada a Ucrânia há mais ou menos 4.000 a 5.000 a.C. Eram considerados segundo a tradição judaica como Jafetitas ou descendentes de Jafet o último filho de Noé.
No livro  “O deus dos indo-europeus-Zeus e a proto-religião dos indo-europeus” de Dom João Evangelista Martins Terra , que foi bispo-auxiliar emérito da Arquidiocese de Brasília, aponta-se o fato de que a religião primitiva indo-europeia tinha traços exclusivamente monoteístas, muito antes dela contaminar-se com politeísmos, xamanismos , etc... Através de estudos comparativos na linguística descobriu-se que todos os idiomas de origem europeia se originaram dentro de um clã tribal original em que era falado uma proto-língua, e havia também uma proto-religião. Foi descoberta então a origem da palavra Zeus ou Júpiter que significava na linguagem antiga comum primitiva * Dyeu-Pater -  literalmente “ pai do céu”. Dyeu-pater evolui para o grego Zeus, para o latim Deus, dius, divus , Iovis Pater até Júpiter. Em hitita, Sin ou Siuni; em etrusco Tin, Tínia ; em Germânico  , Tivar, Tyr, Teiwaz (variação de Deiwos); em eslavo, divo; em celta-irlandês, Dia , Dove; em Trácio, Dei ou Zis; em indiano Dyaus-Pitah (Deus Pai).A própria palavra DEIWOS ou DYEUS ( derivado da raiz Di= iluminar) significa “céu diurno” ou  “ o Ser Celeste ”. O céu (caelum), a abóbada celeste iluminada, foi o símbolo que o indo-europeu escolheu para expressar a divindade.Este símbolo representa ao mesmo tempo imanência, onipresença e a transcendência de Deus. É ao mesmo tempo envolvente em todas as partes (imanente) e também intimamente distante ou inatingível. Por mais alto que eu me eleve, nunca consigo tocar o céu. Não quer dizer que não se pode atingir por meio de orações , louvores , hinos , cantos, etc... pois isso se alcança através da fé, mas demonstra o quão poderoso ELE É.
Diferentemente de DEIWOS ou DYAUS que representam certo distanciamento e respeito , temos os termos PITAR, PITAH e PATER que exprimem a sua proximidade, a sua amorosidade. Pater (pai) não é somente fonte de vida, mas também amor e é uma pessoa com quem se pode dialogar na oração.
Também entre os pensadores gregos antigos vemos nomes especiais atribuídos a Zeus devido sua importância maior frente aos outros deuses. Temos expressões como: “ a causa de tudo ”,  ou quando Sócrates estava para morrer antes de beber a cicuta teria dito: “ Causa das causas não causada tenha pena de mim ” ; de Hélio Aristides “ Zeus é autor do universo: o céu, a terra e tudo o que ela contém ”;  outras como:  “ Zeus é o fabricante, pai e protetor do cosmo” de Epíteto. Para Ésquilo “ Zeus é o éter, é a Terra, é o Céu, é o todo e tudo aquilo que é e é mais elevado ainda.” Quer dizer que Deus está em tudo, na criação toda mas não que tudo é Deus, a natureza , os animais , as plantas , as pedras são deuses. Este é um conceito errôneo que vem do Panenteísmo.
O próprio Jesus se referiu a Deus dizendo que : “Eu estou no Pai e o Pai está em mim." (João 14,11) e também “O Pai e eu somos um.” (João 10,30)  afirmando a imanência divina do Pai e sua relação divina com o Filho. Em João 14:26 — Jesus fala do Espírito Santo, que será enviado pelo Pai, em seu próprio nome, isto é de Cristo, claramente se referindo à Trindade. Também o verbo empregado no início da criação “Façamos o homem.....quer dizer que Deus também está na pluralidade. Jesus também disse uma vez: “Eu garanto a vocês: antes que Abraão existisse, Eu Sou". (João 08,58) – falando o pronome no presente e afirmando sua existência eterna , mesmo antes de encarnar-se o Verbo. Os Judeus se referiam à Deus com um termo abstrato , inominável , quase nunca pronunciado:        Yaveh ou Yehová   ( “Eu Sou Aquele que Sou – Êxodo 3,14-15) ”,  - frase pronunciada ante Moisés no Monte Sinai) conforme determinada tradição rabínica, ou seja, Eu sou aquele que vocês já sabem , de grande poder e glória.
·          No Egito Antigo o Faraó Akhenaton (o que agrada a Aton ou Atum, o Sol) na XVIII dinastia em 1300 a.C., decretou que haveria apenas um deus, o “SOL”, trocou o nome do então deus-sol  “Rá” por "Aton", desprezando todos os demais deuses do antigo Egito. Ele foi considerado um monarca herege. Porém milênios antes de Amenófis IV (Akhenaton), o deus  PTAH assim como Júpiter, Zeus, Anu ou Odin foi o maior dos deuses na cosmogonia menfita, criador de Rá, conhecido como “deus da virilidade, o SOL do meio-dia” (O Pai todo poderoso). Rá deu origem a Shu (o calor, a luz e perfeição), pai de Geb, que foi pai de Osíris, que por sua vez foi pai de Hórus, todos como deuses que representavam o poder do SOL ( a coisa mais poderosa que se vê no céu ). O próprio nome EGITO derivou-se do grego Aegyptus significando em egípcio antigo“ HETKAPTAH” ou seja “ A mansão ou moradia da alma de Ptah” o deus maior onipotente. Lógico que depois vieram outras cosmogonias com deuses diferentes no cargo de superiores, assim como Rá, Osíris, Hórus, Amon, etc...
·         Antes de PTAH os egípcios acreditavam em um Único Deus que criou e concebeu a si mesmo, e que era imortal, invisível, eterno, onisciente, todo-poderoso. Este Único Deus nunca era representado, apenas suas funções e atributos de seu domínio eram representados. Estes atributos eram chamados de NETERU (plural de neter, no masculino e neteret, no feminino). O termo deuses é uma representação incorreta do termo egípcio neteru. Para eles, somente é possível definir Deus através da multiplicidade de "seus" atributos/qualidades. A confusão gerada pelos sacerdotes egípcios desde a época arcaica e pré-dinástica deu origem à diversificada religião egípcia que ficou politeísta , antropomórfica e antropozoomórfica ( diversificada, com características humanas e animais) tudo por acharem que os atributos ou características de Deus eram novas personificações ou seres divinos. Portanto os Neterus são atributos/características de um Deus ÚNICO , assim como chamamos nas religiões cristãs de Deus onisciente, onipresente e onipotente dentre outros. A noção de várias divindades foi um acontecimento histórico falho.Isto não aconteceu somente no Egito, mas também na Babilônia , Suméria, na Europa antiga em geral, na Índia, entre os povos americanos também Astecas, Maias e Incas até nos povos da Oceania e África.
Exemplos de Neteru egípcios primordiais(existem genealogia entre os deuses):
Nun • Atum • Amon • Aton • Rá • Ka • Ptah
Neteru geradores:
Chu(calor, perfeição) • Tefnut( umidade, ar) • Geb (terra)• Nut( céu)
Neteru da primeira geração:
Osíris • Ísis • Seth • Néftis
Neteru da segunda geração:
Hórus • Hathor • Toth • Maat • Anúbis • Anuket • Bastet • Sokar
Outros neteru:
Mafdet • Nekhbet • Serket • Sobek • Meretseguer • Iah • Montu • Uadjit • Bes • Hapi
Animais sagrados:
Ápis • Ammit • Mnévis • Benu
Humanos deificados:
Amen-hotep • Imhotep
Conceitos e elementos:
Alma egípcia • Ankh

Eis algumas da mitologias consideradas politeístas, impossível referenciar todas aqui no artigo.
Podemos perceber outros casos e ocasiões em que os relatos do Gênesis são mencionados em outras mitologias e se percebem resquícios ou partes dele nelas . A queda dos anjos(gigantes), que na Torá são chamados de Nefilins, na Mesopotâmia chamados de Anakins ou AnnunakisFilhos do deus Anu ( estes muitas vezes interpretados erroneamente com extraterrestres), na Grécia,  os Atlantes ou filhos do deus Atlas. Dá para entender aqui que a filiação dos anjos necessitava de uma obediência hierárquica e sua submissão perante Deus. Mas no princípio, surge um atrito comentado numa história lendária. Uma guerra que se deu no início dos tempos e da própria criação do universo e da Terra. Essa guerra cósmica foi entre DEUS e os anjos bons liderados por São Miguel Arcanjo, contra Lúcifer e a terça parte dos anjos do céu que se rebelaram contra o Altíssimo. O grito de rebeldia de Lúcifer foi: “Non serviam tibi”, ou “Não te servirei”, sendo reprimido pelo brado do arcanjo Miguel que teria dito: "Mi Ha El", “Quem é como Deus? ”. Nesta escaramuça, os anjos maus foram expulsos da morada do Pai e precipitados na terra e no inferno (tártaro).
Na mitologia grega existem genealogias de deuses, que assumem o posto maior quando destronam um deus principal ou quando destronam um deus que é pai e genitor dos outros deuses. Algumas pequenas semelhanças podemos observar em relação ao evento cósmico-espiritual do embate entre Deus e os anjos caídos, ou seja, criaturas querendo ocupar o lugar do Criador. Está no exemplo do deus Urano(céu) que se relacionou com a deusa Gaia(terra) e teve vários filhos conhecidos como Titãs, entre eles Cronos(tempo). Urano, após uma luta com o deus Cronos seu filho , acaba sendo castrado por ele e impedido de ter mais filhos sendo destronado em seguida. Este por sua vez, no momento em que sua esposa a deusa Réia dava a luz seus filhos, este ia aos poucos os devorando com medo de que lhe roubassem futuramente o trono. Mas quando estava para nascer Zeus, sua mãe se escondeu em uma ilha e depois ofereceu para Cronos uma pedra enrolada numa toalha para este engolir sem perceber. Mais tarde já crescido, Zeus dá uma bebida mágica a Cronos e este vomita todos os seus irmãos , que depois farão parte também dos deuses do Olimpo. Zeus organiza uma luta contra Cronos e os Titãs, e vence , ganhando o cetro e ocupando então, o lugar maior entre os deuses. Os Titãs e outros seres fantásticos como os gigantes, hecatônquiros, etc... são aprisionados no tártaro para que não tentassem mais tirá-lo do trono. Algo similar vemos entre os deuses nórdicos onde Loki pretende desbancar Odin, usurpar seu lugar e Thor ( filho bom de Odin ) está ali para combatê-lo.  
Existe uma tradição, inclusive encontrada nos livros apócrifos descobertos na caverna de Qumram perto do Mar Morto, em que se comenta que estes anjos caídos (demônios) haviam procriado com as mulheres que dentre a humanidade eram as mais belas do mundo da época, gerando seres gigantes e de muita fama sobre a Terra, sendo destruídos por um Dilúvio. Daí provém as lendas dos heróis antigos afamados e de grande força como  Hércules, Guilgamesh, dos Ciclopes, de Nimrod (construtor de Babel) o primeiro ditador do mundo pós-diluviano,  dos Atlantes e Rafaítas bíblicos ( Genesis cap. 6 e e Judas cap. 1 , 6-7) . Casos como a luta fratricida entre os deuses egípcios Set e Osíris( este após sua morte torna-se senhor do submundo, o mesmo que inferno ou tártaro) sendo substituído depois por seu filho Hórus que recupera a ordem cósmica. Uma referência contrária , à luta fratricida bíblica entre Caim e Abel onde Caim é o mau e Abel o filho bom e assassinado, substituído por outro filho bom Set (contrário ao Set egípcio que é mau).Mas porque esta inversão de papéis? Pois o Set judaico-cristão vem da tradição religiosa semita diferente da tradição religiosa de descendência Camita (de Cam - filho de Noé) dos Egípcios; estes, porém descendentes da cultura religiosa de Caim.  Caso parecido envolvendo irmãos acontece entre Quetzalcoatl e Tezcatlipoca na mitologia Asteca. 
As origens dos deuses do politeísmo vem de pessoas que outrora produziram feitos fantásticos sobre a Terra em suas épocas e, uma vez endeusados pelo povo comum  passaram a fazer parte de suas cosmogonias e panteões religiosos. A própria psicologia explica este caso quando fala das figuras paternalistas e maternais presentes no inconsciente coletivo das tribos que deram origem às diversas representações de deuses associados à figura do pai da tribo ou ancestral (totem) mais importante ou ainda à mãe-velha, muitas vezes assim chamadas representando a terra (Geb ou Gaia). Mas a psicologia , a filosofia e o senso comum não podem explicar tudo também , por isso devemos recorrer às considerações dentro da teologia.  
Não se pode descartar a influência espiritual maléfica dos anjos caídos que também podem ter inspirado nos homens de pouca fé, cultos baseados no animismo, bruxaria, panteísmo, politeísmo e sacrifícios humanos, o que foi uma degradação religiosa inquestionável. Queriam ser eles mesmos adorados sob os epítetos de Moloch,  Baal , Astarte, Marduk, Rá, Set , Ishtar, Semiramis, Ninrod, Enlil, Enki, Marte, Tezcatlipoca, Ometeotl,  etc... no intuito de afrontarem a DEUS e proclamarem seu domínio ante as coisas terrenas e ignominiosas, fazendo dos homens escravos de suas mais variadas manifestações e crendices religiosas. Práticas abomináveis e de afronta até contra as leis naturais universais, como o sacrifício humano aos menores indefesos praticado na antiguidade e a adultos, praticas de bruxaria e adivinhações sem maiores sentidos, encantamentos e sortilégios e as mais variadas formas de espiritismo , todas condenadas ainda no Velho Testamento.  (Levítico 19, 31) e (Deuteronômio 18, 10-11)
Enfim, procurou-se aqui apresentar evidências de um monoteísmo mesmo que velado nas mais importantes religiões e mitologias da antiguidade. Não foi possível aqui reunir todas, pois o artigo não pretendia ser muito longo, não descartando o projeto de um futuro livro quem sabe. É importante trazermos essa temática do artigo por saber que a maioria das pessoas tem um conhecimento superficial e leigo do assunto, até por não terem tempo de dedicar-se à essa forma de leitura. Foi de maneira agradável e ciente que expus algumas ideias acerca da complexidade que é este assunto vinculado à religião. Não se pretende aqui forçar ninguém a acreditar em algo ou direcionar para algo, mas fazer com que o germe da curiosidade e da consciência crítica sejam colocados para reflexão, o que sempre foi e será uma coisa benéfica. Não temos as respostas para tudo e nem é para isso que o homem está no mundo, mas através de pequenas porções de verdade chegar sempre à verdade maior que é DEUS. Os povos antigos faziam isso através de suas mitologias e cosmogonias,  e mesmo que às apalpadelas, às vezes sem querer , encontraram respostas parciais e normas de boa conduta dentro de sua sabedoria tribal, comunitária e tradição sacerdotal.O próprio Velho Testamento que foi muito importante para a tradição judaico-cristã foi complementado pelo Novo Testamento e pela mensagem de amor , afetividade, retidão e compromisso dada por Jesus Cristo !!!!

“ Todas as lendas e histórias mitológicas tem uma origem real e verdadeira que foi distorcida ao longo dos milênios pelos diferentes povos !!!! O monoteísmo tem os pré-requisitos necessários para ser a mais antiga forma de manifestação religiosa do mundo.O mito poderá até ser uma realidade subjetiva, mas a verdade é uma só, e ela pode ser identificada atenciosamente nos diferentes textos sagrados.

 O Gênesis possui portanto em suas entrelinhas, um relato fiel em linguagem humana mediana e um legado cultural humano imenso reunido. É sério candidato ao posto de texto religioso mais antigo do mundo porque veio sendo construído e passado oralmente de geração em geração por milhares de anos ” !!!!



 REFERÊNCIAS:

“O Gênesis e o Big Bang”: Schroeder, Gerald L. Editora Cultrix.São Paulo, 1990.
“O Deus dos Indo-Europeus - Zeus e a proto-religião dos Indo-Europeus”: Terra, João Evangelista Martins.Edições Loyola, 2ª edição.São Paulo, 2001.
“A bíblia sem mitos - uma introdução crítica”: Arens, Eduardo. Editora Paulus, 3ª edição. São Paulo, 2007.
“O continente perdido de MU”: Churchward, James. Editora Hemus, 3ª edição.São Paulo, 2003.