sexta-feira, 5 de abril de 2013

A ESCRITA FENÍCIA


                     Alfabeto fenício e seu correspondente em aramaico.Fonte: universotrade.blogspot.com


 Cristiano De Mari


RESUMO


O alfabeto fenício surge a aproximadamente 1500 a.C.,resultando em uma forma simples de escrita,que revolucionaria a antiguidade.Na história o homem sempre sentiu necessidade de registrar cenas do seu cotidiano e de sua imaginação ,através de pinturas rupestres, de caracteres pictográficos e ideográficos.Isso através dos séculos sofre um processo de evolução dos vários tipos de grafias até um sistema adequado de escrita que transmitisse ao leitor satisfação ao identificar nas palavras um valor de conotação mais significativo da idéia de quem escrevia.A simplificação dos caracteres pelos escribas fenícios também proporcionou agilidade ao escrever e melhorou o raciocínio.Assim o homem se beneficiou com este alfabeto, que se tornou comum quase em todo o mundo, tanto quanto os  algarismos arábicos seriam para a representação numérica.

Palavras-chave: Caracteres; Escrita fonética; Alfabeto latino.

1 INTRODUÇÃO

Para o homem antigo o processo que o levaria às primeiras formas de escrita, deu-se no momento que ele processou em seu cérebro o dom da fala, emitindo sons que expressassem uma idéia, um objeto, um símbolo, uma força da natureza, uma divindade.

É certo que para o homem a expressão da linguagem nunca fora um obstáculo.A maior dificuldade era sim, representar por sinais simbólicos as idéias abstratas ou não, para um registro com caracteres a serem escritos.


2 O SURGIMENTO DA ESCRITA

A escrita surge na Mesopotâmia a  4000 a. C., com o desenvolvimento dos pictogramas em ideogramas cuneiformes.Para se ter uma idéia de como os pictogramas eram grafados  por sinais particulares damos três exemplos: a palavra “homem” era representada por um sinal vertical; “mulher” era representada por um triângulo cortado verticalmente; duas flechas podiam indicar “batalha ou caça”.

Ao perpetuar esses sinais gráficos para a sua realidade mental-verbal, surgem os logogramas e ideogramas, representando palavras e idéias.Temos na escrita cuneiforme e nos hieróglifos egípcios essa combinação de ideogramas, pictogramas e algumas letras de forma alfabética.


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Assim, o processo de escrever tornava-se difícil, dados os inúmeros sinais empregados, na formulação de uma frase.Esses sinais, cerca de 3000 a.C., eram num total de 2000 caracteres que nos séculos seguintes foram se reduzindo chegando a 300.O sistema de escrita chinesa  chegou a contar com 40000 caracteres ideográficos.

Contudo a atividade de escrever não era somente restrita aos escribas, embora fosse exclusiva deles.Essa classe privilegiada servia tanto a reis como a sacerdotes.

Escavações arqueológicas em Ur, na antiga Caldéia, comprovaram a existência de escolas onde se aprendia leitura, escrita, aritmética, geografia, a mais de 2500 a.C.


3 A  ESCRITA FONÉTICA

Os fenícios e os hebreus foram os primeiros a  abandonar o sistema  picto-ideográfico  para o alfabeto fonético.

Quando o homem sentiu necessidade de fixar enunciados verbais com precisão, teve de desenvolver uma escrita específica.Não poderia utilizar uma notação pictográfica – que não é escrita propriamente dita – porque representa figurativamente objectos e cenas visuais; nem uma escrita ideográfica, que utiliza signos de origem pictográfica para representar idéias e sentimentos, e não palavras; era necessário dispor de um sistema de escrita baseada nos sons orais: os fonogramas.( Bacelar, 2007 )

O fonetismo aproximou, portanto, a escrita de sua função natural que é a de interpretar a língua falada, a língua oral, a língua considerada como som.Dessa forma o sinal se libertaria do objeto e a  linguagem readquiriria a sua verdadeira natureza que é oral.( WIKIPÉDIA, 2007)


4 OS FENÍCIOS

Os fenícios também chamados na Bíblia de sidônios, eram canaanitas e habitavam uma estreita faixa de terra no litoral da Palestina, onde hoje se localiza o Líbano.Suas principais cidades eram Tiro, Sídon e Biblos.

O nome fenício , deriva do grego “Φοινίκη Phoiníkē , que significa “ púrpura ou roxo”, devido a cor das roupas usadas por seus marinheiros.


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Como o seu território não era propício para a agricultura por causa do relevo, tornaram-se grandes navegadores e comerciantes, fundando várias colônias ao longo do Mar Mediterrâneo, que se transformaram em entrepostos comerciais.

Para isso necessitavam de uma forma de escrita mais prática e singular para controlar suas atividades comerciais.

5 O ALFABETO

Em 1929, um arqueólogo francês escavou em Ras Shamra, antiga cidade fenícia de Ugarit, várias tábuas cuneiformes onde apresentavam um alfabeto composto por 30 caracteres distintos, que mais tarde se desenvolveu no proto-alfabeto fenício constituído por  22 signos, todos consoantes.

Como as vogais não eram escritas, cabia ao leitor completar os vocábulos de acordo com o seu sentido.Desse modo, o nome da cidade de Ugarit  poderia ser grafado com as letras G R T.

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             Do mesmo modo os semitas seus vizinhos como arameus e hebreus não utilizavam vogais. Os hebreus   que eram  monoteístas grafavam o nome de DEUS  como “YHVH ” ou  no seu alfabeto ( *acima nas quatro letras) que era escrito da direita para a esquerda.Era considerado como o tetragrama sagrado.Só posteriormente os eruditos judeus mais conhecidos como massoretas acrescentaram vogais e aí teríamos " YAVEH ".

É certa a influência do alfabeto fenício  nas línguas semíticas como a árabe e a  judaica.
Os gregos que estavam sempre em contato com os fenícios, também por estarem ligados ao mar, tomaram conhecimento de seu alfabeto nas transações comerciais  e o  adaptaram  para a sua língua indo-européia, aperfeiçoando-o, passando a ser composto por 24 letras, entre vogais e consoantes.

Apartir do alfabeto grego surgiram outros, como o etrusco ( até hoje não decifrado) ; e o latino, que com a expansão do Império Romano, se impôs como língua universal em todas as suas províncias, e através da Idade Média se expandindo para todo o ocidente depois na era dos descobrimentos e do colonialismo em alguns países africanos a asiáticos.

Atualmente a maioria dos países do mundo utiliza esta forma de alfabeto.


6 CONCLUSÃO


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O homem do neolítico devia seguramente se expressar de alguma forma entre seus semelhantes sem problema nenhum ao realizar as tarefas coletivas do seu cotidiano, não sendo necessário uma forma de escrita, embora ele sempre foi capaz de se expressar por meio de pinturas e símbolos.

Como sua preocupação maior era a da sobrevivência, na busca de alimentos através da agricultura e na sua proteção edificando casas cada vez melhores, não se entretinham tanto em atividades intelectuais; eram mais práticos  e  procuravam um modo de viver simples.A erudição começa quando ele encontra tempo para se dedicar a essas atividades.E isso acontece com o surgimento das primeiras grandes civilizações.

A escrita  antes do surgimento do alfabeto fenício era basicamente pictográfica e ideográfica, no Oriente médio representada pela escrita cuneiforme e no norte da África  pela escrita hieroglífica.Eram consideradas as principais na sua época, ou seja, de uso social e intelectual.

O  surgimento do alfabeto fenício simplificou e deu mobilidade à escrita.Graças a essa mudança, saber ler e escrever tornou-se uma habilidade ao alcance de um número maior de pessoas.

É importante ressaltar que o alfabeto latino, derivado do fenício teve maior abrangência na Europa, na América, com as colônias inglesas, espanholas e portuguesas.No oriente ainda predominam  escritas ideográficas como a chinesa, japonesa, coreana, hindu ; e outros alfabetos de caracteres diferentes como o árabe; o judaico ; o cirílico, etc...


7 REFERÊNCIAS

BACELAR, JORGE.A linguagem e a escrita. Disponível em: <http://simaocc.home.sapo.pt/e-biblioteca/pdf/agraficas_texto1.pdf>.Acesso em: 31 out. 2007.

WIKIPEDIA.Fenícia.Disponível em:<http://pt.wikipedia.org>.Acesso em:03 nov. 2007.

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